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domingo, 24 de fevereiro de 2013

A Preocupação com os Outros



Sem pensar na recompensa, o Bom Samaritano da Bíblia interrompe o seu caminho para ajudar um homem que fora espancado e roubado. É esta a essência do altruísmo: auxiliar quem precisa sem esperar nada em troca.

Para muitos especialistas do comportamento humano, tal atitude é um paradoxo. Os comportamentalistas pensam que fazemos uma coisa,  porque obtemos ou esperamos obter uma recompensa; da mesma forma, não praticamos determinado acto porque acarretaria custos demasiado altos. Chama-se a isto o modelo recompensa/punição do comportamento humano.

Alguns psicólogos argumentam que as pessoas recebem uma recompensa oculta pelo seu altruísmo. O benefício é sentirem-se bem consigo próprios e evitarem a culpabilidade que resultaria por não terem ajudado. Este argumento tenta preservar o modelo recompensa/castigo, explicando simultaneamente o paradoxo do altruísmo, mas ignora algumas questões importantes, como a origem dos sentimentos de gratidão ou de culpa e a razão por que certas pessoas são mais altruístas que outras. Talvez o aspecto mais flagrante seja o facto de não conseguir explicar porque motivo nos sentimos bem só por sabermos que alguém está a ser ajudado, mesmo quando nada temos a ver com essa ajuda e ninguém no-la pediu.

Embora utilizada frequentemente como sinónimo de compaixão ou ajuda, a palavra «empatia» não define, realmente, nem o comportamento moral bom (ou mau), mas simplesmente a capacidade de sentirmos aquilo que outra pessoa sente.

Por exemplo, um menino no infantário pode ficar emocionado se um colega leva uma pancada na cabeça e começa a chorar, porque sabe quanto dói essa pancada. Mas, só porque sentiu empatia, a sua emoção seguinte não é necessariamente de compaixão: tanto pode dar ao companheiro que chora uma palmadinha de conforto, como desinteressar-se rapidamente sem manifestar a sua solidariedade.

Certas amizades desproporcionadas, como as que podem existir entre professor e aluno, entre médico ou enfermeiro e doente, talvez não sejam tão desiguais como parecem.

Na opinião de Freud, as pessoas de estatuto superior podem sentir-se recompensadas só por verem que a sua actividade proporciona um melhor bem-estar a outros. Além disso, as pessoas podem procurar relacionamentos desiguais, mas gostam de desempenhar o papel da que precisa de apoio, outras de se comportar como se fossem «pais ou mães» e procurar amigos ainda com mais problemas que eles próprios têm, ou cheios de defeitos óbvios que possam «corrigir».

Termino deixando uma pergunta: «Pode corrigir-se a solidão no seio da multidão»?

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