Presidente da República lamenta saída do país
de jovens com elevadas qualificações
O Presidente da República sublinhou a
importância da educação e da qualificação, considerando que ninguém se deve
deixar «aprisionar pelas condicionantes de um presente muito difícil».
«Nos tempos conturbados que o país atravessa, em
que os níveis de desemprego não poupam os mais qualificados, ninguém deverá
pensar, todavia, que não vale a pena estudar, porque isso já não lhe garante
uma oportunidade de emprego», afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva,
no final de um encontro da associação Empresários Pela Inclusão Social (EPIS),
que decorreu no Palácio de Belém, citado pela Lusa.
Pelo contrário, preconizou, «o tempo deve ser
aproveitado para ir mais longe, para acumular competências, para estudar e
aprender», pois a única certeza que existe é que quem menos estudou está entre
«os mais desfavorecidos num mundo de grande competição e exigência».
«A educação é o fermento do progresso e do
desenvolvimento. Se Portugal esmorecesse no esforço para elevar os níveis de
educação dos seus cidadãos, em particular dos jovens, esse desperdício
constituiria um novo fator de agravamento da pobreza», disse, notando que
Portugal é um dos países com maior retorno do investimento em educação.
O chefe de Estado reconheceu, contudo, que, «com
toda a razão» se pode lamentar a saída de jovens do país, por não encontrarem
trabalho em Portugal.
Porém, frisou, se alguma coisa «os pode amparar» é
que o seu nível de qualificações lhes permite serem valorizados em qualquer
parte do mundo.
«Ninguém pode perder de vista a efetiva
importância da educação, ainda que, por circunstâncias do imediato, ela possa
surgir menos evidente. Quanto pior não seria o panorama social de hoje se os
nossos jovens não dispusessem de bons níveis de escolaridade para poderem
aceder ao mercado e procurar o seu caminho profissional», enfatizou, defendendo
que é preciso olhar para o futuro.
«Não nos deixemos aprisionar pelas condicionantes
de um presente muito difícil», acrescentou.
Falando perante membros da EPIS, autarcas, alunos
e dirigentes de instituições envolvidas nas atividades da associação, Cavaco
salientou a importância do envolvimento da sociedade civil na promoção da
inclusão social através do estímulo à educação.
«No contexto das grandes dificuldades com que o
país se confronta», a sociedade civil mais intensamente é chamada a suprir os
poderes públicos, de forma a evitar ruturas sociais e quebra de valores que não
podem ser abandonados, alertou o chefe de Estado.
Desta forma, referiu, é fundamental que haja «um
novo impulso coletivo de organização e ação pela justiça social e pela
integração, sem o qual as desigualdades irão acentuar-se».
Na sua intervenção, o Presidente da República
enalteceu ainda a «iniciativa de grande mérito» da EPIS, destacando o trabalho
desenvolvido em torno do combate ao abandono e ao insucesso escolares enquanto
via privilegiada de combate à exclusão social, combinando a visão empresarial e
de cultura cívica.
«São muitas e muito meritórias as atividades em
execução, com destaque para a ação de proximidade desenvolvida pelos mediadores
para o sucesso escolar, focalizados nos jovens e nas famílias de risco»,
destacou, saudando ainda o alargamento da ação da EPIS ao apoio à inserção
profissional dos jovens, através da atribuição de bolsas para estágios em empresas.
No final do discurso, o chefe de Estado dirigiu-se
diretamente aos jovens interpelando-os para que aproveitem as oportunidades de
estudar.
«Não poupem esforços, não desistam, não
desperdicem o que está hoje ao vosso alcance e que dará os seus frutos quando
mais precisarem», disse.
TVI24
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