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domingo, 26 de junho de 2011

Há que aplicar, cá, muitas destas medidas, já!



España, modificaciones que sugieren para la crisis


España debe bajar su déficit en 9,4 puntos porcentuales en la próxima década, una de las reducciones más drásticas del mundo, según el Fondo Monetario Internacional que además pide un recorte en las prestaciones sanitarias de nuestro país para reducir la deuda.

Ha llegado el momento de coger el toro por los cuernos y recortar primero:

ELIMINAR EL SENADO, ES UNA CÁMARA INÚTIL, DICHO POR LOS MISMOS SENADORES: NORUEGA, SUECIA, DINAMARCA, NO TIENEN SENADO, ALEMANIA SÓLO 100 SENADORES, EE.UU. UN SENADOR POR CADA ESTADO. LOS GRANDES TEÓRICOS DEL DERECHO INTERNACIONAL Y CONSTITUCIONAL (DUVERGER, JELLINEC, ETC.) OPINAN QUE ES UNA CÁMARA INNECESARIA, PRESCINDIBLE Y QUE ESTÁ EN EXTINCIÓN. ESPAÑOLES: ¿POR QUÉ TENEMOS QUE MANTENER A 260 GANSOS, INÚTILES, UNA CÁMARA ESTÉRIL, VACÍA DE CONTENIDO, YA PASADA DE MODA.

¡¡ FUERA EL SENADO, YA !! ELIMINÁNDOLO NOS AHORRAREMOS 3.500 MILLONES ¤ CADA AÑO.



ELIMINAR LA PENSIÓN VITALICIA DE TODOS LOS DIPUTADOS, SENADORES Y DEMÁS "PADRES DE LA PATRIA".


REVISAR LOS SUELDOS DE LOS ALCALDES QUE SE PONEN LOS SUELDOS QUE LES DA LA GANA.

CAMBIAR LAS LEYES Y, ADEMÁS DE CÁRCEL PARA LOS LADRONES, OBLIGAR A LOS POLÍTICOS QUE HAN ROBADO Y DEMÁS "ADJUNTOS", A QUE DEVUELVAN EL DINERO A LAS ARCAS DE LAS COMUNIDADES DE DONDE HA SIDO ROBADO.
SÓLO ENTONCES SE LES FACILITARÁ FECHA DE JUICIO Y NUNCA ANTES.

Eliminar TODOS los coches oficiales (cosa que se hizo hace 40 años en los Pactos de la Moncloa y funcionó, "no es posible que tengamos más coches oficiales que USA").

Anular TODAS las tarjetas VISA oficiales (que cada uno baile con su pañuelo) y poner en la calle a TODOS los "cargos de confianza" (tenemos funcionarios de sobra para encargarse de esas labores).

TODOS los diplomáticos excepto un embajador y un cónsul en solo ciudades de mayor población en cada país. ("No es posible que malgastemos en esto más que Alemania y el Reino Unido").

Con eso, y con rebajar un 30% las partidas de los PRESUPUESTOS GENERALES DEL ESTADO (adiós "transferencias a sindicatos, partidos políticos, OCEOE, fundaciones opacas,aviadores y chupópteros varios") se ahorrarían mas de 45.000 millones de Euros, no haría falta tocar las pensiones y los sueldos de los funcionarios. Tampoco haría falta recortar 6.000 millones de Euros en inversión pública.

Congelar las pensiones es injusto, es desconocer unos derechos adquiridos, condenar al hambre a muchos de aquellos que merecen nuestro respeto.
Reducir el sueldo de los funcionarios es injusto, es desconocer unos derechos adquiridos de trabajadores muchos de los cuales también merecen nuestro respeto.

¡¡CON LA MITAD DEL DINERO QUE SE RECAUDARÍA CON ESTAS MEDIDAS, SE ACABABA LA CRISIS DE CUAJO !!!!

¡¡¡¡¡¡¡PASALOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!

OOOOLÉÉÉÉ !!!...







l
e
m
p
o

Porto
Portugal
Europa
Terra
Solar
Via Láctea

UmaGaiolaChamadaUniverso

sábado, 25 de junho de 2011

APELO NACIONAL



DIVULGAR… Este Apelo Nacional!

Portugal Afundou... (!)

Queres que aconteça um milagre económico no nosso país?
Então deixa-te de seguir dissertações de economistas ao serviço de interesses, que não os nossos! Não te deixes mais manipular pelo marketing!

Faz aquilo que os políticos, por razões óbvias, não te podem recomendar sequer, mas que individualmente podes fazer:

Torna-te PROTECCIONISTA da nossa economia!

Para isso:

1. Experimenta comprar preferencialmente produtos fabricados em Portugal. Experimenta começar pelas idas ao supermercado (carnes, peixe, legumes, bebidas, conservas, preferencialmente, nacionais).
Experimenta trocar, temporariamente, a McDonalds, ou outra qualquer cadeia de fast food, pela tradicional tasca portuguesa. Experimenta trocar a Coca-cola à refeição, por uma água, um refrigerante, ou uma cerveja sem álcool, fabricada em Portugal.

2. Adia por 6 meses a 1 ano todas as compras de produtos estrangeiros, que tenhas planeado fazer, tais como automóveis, TV e outros electrodomésticos, produtos de luxo, telemóveis, roupa e calçado de marcas importadas, férias fora do país, etc., etc...

Lê com atenção e reencaminha para que sejamos muitos a ter esta atitude!

Portugal afundou, somos enxovalhados diariamente por considerações e comentários mais ou menos jocosos vindos de várias paragens, mas em particular dos países mais ricos. Confundem o povo português com a classe política incompetente e em muitos casos até corrupta que nos tem dirigido nos últimos anos e se tem governado a si própria.
Olham-nos como um fardo pesado incapaz de recuperar e de traçar um rumo de desenvolvimento.

Agora, mais do que lamentar a situação de falência a que Portugal chegou, e mais do que procurarmos fuzilar os responsáveis e são muitos, cabe-nos dar a resposta ao mundo mostrando de que fibra somos feitos para podermos recuperar a nossa auto-estima e o nosso orgulho.
Nós seremos capazes de ultrapassar esta situação difícil. Vamos certamente dar o nosso melhor para dar a volta por cima, mas há atitudes simples que podem fazer a diferença.

O desafio é durante seis meses a um ano evitar comprar produtos fabricados fora de Portugal. Fazer o esforço, em cada acto de compra, de verificar as etiquetas de origem e rejeitar comprar o que não tenha sido produzido em Portugal, sempre que existir alternativa.

Desta forma estaremos a substituir as importações que nos estão a arrastar para o fundo e apresentaremos resultados surpreendentes a nível de indicadores de crescimento económico e consequentemente de redução de desemprego. Há quem afirme que bastaria que, cada português, substituísse em somente 100 euros mensais as compras de produtos importados, por produtos fabricados no país, para que o nosso problema de falta de crescimento económico ficasse resolvido.

Representaria para a nossa indústria, só por si, um acréscimo superior a 12.000.000.000 de euros por ano, ou seja uma verba equivalente à da construção de um novo aeroporto de Lisboa e respectivas acessibilidades, a cada 3 meses!!!

Este comportamento deve ser assumido como um acto de cidadania, como um acto de mobilização colectiva, por nós, e, como resposta aos povos do mundo que nos acham uns coitadinhos incapazes.

Os nossos vizinhos Espanhóis há muitos anos que fazem isso. Quem já viajou com Espanhóis sabe que eles, começam logo por reservar e comprar as passagens, ou pacote, em agência Espanhola, depois, se viajam de avião, fazem-no na Ibéria, pernoitam em hotéis de cadeias exclusivamente Espanholas (Meliá, Riu, Sana ou outras), desde que uma delas exista, e se encontrarem uma marca espanhola dum produto que precisem, é essa mesma que compram, sem sequer comparar o preço (por exemplo em Portugal só abastecem combustíveis Repsol, ou Cepsa). Mas, até mesmo as empresas se comportam de forma semelhante!

As multinacionais Espanholas a operar em Portugal, com poucas excepções, obrigam os seus funcionários que se deslocam ao estrangeiro a seguir estas preferências e contratam preferencialmente outras empresas espanholas, quer sejam de segurança, transportes, montagens industrias e duma forma geral de tudo o que precisem, que possam cá chegar com produto, ou serviço, a preço competitivo, vindo do outro lado da fronteira.

São super proteccionistas da sua economia! Dão sempre a preferência a uma empresa ou produto Espanhol! Imitemo-los nós no futuro!

Passa este texto para todos os teus contactos para chegarmos a todos os portugueses.

Quando a onda pegar, vamos safar-nos.
Será um primeiro passo na direcção certa

lélio mgalhães pinto de oliveira

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Pedidos do cão-guia

«Olá! Sou o cão-guia e quero dizer-lhes como devem agir quand me encontrar acompanhado do meu amigo cego. Antes de mais nada, saibam que sou um cão de trabalho e não um animalzinho de estimação. Quanto mais me ignorarem, melhor será para o meu amigo e para mim.

O meu comportamento e trato são totalmente diferentes dos outros cães, e devo ser respeitado na minha dupla função de guia e fiel companheiro do meu amigo, meu senhor e meu dono.

Por favor, não me toquem nem me acariciem quando me encontrar a trabalhar, ou seja, quando estiver a guiar. Se fizer isso, posso distrair-me e não posso nem devo falhar nunca.

O melhor é ignorar-me. Mas, não tenham medo. Fui treinado e não seria capaz de fazer mal sem motivo. Atenção! Se estiver acompanhado dum cão, por favor controle-o para evitar que cause algum acidente quando passar por mim e pelo meu amigo. Por favor, não me ofereça nada para comer. O meu amigo e dono já se encarrega disso esmeradamente. Estou bem alimentado e tenho horário certo para comer.

Quando se dirigir a uma pessoa cega acompanhada dum cão-guia como eu, fale directamente com ela, não comigo. Se um cego com cão-guia lhe pedir ajuda, aproxime-se dele pelo lado direito, de maneira que eu fique à esquerda. Meu amigo, então, me dirá que o siga, ou pedir-lhe-á que lhe ofereça o seu cotovelo esquerdo.

Neste caso, usará uma palavra para me indicar que estou temporariamente fora de serviço.

Se um cego com cão-guia lhe pedir informações, dê indicações claras do sentido que deve seguir e onde virar para chegar ao local. Não se antecipe nem pegueno braço dum cego acompanhado por um familiar meu, sem antes falar. Muito menos toque na minha guia, pois a mesma é só para uso do meu amigo e dono, que acompanho.

Os cães-guia têm lugares e horários pré-determinados para fazerem as suas necessidades.

Como cão-guia estou habituado a viajar em todos os meios de transporte, acomodado aos pés do meu amigo e dono, sem atrapalhar os outros passageiros».

Em virtude do seu rigoroso treino, os cães-guia estão habituados e capacitados a entrar e permanecer perto dos seus donos em todos os tipos de estabelecimentos, tanto de saúde como em lojas, restaurantes, supermercados, cinemas, teatros, centros de estudo ou trabalho.., sem causar alterações no normal funcionamento dos mesmos, nem incomodar os funcionários ou o público. Nos locais de trabalho, os usuários de cães-guia estão capacitados para exercer as suas funções com eles ao lado.

Devido ao treino recebido, os cães-guia nunca vagueiam pelos recintos. Permanecem acomodados junto dos donos. Têmos mesmos direitos que seus amigos, de gozar de livre acesso a todos os locais públicos, devendo merecer o máximo respeito de todos.

PS: “Tenham muito cuidado com as imitações. Há cães por aí que não são guias e que, em vez disso, precisavam de ser eles os guiados.”

Quando for velhinha

Como agora os pais não podem castigar os filhinhos desobedientes, nem com punição nem com uma chinelada ou bofetada ou sapatada, para aprenderem a respeitar… veremos, então, em muitos casos, os pais serem repreendidos e punidos. Então, é fazer o que esta velhinha pensa.

O único problema é que eles podem interná-la num lar antes.

«Quando for velhinha, viverei uma temporada com cada filho… dar-lhes-ei tanta felicidade.

Quero devolver toda a alegria que me deram, retribuindo e agradecendo. Ficarão tão emocionados…

Escreverei nas paredes com lápis de cor, saltarei sobre as camas com os sapatos calçados.

Brincarei às casinhas com todas as cobertas da casa, beberei o leite directamente do pacote e entupirei asanita com papel higiénico.

Quando estiverem ao telefone e não me virem, vou virar tudo ao contrário. Apontar-me-ão o dedo e farão sinais com a cabeça. Farei cara de “não fui eu” e fingirei estar ofendida.

Quando fizerem a comida e me chamarem para a mesa, demorarei, só para os deixar nervosos.

Não comerei os legumes e direi que a comida não presta, engasgar-me-ei com os cereais, entornarei o copo da água, do leite na toalha da mesa. Quando se aborrecerem, chorarei até eu desesperem. Só quero ver as caras deles, e delas…

Sentar-me-ei junto da televisão, mudarei de canal muitas vezes, até encontrar um programa que mais detestem e cuzarei os olhos para ver se fico vesga. Sairei sem a desligar. (He-he-he!)

Antes de me deitar, iei beber o meu copo de leite e deixarei a porta do frigorífico aberta, as luzes acesas e os sapatos e meias no meio da cozinha.

Falarei ao telefone, com as minhas amigas, mais de meia hora com cada uma, contando-lhes tudo.

Procurarei que faça tudo por mim e, como não apanharei as coisas do chão, não me importarei se alguém tropeçar nos sapatos.

Se me pedirem um favor, responderei: “Já vou!”. Mais tarde, já na cama, espreguiço-me, dou um suspiro, cantarei a minha canção preferida e colarei o chiclete debaixo da cama.

Agradecerei a deus numa oração e fecharei os olhos. Meus filhos irão ver-me, sorrindo, sairão devagarinho e dirão: “É tão meiga quando está a dormir!”

Pergunto a mim mesma: “Acharão garaça ou começarão a procurar um lugar onde haja outras mães que fazem o mesmo que eu?”

Não importa. O importante é que tenha podido devolver-lhes as alegrias que me deram quando pequenos!»

Quando o preto é vida

Ele estava muito afectado. Era incapaz de dizer fosse o que fosse, quase sem olhar os amigos que dele se aproximavam para o cumprimentar, dizendo-lhe: “Sinto muito”. Vestia uma gabarnine clara e usava uma gravata esverdeada com finas riscas brancas.

Quando eu era jovem, tudo era diferente. Os parente mais directamente vinculados ao defunto, iam vestidos de escuro e levavam gravata preta. E, se fosse Inverno, uma braçadeira preta na manga esquerda. Pus uma gravata preta quando morreram meus avós, vesti-me de preto quando morreram meus pais.

Não sei porquê, mas as gravatas pretas, usadas pelos assistentes aos enterros e funerais, costumavam ser finas e bastante enrugadas. Certamente eram gravatas que estavam guardadas há anos, passadas de moda.

Fui uma vez a um funeral em que o cadáver, pai falecido dum amigo meu, tinha o rosto tapado por um pano branco rendado. Perguntei a outro amigo porque razão teria a face oculta, se teria sofrido de algum problema de pele e estivesse desfigurada. Não soube responder-me e mantive-me na ignorância…

Nalgumas fotografias do imediato pós-guerra pude ver que as pessoas levavam uma braçadeira preta. Era um sinal que se mantinha bastante tempo depois da cerimónia fúnebre.

Na escola, de vez em quando, aparecia um camarada com braçadeira negra. Se na rua encontrava alguém conhecido com uma dessas braçadeiras, logo lhe perguntava quem tinha morrido, e dizia: “Sinto muito”. A braçadeira preta rapidamente era compatível, no entanto, com o ir ao cinema ou ao futebol. Não sei se alguém a retirava numa escapada nocturna.

Creio que as crianças não a usavam, pelo menos as mais pequenas Mas chagava um diaem que já tinham de a colocar, e isso queria dizer que se tinha dado o passo da infância para a adolescência.

Havia um luto rigoroso, que durava um tempo indeterminado e, na continuação, começava o período do meio luto. Hoje, isso desapareceu, sobretudo nas cidades. No mundo rural, no que dele resta, as mulheres mantêm longos períodos de luto negro integral.

Ainda não compreendi o porquê de aquele pai daquele meu amigo tinha a face oculta dentro da sua última morada de madeira envernizada e almofadada.

O preto não é símbolo de luto: o preto é moda. Antes, a braçadeira era uma manifestação social de dor, como a entrada das casas que tivessem as portadas fechadas. A morte, pois, manifestava-se na rua.

E agora, já o disse e todos o vemos, o preto está na moda. Camisas, blusões, casacos, calças…

O preto é amplamente popular, nalguns casos, elegante. Desapereceram a gravata e a braçadeira, nunca se fala do fumo na lapela, sinais imbólicos.

A generalização do preto em rapazes e raparigas cheias de vida, talvez signifique que se apoderaram dos símbolos da morte e que, quando os convertem em estética quotidiana, a morte vai deixando de ser visível.

Apetecia-me andar de luto prolongado pelo meu país social…

quarta-feira, 22 de junho de 2011

«Em Syrie, Il faut défendre l’État actuel !»

Figure du mouvement anti-impérialiste, l’avocat international Jacques Vergès observe la décadence morale de l’Occident et sa prétention à remodeler le monde à son image. Dans un entretien à InfoSyrie, il met en garde contre les actions entreprises pour renverser les régimes laïques et progressistes de Libye et de Syrie au profit de groupes religieux réactionnaires.

Louis Denghien : Tout d’abord, quelle est votre analyse de la situation en Syrie ?

Jacques Vergès : Il y a très clairement une tentative de déstabilisation extérieure de la Syrie. Dans ce pays l’Arabie saoudite est à la manœuvre, via les groupes salafistes qu’elle inspire et finance. Et, bien sûr, les États-Unis supervisent cette ébauche de guerre civile. Israël, État frontalier et ennemi de la Syrie, et qui dispose de services de renseignement et d’action assez performants, est selon moi directement impliqué aussi. Et je n’aurai garde d’oublier le rôle moteur que, joue, sur le plan diplomatique, la France pour discréditer et isoler le régime syrien.

Je ne nie pas pour autant qu’il existe des problèmes sociaux en Syrie. La France aussi connait de graves problèmes sociaux et l’on peut même dire que la société française est confrontée à un certain nombre de blocages. Mais les ennemis intérieurs et extérieurs de la Syrie baasiste font tout pour jeter de l’huile sur le feu. Quant à moi, je suis très clairement un ami de la Syrie telle qu’elle est.

Louis Denghien : Quel est selon vous le - ou les - ressort de l’attitude de Nicolas Sarkozy dans cette affaire ?

Jacques Vergès : Sur un plan strictement idéologique, il y a l’incontestable philosionisme et philo-américanisme de ce président, qui rêve d’être le meilleur élève européen, ou le premier ex-aequo avec le Britannique David Cameron, de la « classe OTAN ». Et l’on touche là à un aspect plus personnel et psychologique du personnage : son désir pathétique de se hisser à ce statut d’homme d’État qui joue dans la « cour des grands » de ce monde, statut qu’une large majorité de l’opinion française semble lui dénier aujourd’hui.

Et puis il y a tous ces échecs intérieurs - économiques ou sécuritaires - qu’on essaye de faire oublier aux électeurs par des roulements de mécanique guerrière ; c’est un procédé vieux comme le monde politique.

Enfin il y a le lourd passif de la diplomatie française vis-à-vis du printemps arabe, tunisien et égyptien : de Fillon passant ses vacances aux frais de Moubarak à « M.A.M. » proposant à Ben Ali l’expertise française en matière de répression policière, il y a là pas mal de choses à faire oublier, le plus vite possible. Et cela donne notamment cette guerre non avouée contre Kadhafi, décidée dans la précipitation et sans objectif politique clair sur simple injonction de Bernard-Henri Lévy, par dessus l’épaule d’Alain Juppé et de Gérard Longuet. Une politique aventureuse, qui ne pourra déboucher que sur le chaos, et le gâchis de vies humaine et de richesses. Et qui est déjà un échec, comme la guerre d’Afghanistan : Kadhafi résiste, moins à cause de son armement supérieur que du soutien dont il continue de bénéficier dans une large part de la population libyenne, et aussi parce que les opposants soutenus à prix d’or par les Occidentaux font chaque jour la preuve de leur vacuité, non seulement militaire mais politique.

Face à cette résistance, les médias ressortent les bons vieux bobards de la guerre psychologique : est-ce que vous avez entendu cette pittoresque « information » diffusée sur nos télévisions ? Kadhafi aurait distribué du viagra à ses soldats pour les inciter à violer les femmes des rebelles ! Quand on en est réduit à ce type de propagande, c’est vraiment que ça va mal !

Louis Denghien : Pour vous, l’action occidentale, en Libye comme en Syrie, est, en quelque sorte, improvisée, mal pensée, vouée à l’échec. On s’attendrait cependant à moins d’amateurisme de la part de l’administration américaine et de l’OTAN...

Jacques Vergès : Mais voyez le gâchis inepte perpétré par les Américains en Irak depuis près de dix ans : ils ont lancé une guerre sous des prétextes bidons pour abattre Saddam Hussein, un « dur » du camp arabe face à Israël. Et après d’innombrables victimes et de gigantesques dégâts, ils ont donné le pouvoir à la majorité chiite, autrement dit à l’Iran, leur ennemi public n°1. C’est de la grande géopolitique, ça ? N’importe quel analyste ou connaisseur de la région aurait pu prédire ce résultat à Bush et à sa clique néo-conservatrice !

Cette situation ubuesque a inspiré au grand intellectuel américain Noam Chomsky cette boutade un rien désabusée : « Je croyais qu’on était allé en Irak pour lutter contre le fanatisme islamiste et on les a mis au pouvoir ! » Eh bien, c’est la même chose en Libye : on fait donner la grosse artillerie contre Kadhafi, qui s’était cependant rapproché de l’Occident - et que Sarkozy, naguère, avait reçu avec les égards qu’on sait - et on n’a comme solution de rechange que des « bras cassés » impuissants et infiltrés d’ailleurs par des islamistes radicaux, qui ne représentent au mieux que la province de Cyrénaïque - et même là leur représentativité m’apparaît pour le moins fragile. Et est-ce que la « détermination » française - ou anglaise - résistera au premier hélicoptère, ou aux premiers commandos terrestres, abattus ?

Et quant à la Syrie, si les Américains et leurs amis saoudiens parvenaient à renverser le régime de Bachar al-Assad, ils livreraient le pays ipso facto à des sectaires sunnites qui mettraient ce pays moderne à l’heure de Ryad, ce qui à terme sera lourd de conséquences pour Israël et ses protecteurs américains. Cela dit, je reste optimiste, pour la Syrie et même la Libye. La majorité du peuple syrien sait que c’est la guerre civile et la destruction de leur pays que leur apporteraient les opposants officiels plus ou moins fantoches des Américains et les groupes armés infiltrés sur le terrain. Les Syriens ne veulent pas que leur pays devienne un nouvel Irak.

Louis Denghien : Et si le but de guerre des Américains et de leurs auxiliaires européens et arabes c’était justement, à défaut de contrôler la Syrie, de la détruire, de la faire revenir un demi-siècle ou plus en arrière, comme certains stratèges d’Outre-Atlantique s’en sont vantés pour l’Irak ?

Jacques Vergès : Mais précisément l’exemple irakien montre que c’est une politique à courte vue, et dangereuse pour les intérêts géostratégiques de Washington : l’Irak aujourd’hui n’a jamais été aussi proche de l’Iran. Et la création de fait d’un État autonome kurde dans le nord du pays a contribué à éloigner la Turquie des États-Unis. On ne gagne rien à créer des situations incontrôlables, le chaos que vous avez créé vous reviendra dans la figure tel un boomerang géopolitique ! Et qu’aura gagné Miss Clinton quand des djihadistes paraderont dans les rues de Tripoli, après celles de Benghazi ? Pour ce qui est de la Syrie, je crois que l’appui dont continue de bénéficier le pouvoir de Bachar al-Assad demeure l’obstacle le plus efficace contre les manœuvres américano-israélo-saoudiennes.

Louis Denghien : Donc, en Syrie comme ailleurs, l’Occident pratique la fuite en avant, la politique de la canonnière au jour le jour ?

Jacques Vergès : Exactement. Parce que l’Occident est malade. Économiquement. Politiquement. Et surtout moralement. Pour moi, ces coûteuses gesticulations militaires, de Kaboul à Tripoli en passant par Bagdad sinon Damas, sont comparables aux spasmes d’un agonisant. L’Amérique notamment est très malade, de son économie ruinée, de sa dette colossale, de son dollar devenu une monnaie de Monopoly, de ses escroqueries géantes à la Madoff. Et aussi de l’arrivée sur le « marché géopolitique » de puissances émergentes, ou ré-émergentes comme la Russie, la Chine, l’Inde, le Brésil.

Pour garder un semblant de légitimité morale et politique, et donc un leadership mondial, on se fabrique un ennemi, un « Grand Satan » comme dirait les Iraniens, qui fasse oublier aux opinions internes la faillite imminente. Mais quel crédit moral accorder à des puissances qui pratiquent en permanence le « deux poids, deux mesures » ?

Pour nous en tenir au Proche-Orient, on bombarde Tripoli et on menace Damas, quand on laisse Israël poursuivre, en dépit de résolutions répétées de l’ONU, la colonisation et la répression sanglante, quand on laisse les troupes saoudiennes réprimer au Bahrein, autre pion américain dans le Golfe, un mouvement populaire de contestation. On stigmatise le fanatisme iranien, quand on s’appuie sur l’Arabie Saoudite théocratique pratiquant la forme la plus sectaire et obscurantisme de l’Islam.

Je pourrais aussi vous parler longuement de la Côte d’Ivoire, où la France, exauçant ainsi le choix américain, a décrété qu’Alassane Ouattara était le gentil démocrate du film, et Laurent Gbagbo le méchant, alors que l’ONU a fait la preuve des nombreuses exactions des troupes de Ouattara contre la population civile, et du climat de terreur qu’elles ont instauré dans leur fief du nord, pendant ces fameuses élections présidentielles. Et si on nous explique que M. Ouattara ne contrôle pas ses troupes, c’est tout simplement un incapable !

Je le répète, ces expéditions coloniales en Afrique et au Proche-Orient - après tout les deux anciennes puissances coloniales, française et britannique, sont en première ligne militaire et diplomatique en Afrique du Nord comme dans l’ancien Levant - sont la preuve de la mauvaise santé de leurs instigateurs. L’Amérique est malade ? Et la France donc ! L’affaire DSK illustre pour moi, la faillite morale et politique des élites social-libérales, usées et corrompues ; et cette faillite morale s’ajoute à la faillite des institutions et à celle de l’économie, sans oublier l’insécurité : chacun voit que l’État français, qui bombarde Tripoli, est incapable de faire entendre raison aux caïds de banlieue ! Qu’on s’étonne ensuite qu’un président comme Sarkozy, dernier avatar de cette caste gouvernante, cherche à se refaire une virginité et une stature sur le dos des Libyens et des Syriens ! Imposture ! Imposture et spasmes de mourant ! L’Occident risque bien de crever de son cynisme et de sa faillite morale !

Louis Denghien : Pour finir, vous vous montrez plutôt optimistes quant à l’évolution de la situation dans ces pays de la « ligne de front » ?

Jacques Vergès : Oui. Les Américains et leurs séides peuvent faire pas mal de dégâts - on le voit en Libye, et en Afghanistan, ou encore au Soudan, on l’a vu en Irak et en ex-Yougoslavie. Je ne crois pas qu’ils pourront avoir raison contre des peuples et des nations : on le voit ou on le verra en Syrie, en Libye, en Égypte, au Liban et en Palestine. En Syrie, il faut être vigilant face aux manœuvres de déstabilisation et aux opérations de de désinformation.

Louis Denghien : Maître Vergès, merci beaucoup !

(Enviado por um Amigo)

QUE JUSTIÇA, AFINAL?


Para que vejamos a cara desta aberração E NUNCA A ESQUEÇAMOS !!!!
O psiquiatra João Vasconcelos Vilas Boas (à dir.) e os seus advogados,
no Tribunal S. João Novo, no Porto

Com juízes e procuradores que são apanhados a copiar nos exames de concursos, que seria de esperar...???
Fixem-lhe bem a cara (e é pena não estarem os retratos dos juízes) e não lhe dêem a mais pequena oportunidade de exercer a sua profissão ou angariar dinheiro de qualquer outro modo.
Nesta sociedade de consumo e vaidades deverá ser um punição razoável...!!!



Abuso de grávida
Durante cinco meses, o psiquiatra João Vasconcelos Vila Boas tornou-se no confidente de 'Ana', nome fictício, e acompanhou o crescimento da barriga de grávida da paciente, com 30 anos. No início de Setembro, 2009, quando estava a um mês de ser mãe, o médico violou-a na sala do seu consultório - adaptada de uma divisão do apartamento onde também vive na Foz, Porto.


Violada por recusar sexo oral
'Quando ela se levantou para ir embora, ele baixou as calças e ordenou que lhe fizesse sexo oral. Incrédula, ela tentou fugir, mas a porta estava trancada à chave. Agarrou-a por trás e baixou a roupa dela. Como estava com o pénis erecto, e ela estava já com alguma dilatação, ele violou-a ali mesmo', contou ao CM um familiar da vítima que tinha duas consultas por semana com o psiquiatra. Estava debilitada emocionalmente e tinha medo de não conseguir ser uma boa mãe.
'No final, deu-lhe um guardanapo para ela se limpar e disse-lhe que o que tinha feito era um segredo e esperava por ela na próxima semana', recordou o familiar. Apavorada, Ana entrou no carro para voltar para Vila Real, onde vive. Fez a viagem calada. Mas pelo caminho não conseguiu aguentar o silêncio. Contou à mãe e depois ao pai. A revolta invadiu ambos e decidiram levar a vítima ao hospital. Os exames que lhe foram realizados são inequívocos:foram encontrados vestígios de sémen do psiquiatra na vagina da grávida. Quinta-feira foi preso e no dia seguinte presente ao juiz. Saiu em liberdade e está apenas proibido de exercer a profissão e de sair do País.

PORMENORES
84 EUROS SEM RECIBO
Ana pagava 84 euros por cada uma das duas consultas semanais. O médico nunca passou recibo e 'pedia que pagassem em notas e só no fim do mês'.
TENTOU MASTURBÁ-LA
Durante as consultas, o psiquiatra fazia perguntas sobre a vida sexual de Ana. Tentou por duas vezes masturbá-la, mas ela recusou. Alegava ser uma técnica especial para relaxar grávidas.
DIZIA PARA IR SOZINHA
Incentivou Ana a ir só e de autocarro para o Porto para ficar a dormir na cidade.

ORDEM DOS MÉDICOS JÁ AVERIGUA
Após ter conhecimento da detenção do psiquiatra pela PJ, a Ordem dos Médicos decidiu abrir um processo disciplinar de forma a averiguar o que realmente aconteceu. No entanto, segundo o bastonário Pedro Nunes, só após a conclusão do inquérito do Ministério Público será tomada uma decisão. 'Vamos acompanhar o inquérito judicial e se no fim se provar que as acusações são verdadeiras tomaremos uma atitude', explicou ontem o bastonário ao CM.
Pedro Nunes diz que até prova em contrário o psiquiatra é inocente e salienta que vários são os médicos alvos de acusações infundadas. 'Infelizmente, nesta profissão somos acusados muitas vezes sem ter culpa. O trabalho de um médico é muito complexo', disse.
Também o Instituto de Droga e Toxicodependência, onde João Vasconcelos Vilas Boas exerce funções, garantiu que vai investigar o caso e a possibilidade de ter ocorrido alguma situação na instituição.
Porto: Decisão judicial não implica expulsão da Ordem dos Médicos
"Teria sido justo se fosse cadeia"
O psiquiatra João Vasconcelos Vilas Boas, de 48 anos, manteve-se impávido e sereno ao ouvir, ontem, a sua condenação a cinco anos de prisão, mas com pena suspensa, por ter violado uma paciente, de 30 anos, grávida de oito meses no seu consultório, na Foz do Porto. A família da vítima está indignada. "A pena teria sido justa se ele fosse para a cadeia porque foi tudo provado em tribunal", disse ontem ao CM a mãe da vítima.

'COMO PODE UM JUIZ SOLTAR UM MONSTRO DESTES'
Dois meses após a violação, o pai de Ana ficou ainda mais revoltado após conhecer as medidas de coacção aplicadas pelo
TIC do Porto.
'Como é possível um juiz soltar um monstro destes', disse ao CM. Confiámos nele, que nos garantiu que ia curar a nossa
filha, mas afinal só se queria aproveitar dela', vincou o homem, que se diz 'desiludido e revoltado com a nossa justiça'.
A família tenta agora arranjar forças junto do bebé que nasceu três semanas antes do previsto porque Ana
estava muito abalada.
Uma hora após a violação, soube pela filha do sucedido. 'Fiquei cego e liguei-lhe para o telemóvel.Ele atendeu e ainda
teve a ousadia de me dizer que era tudo mentira. Que nada de anormal se tinha passado na consulta.
' Mas os exames feitos a Ana confirmaram o contrário.

A decisão judicial, que será alvo de recurso por parte do advogado do médico, não obriga a Ordem dos Médicos a expulsá-lo. Neste momento, o psiquiatra realiza trabalho administrativo no Instituto da Droga e da Toxicodependência em Campanhã, no Porto. O CM tentou ouvir o bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, mas foi impossível saber qual a decisão tendo em conta a condenação.
Ontem, a juíza Manuela Paupério considerou que ficou 'provado que o arguido introduziu o seu pénis na boca da ofendida, agarrando-lhe a cabeça. Quando esta se levantou, o arguido agarrou-a, empurrou-a contra um sofá e, por trás, introduziu o seu pénis na vagina da ofendida, aí ejaculando'. A magistrada considerou ainda que os factos provam 'uma acção física violenta exercida pelo arguido sobre a ofendida, de modo a constrangê--la quer ao coito oral, quer à cópula'.
A juíza desvalorizou os depoimentos prestados por ilustres médicos arrolados pelo psiquiatra, sublinhando que o relato da vítima é mais consistente que o testemunho do psiquiatra, condenado a pagar 30 mil euros de indemnização.

ADVOGADO AGRIDE JORNALISTA
Artur Marques, advogado de defesa do psiquiatra, agrediu ontem a repórter fotográfica do Correio da Manhã, tendo inclusivamente rasgado a camisola da nossa fotojornalista quando tentava, à força, arrancar-lhe a máquina fotográfica. Tudo aconteceu depois da leitura da sentença, num corredor do tribunal S. João Novo, quando a irmã do médico tentou arrancar a máquina fotográfica à jornalista do CM, alegando não querer ser fotografada, apesar de se ter colocado propositadamente à frente do psiquiatra, vendo que a jornalista estava a fazer o seu trabalho. Prontamente, os agentes da PSP tentaram sanar o atrito. Mas o advogado Artur Marques, numa atitude muito agressiva e prepotente, tentou partir a máquina para apagar as fotografias. Só não o conseguiu graças à PSP.

APÓS RECURSO - EIS A DECISÃO FINAL DOS NOSSO TRIBUNAIS ....
Psiquiatra absolvido de violação de paciente grávida
12 de Maio, 2011

O Tribunal da Relação do Porto considerou que o psiquiatra João Vasconcelos Villas Boas, de 48 anos, que arrolou 14 testemunhas m sua defesa, entre elas Júlio Machado Vaz, e que continua a trabalhar no Instituto da Droga e Toxicodependência em Campanhã, no Porto e ainda no seu consultório na Foz, Porto, não cometeu o crime de violação contra uma paciente sua, grávida de 34 semanas, com 30 anos de idade, no ano de 2009, pois os actos não foram suficientemente violentos, apesar de este forçar a vítima a ter sexo com base em empurrões e puxões de cabelo.

Perfil do violador - Relatório diz que médico mente
Mentiroso e narcisista acima da média, e com tendência para simular uma boa imagem de si próprio além de ter uma atitude de falta de preocupação pelas consequências negativas que o seu comportamento pode ter nos outros.
É desta forma que os técnicos que avaliaram João Vasconcelos Vilas Boas definem o psiquiatra de 48 anos que está a ser julgado,
acusado de violar uma paciente grávida de oito meses, no seu consultório, no Porto.
O relatório da perícia em que foram ouvidos a família, amigos e colegas de trabalho do médico, que há três anos mantém uma relação com uma economista,sublinha que nas provas de personalidade a que foi sujeito se mostrou pouco sincero e com tendência para não reconhecer as suas falhas, evidenciando valores acima da média na análise à propensão para a mentira e narcisismo.
O arguido, que após ser confrontado com a denúncia da grávida apresentou três versões contraditórias dos factos à polícia e ao juiz de Instrução Criminal que o ouviu, é definido como uma pessoa egocêntrica e com capacidade para compreender os actos errados. Os técnicos entendem por isso que é imputável. Ao Tribunal de S. João Novo, no Porto, o médico - que tem dois filhos de 17 e 20 anos - confirmou ter tido relações sexuais com a vítima e diz estar envergonhado.
Está suspenso das funções no Instituto da Droga e Toxicodependência em Campanhã, no Porto.

O tribunal deu como provado os factos, que têm início com a vítima a começar a chorar na consulta e com o médico a pedir para esta se deitar na marquesa..
O psiquiatra começou então «a massajar-lhe o tórax e os seios e a roçar partes do seu corpo no corpo» da paciente, como se pode ler no acórdão.http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/d1d5ce625d24df5380257583004ee7d7/1c550c3ad22da86d80257886004fd6b4?OpenDocument

A mulher, que estava grávida e numa situação de fragilidade psicológica, levantou-se e sentou-se no sofá, tendo o médico começado a escrever uma receita. Quando voltou,aproximou-se da paciente, «exibiu-lhe o seu pénis erecto e meteu-lho na boca»,agarrando-lhe os cabelos e puxando a cabeça para trás, enquanto dizia: «estou muito excitado» e «vamos, querida, vamos».
A mulher tentou fugir, mas o médico «agarrou-a, virou-a de costas, empurrou-a na direcção do sofá fazendo-a debruçar-se sobre o mesmo, baixou-lhe as calças (de grávida) e introduziu o pénis erecto na vagina, até ejacular».

Para o colectivo de juízes, o arguido não cometeu o crime de violação, porque este implica colocar «a vítima na impossibilidade de resistir para a constranger à prática da cópula».
Diz o acórdão que para que tal acontecesse era preciso que «a situação de impossibilidade de resistência
tivesse sido criada pelo arguido, não relevando, para a verificação deste requisito, o facto de a ofendida apresentar uma personalidade fragilizada».

O colectivo de juizes considera:
- que o «empurrão» sofrido pela vítima por acção física do arguido não constitui «um acto de violência que atente gravemente contra a liberdade da vontade da ofendida»

e, por isso,

-- «impõe-se a absolvição do arguido,
na medida em que a matéria de facto provada não preenche os elementos objectivos do tipo do crime de violação».

Mas um dos três juízes, José Manuel Papão, não concorda com a absolvição e juntou ao acórdão uma declaração de voto em que considera
«que a capacidade de resistência da assistente estava acrescidamente diminuída
por estar praticamente no último mês de gravidez,
período em que se aconselha à mulher que na prática de relações sexuais observe o maior cuidado para evitar o risco da precipitação do trabalho de parto».

MEUS COMENTÁRIOS
EU, COMO MULHER E MÃE DE DOIS FILHOS,
SINTO NOJO POR ESTE COLECTIVO DE JUIZES,
SINTO AINDA MAIS NOJO DESTE "ANIMAL ANORMAL",
COM UM CURSO DE PSICOLOGIA AINDA POR CIMA
E QUE VAI CONTINUAR A DAR CONSULTAS
E A TRABALHAR ...(INSTITUTO DA DROGA E TOXIDEPENDENCIA EM CAMPANHÃ, NO PORTO),
ESTÁ ABERTO O CENÁRIO PARA QUE ELE POSSA PROSSEGUIR COM ESTE TIPO DE ACTUAÇÕES ... !!!
EU COMO MULHER,
FARIA A JUSTIÇA A ESTE ORDINÁRIO,
DE UMA OUTRA FORMA ....
MATA-LO SERIA MUITO BANAL ....
MAS DEIXA-LO COM ALGUMA MARCA PARA O RESTO DA VIDA,
SERIA A DOSE CERTA E APROPRIADA
PARA QUE ESTE ENERGUMENO SE LEMBRASSE DO QUE TINHA FEITO A UMA MULHER GRAVIDA DE 8 MESES !.

ANEXO UM COMENTÁRIO INSERIDO NUM JORNAL DE 12.MAIO.2011:
Importa-se de Repetir?
Médico absolvido de violação porque não foi muito violento
Relação do Porto absolveu psiquiatra com argumentos muito polémicos.
O Tribunal da Relação do Porto absolveu o psiquiatra João Villas Boas do crime de violação
contra uma paciente sua, grávida de 34 semanas, que estava a ter acompanhamento devido à gravidez.

Segundo a maioria de juízes, os actos sexuais dados como provados no julgamento de primeira instância não foram suficientemente violentos. Agarrar a cabeça (ou os cabelos) de uma mulher, obrigando-a a fazer sexo oral e
empurrá-la contra um sofá para realizar a cópula
não constituíram actos susceptíveis de ser enquadrados como violentos.
Imprecação óbvia, mesmo se populista: - e se fosse a vossa filha ou mulher?
Melhor: e se fossem vocelências a serem lixados com ph?

PARA FINALISAR:
Como é que uma mulher grávida de 8 meses, consegue ter a mobilidade necessária
para se libertar e fugir dentro do próprio consultório do violador - trancada á chave ???
E que provas é que serão necessárias para que uma violação como esta careça de:
- MAIS VIOLENCIA para ser punidas por lei ???
NÃO BASTA POR SÍ SÓ AO QUE A VITIMA FOI SUJEITA ?
Que MERDA de juízes são estes que se "balizam"nos pontos e virgulas da lei cega, surda e muda, para virem agora dizer que esta BESTA está absolvida porque o crime não foi violento !!
Devia ter-lhe dado alguma facada na barriga ?
Ou, sei lá, mata-la até, quem sabe se é isso que a lei "obriga".
Que MERDA de Justiça é esta e que CARAÇAS DE PAIS É ESTE ???
SERÁ QUE ESTE ANORMAL É DA FAMILIA DE ALGUM POLITICO OU DE ALGUM JUIZ???
NÃO SERÁ DE CERTEZA DA CLÁSSE MÉDIA...!!!
PARA TER LEVADO COMO TESTEMUNHA O PSICOLOGO MAIS CONHECIDA DA NOSSA PRAÇA: Júlio Machado Vaz
O TEMPO O DIRÁ !!!
ALGUÉM SABE QUEM SÃO OS INCOMPETENTES QUE FIZERAM ESTE JULGAMENTO? NÃO ESTARÁ NA HORA DE SEREM JULGADOS POR QUEM, DE FACTO, SABE DAS LEIS QUE QUEREMOS QUE SEJAM IMPLEMENTADAS?
ALGUÉM SABE SE ELES TÊM MULHERES OU FILHAS A QUEM SE POSSA FAZER O MESMO QUE O ANORMAL AGORA ILIBADO FEZ À SENHORA GRÁVIDA DE OITO MESES?
JÁ QUE NÃO SE É PUNIDO POR ISSO...

Via _ Cristina Maria da Silva Teixeira

a ser verdade !?! (é preciso ter muita cautela no reconhecimento dos factos e na atribuição segura das culpas) (eu... como os demais cidadãos, não vi, não sei... se não se fez justiça... venha o recurso, o apelo à revisão de todo o processo e a instrução de um novo julgamento)

lélio m p o

INVERSÃO DE VALORES



CARTA DE UMA MÃE PARA OUTRA MÃE
(ASSUNTO VERÍDICO).

Carta enviada de uma mãe para outra mãe no Porto, após um telejornal da RTP 1
De mãe para mãe ...

Cara Senhora, vi o seu enérgico protesto diante das câmaras de televisão contra a transferência do seu filho, presidiário, das dependências da prisão de Custóias para outra dependência prisional em Lisboa.

Vi-a a queixar-se da distância que agora a separa do seu filho, das dificuldades e das despesas que vai passar a ter para o visitar, bem como de outros inconvenientes decorrentes dessa mesma transferência.

Vi também toda a cobertura que os jornalistas e repórteres deram a este facto, assim como vi que não só você, mas também outras mães na mesma situação, contam com o apoio de Comissões, Órgãos e Entidades de Defesa de Direitos Humanos, etc ...

Eu também sou mãe e posso compreender o seu protesto. Quero com ele fazer coro, porque, como verá, também é enorme a distância que me separa do meu filho. A trabalhar e a ganhar pouco, tenho as mesmas dificuldades e despesas para o visitar.

Com muito sacrifício, só o posso fazer aos domingos porque trabalho (inclusivé aos sábados) para auxiliar no sustento e educação do resto da família.

Se você ainda não percebeu, sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou cruelmente num assalto a uma bomba de combustível, onde ele, meu filho, trabalhava durante a noite para pagar os estudos e ajudar a família.

No próximo domingo, enquanto você estiver a abraçar e beijar o seu filho, eu estarei a visitar o meu e a depositar algumas flores na sua humilde campa, num cemitério dos arredores ...

Ah!

Já me esquecia:

Pode ficar tranquila, que o Estado se encarregará de tirar parte do meu magro salário para custear o sustento do seu filho e, de novo, o colchão que ele queimou, pela segunda vez, na cadeia onde se encontrava a cumprir pena, por ser um criminoso.

No cemitério, ou na minha casa, NUNCA apareceu nenhum representante dessas "Entidades" que tanto a confortam, para me dar uma só palavra de conforto ou indicar-me quais "os meus direitos".

Para terminar, ainda como mãe, peço por favor:

Façam circular este manifesto ! Talvez se consiga acabar com esta (falta de vergonha) inversão de valores que assola Portugal e não só ...

Direitos humanos só deveriam ser para "humanos direitos" !!!

lélio m p o

Reflectindo



por : Michael Hudson-Docente de Economia da Universidade do Missouri (EUA)

Quando a Grécia substituiu o dracma pelo euro, em 2000, a maior parte dos eleitores era pela adesão à eurozona. A sua esperança era que a mesma garantisse estabilidade e que isto promoveria a elevação dos salários e dos padrões de vida. Poucos viram que o grande obstáculo era a política fiscal. A Grécia fora excluída da eurozona no ano anterior devido ao incumprimento do critério do Tratado de Maastricht (1992) para a entrada na UE, de limitar os défices fiscais a 3 por cento do PIB e a dívida governamental a 60 por cento.

O euro também tem outros problemas fiscais e monetários graves, desde o princípio. Há pouca consideração sobre as economias mais ricas da UE ajudarem a trazer aquelas menos produtivas ao mesmo nível, tal como fizeram os Estados Unidos com suas áreas deprimidas (como no resgate da indústria automobilística em 2010) ou quando o governo federal declara um estado de emergência devido a inundações, tornados ou outras perturbações. Em comparação com os Estados Unidos e na verdade quase todos os países, a "ajuda" da UE é em grande medida egoísta – uma combinação de promoção de exportações e salvamentos para economias devedores pagarem a bancos dos principais países credores da Europa: Alemanha, França e Holanda.

A carta da UE proíbe o Banco Central Europeu (BCE) de financiar défices governamentais e impede (na verdade, "salva") os membros de terem de pagar pela "irresponsabilidade fiscal" de países que incidem em défices governamentais. Esta política fiscal "dura" foi o preço que os países de rendimento mais baixo tiveram de subscrever quando aderiram à União Europeia.

Ao contrário também dos Estados Unidos (ou quase qualquer país), o parlamento da Europa é meramente cerimonial. Ele não tem poder para estabelecer e administrar impostos à escala da UE. Politicamente, o continente permanece uma federação à deriva. Espera-se que cada membro descubra o seu próprio caminho. O banco central não monetiza défices e há uma partilha federal mínima com os estados membros. Os gastos deficitários públicos – mesmo para investimento de capital em infraestrutura – devem ser financiados incorrendo em dívida, taxas de juro crescentes à medida em que os défices incorridos se tornam mais arriscados.

Isto significa que despesas com transportes, energia e outras infraestruturas básicas que eram financiados publicamente na América do Norte e nas principais economias europeias (proporcionando serviços a taxas subsidiadas) devem ser privatizados. Os preços para estes serviços devem ser estabelecidos suficientemente alto para cobrir juros e outros encargos de financiamento, altos salários e bónus e serem administrados para o lucro – na verdade, para a extracção de renda pois a autoridade regulamentar pública é assim desactivada.

Isto torna menos competitivos países que vão por este caminho. Também significa que eles incorrerão em dívida para com a Alemanha, França e Holanda, causando as tensões financeiras que agora estão s levar a confrontações com governos democraticamente eleitos. Está em causa se a Europa deveria sucumbir ao planeamento centralizado – na ala direita do espectro político, sob a bandeira dos "mercados livres" definidos como economias livres de regulamentação pública de preços e de supervisão, livre da protecção ao consumidor e livre de impostos sobre os ricos.

A crise para a Grécia – assim como para a Islândia, Irlanda e economias praguejadas por dívidas impostas – verifica-se quando os lobbys dos bancos pedem que os "contribuintes" paguem a salvação de especulações que correram mal, e dívidas do governo que decorrem em grande medida de cortes e desrugulamentação e auditoria fiscal para grandes grupos e para o imobiliário, comutando o fardo fiscal bem como o fardo da dívida para o trabalho e para a indústria.

O poder crescente do sector financeiro em alcançar este favoritismo fiscal está a paralisar economias, conduzindo-as outra vez a depender ainda mais do financiamento da dívida para permanecerem solventes. A ajuda é condicionada a que os países receptores reduzam os seus níveis salariais ("desvalorização interna") e liquidem as suas empresas públicas em sectores vitais privatizando-as e deixando-as assim ás vicissitudes do chamado "mercado livre".

A visão em túnel que guia estas políticas é auto-reforçadora. A Europa, a América e o Japão retiram os seus gestores das fileiras de profissionais que deslizam para trás e para a frente, entre os bancos,as grandes empresas e os ministérios das finanças – a que os japoneses chamam "descer do céu" para o sector privado onde os prémios anuais são inimagináveis. Não se trata simplesmente de pagamento atrasado por serviços passados. A sua experiência de governo e os seus contactos ajudam-nos a influenciar a burocracia pública restante e fazer lobby das suas substituições oportunistas para promover políticas fiscais e monetárias favoráveis ao sector financeiro – isto, para algemar o governo e desviar a regulamentação e a tributação do sector financeiro, do imobiliário e dos monopólios clientes, além de utilizar o poder tributário e de criação de dinheiro para proporcionar salvamentos quando ocorre o inevitável colapso financeiro no momento em que a economia contrai-se abaixo dos níveis de ruptura, no terreno da situação líquida negativa.

Políticas fiscais regressivas – comutando impostos sobre os ricos e a propriedade para o trabalho – provocam défices orçamentais financiados pela dívida pública. Quando possuidores de títulos puxam a tomada, a pressão resultante força governos a liquidarem dívidas com a venda de activos públicos para compradores privados (a menos que os governos repudiem a dívida ou recuperem-se restaurando a tributação progressiva). A maior parte de tais vendas é feita a crédito. Isto beneficia os bancos com a criação de um mercado de empréstimos para a compra de umas empresas pelas outras (buyouts). Enquanto isso, os juros absorvem os rendimentos, privam o governo de receita fiscal que anteriormente podiam receber. A prenda fiscal para os financeiros baseia-se na má política de tratar o financiamento da dívida como um custo necessário de fazer negócio, não como uma opção política – uma opção que na verdade é induzida pela distorção fiscal de fazer com que os pagamentos de juros sejam fiscalmente dedutíveis.

Os compradores contraem empréstimo para se apropriarem de "bens públicos" ("the commons") do mesmo modo como licitam pelo imobiliário comercial. O vencedor é quem quer que seja que consiga o maior empréstimo para buyout – prometendo a maior parte da receita como pagamento ao banco sob a forma de juros.

Assim o sector financeiro acaba no fim por ficar com a receita até então paga a governos como impostos ou taxas de utilização. Isto é eufemizado como um denomonado "mercado livre".

Promover o sector financeiro a expensas da economia

A resultante alavancagem da dívida não é um problema solúvel. É uma quadratura da qual as economias só podem escapar pela concentração na produção e no consumo ao invés de meramente subsidiar o sistema financeiro ao permitir que os actores façam dinheiro a partir de dinheiro através do inflacionamento de preços de activos nos teclados electrónicos do crédito livre.

A austeridade causa desemprego, o qual reduz salários e impede o trabalho de participar no excedente (surplus). Isto permite às empresas forçar os seus empregados a trabalhar horas extras e mais arduamente a fim de obter ou manter um emprego, mas não eleva realmente nem a produtividade nem os padrões de vida do modo idealizado um século atrás. Aumentar os preços da habitação a crédito – exigindo maiores dívidas para o acesso à propriedade da casa – não é prosperidade real é uma virtualidade perversa.

Contrastar a economia "real" com a do sector financeiro exige estabelecer distinções entre o crédito e o investimento produtivo e aquele não produtivo.
É necessário entender o conceito de renda (rent) económica como um retorno institucional e político ao privilégio sem um custo de produção correspondente. A economia política clássica era toda voltada para a distinção entre o rendimento ganho do rendimento não ganho, entre o valor do custo e o preço de mercado. Mas os "lobistas" financeiros negam que qualquer rendimento ou riqueza proveniente do juro cobrado seja parasitária. As contas do rendimento e do produto nacional (national income and product accounts, NIPA) não estabelecem tal distinção. Este ponto cego não é acidental. Ele é a essência da teoria económica pós-clássica. E ele explica porque é que a Europa está paralisada.

O modo pelo qual foi criado o euro, em 1999, reflecte esta visão superficial. As regras fiscais e financeiras de Maastricht maximizam o mercado do empréstimo comercial ao impedir bancos centrais de fornecerem a governos (e portanto à economia) créditos para crescerem. Os bancos comerciais são a única fonte de financiamento de défices orçamentais – definidos de modo a incluir investimento de infraestrutura em transportes, comunicações, energia e água. A privatização destes serviços básicos impede governos de os fornecerem a taxas subsidiadas ou gratuitamente. Assim a estradas são transformadas em estradas "portajadas", cobrando taxas de utilização que são prontamente monopolizadas por interesses de um grupo económco.

As economias são transformadas em conjuntos de portagens, pagando os seus encargos de acesso como juros a credores. Estas rendas extractivas tornam de alto custo as economias privatizadas. Mas para o sector financeiro isto é "criação de riqueza". Ele é avançado ao desagravar fiscalmente pagamentos de juros a bancos e possuidores de títulos – ainda que agravando nesse processo os défices fiscais.

A crise orçamental grega em perspectiva

Um dos legados fiscais da junta de coronéis (1967-74) foi a evasão fiscal por parte dos mais poderosos. Os partidos "amistosos para com os negócios" que se seguiram foram relutantes em tributar a riqueza. Um relatório de 2010 declarava que aproximadamente um terço do rendimento grego não era declarado, com "menos de 15 mil gregos declarando rendimentos superiores a €100 mil, apesar de dezenas de milhares viverem em opulenta riqueza nos arredores da capital. Uma nova iniciativa dos socialistas para identificar proprietários de piscinas através do Google Earth recebeu uma resposta virulenta quando gregos investiram em relva falsa, camuflagem e asfalto a fim de esconder os passivos fiscais dos espiões no espaço". (Helena Smith, “The Greek spirit of resistance turns its guns on the IMF,”The Observer, May 9, 2010.)

Como a ditadura militar comprimiu a despesa pública para níveis mais baixos do que a norma europeia, a infraestrutura precisava ser reconstruída – e isto exigiu défices orçamentais. O único meio de evitar incorrer em défices teria sido fazer com que os ricos pagassem os impostos que deveriam. Mas pressionar a extracção da despesa pública até o nível que os gregos ricos estavam dispostos a pagar em impostos não parecia politicamente factível. (Desde a década de 1980 quase nenhum país pôs em vigor as políticas fiscais da Era Progressista). O limite de Maastricht de 3 por cento dos défices orçamentais recusa contabilizar despesas de capital dos governo como formação de capital, com base na suposição ideológica de que todos os gastos de governo são uma sobrecarga ruinosa e de que só o investimento privado é produtivo.

O caminho de menor resistência era entrar no engano fiscal...

Banqueiros da Wall Street ajudaram os partidos "conservadores" (isto é, fiscalmente regressivos e financeiramente perdulários) a esconder a extensão da dívida pública com a espécie de contabilidade lixo de que engenheiros financeiros fizeram trabalho pioneiro para a Enron. E como é habitual quando está envolvida a fraude financeira na busca de taxas e lucros, a Goldman Sachs estava no meio. Em Fevereiro de 2010 a revista alemã Der Spiegel revelou como a firma havia ajudado a Grécia a esconder a subida da dívida pública, hipotecando activos num negócio intrincado de derivativos – legal mas com a intenção encoberta de contornar a limitação de Maastricht quanto a défice. "As regras de relatar do Eurostat não registam exaustivamente transacções envolvendo derivativos financeiros", de modo que a obrigação da Grécia aparecia como um swap cruzado de divisa (cross-currency swap) ao invés de uma dívida. O governo utilizou entidades fora do balanço e derivativos semelhantes aos que bancos islandeses e irlandeses utilizariam posteriormente para se permitirem desaparecimentos fictícios de dívidas e uma ilusão de solvência financeira.

A realidade, naturalmente, era uma dívida virtual. O governo foi obrigado a pagar à Wall Street milhares de milhões de euros com base em futuras taxas de aterragem no aeroporto e futuras taxas da lotaria nacional pois "os chamados swaps cruzados de divisas ... vencem e aumentam exponencialmente o défice já de si majorado do país". (Beat Balzli, “How Goldman Sachs Helped Greece to Mask its True Debt,” Der Spiegel, February 8, 2010. O relatório acrescenta: "Um vez, despesas militares gigantescas foram deixadas de fora e em outra vez milhares de milhões em dívidas de hospitais". Traduzido em linguagem directa, o negócio deixou o défice do sector público da Grécia a 12 por cento do PIB, quatro vezes o limite de Maastricht.

A utilização de derivados para engendrar uma contabilidade estilo Enron permitiu à Grécia mascarar uma dívida como um "swap" de mercado baseado em opções de divisas estrangeiras, a serem concluídas num prazo de dez 15 anos. À Goldman foram pagos US$300 milhões em taxas e comissões pela sua ajuda na orquestração do esquema de 2001. "Um negócio semelhante em 2000, chamado Ariadne, devorou a receita que o governo arrecadou com a sua lotaria nacional. A Grécia, contudo, classificou aquelas transacções como vendas, não como empréstimos".

O JPMorgan Chase e outros bancos ajudaram a orquestrar negócios semelhantes por toda a Europa, proporcionando "cash adiantado em retorno de pagamentos do governo no futuro, com tais passivos sendo mantidos fora da contabilidade".

O sector financeiro tem interesse em subestimar o fardo fiscal – primeiro, pela utilização da contabilidade do lixo "mark to model" e, segundo, pela pretensão de que o fardo da dívida pode ser pago sem desestabilizar a vida económica.

Porta-vozes financeiros, desde Tim Geithner a Dominique Strauss-Kahn no FMI, afirmaram que a crise de dívida pós 2008 é meramente um "problema de liquidez" a curto prazo (falta de "confiança"), não de insolvência que reflecte uma incapacidade subjacente de pagar. Bancos prometem que tudo ficará certo quando a economia "retornar ao normal" – desde que o governo compre suas hipotecas lixos e maus empréstimos ("investimentos saudáveis a longo prazo") por dinheiro efectivo.

A fraude intelectual em acção

Os lobys financeiros procuram desviar a atenção de eleitores e decisores políticos da percepção de que a "normalidade" não pode ser restaurada sem liquidar as dívidas que tornaram a economia anormal. Quanto mais o fardo da dívida crescer, mais austeridade ampla na economia será exigida para pagar dívidas a bancos e possuidores de títulos ao invés de investir em formação de capital e crescimento real.

A austeridade agrava o problema, ao intensificar a deflação da dívida. Ao pretenderem que austeridade ajuda economias ao invés de destruí-las, os lobys da banca afirmam que mercados em contracção reduzirão taxas salariais e "tornarão a economia mais competitiva" através da "extracção da gordura". Mas a "gordura" real é o sobrecusto da dívida – os juros, amortizações, comissões e penalidades financeiras embutidas dentro do custo de fazer negócio, do custo de vida e do custo do governo.

Quando surgem dificuldades no pagamento de dívida, o caminho da menor resistência é proporcionar mais crédito – a fim de permitir aos devedores que paguem. Isto mantém o sistema solvente aumentando os encargos gerais da dívida – aparentemente um paradoxo. Quando instituições financeiras vêem aproximar-se o ponto em que as dívidas já não podem ser pagas, elas tentam conseguir que "credores sénior" – o BCE e o FMI – emprestem aos governos bastante dinheiro para pagar e, idealmente, transferir dívidas em risco para o governo ("contribuintes"). Isto retira-as da contabilidade dos bancos e de outras grandes instituições financeiras que do contrário teriam de assumir perdas sobre títulos do governo grego, obrigações de bancos irlandeses, etc, assim como estas instituições perdem sobre os seus haveres de hipotecas consideradas lixo.

No fim as dívidas não podem ser pagas.

Para os administradores da alta finança o problema é como adiar incumprimentos por tanto tempo quanto possível – e então salvarem-se, deixando governos ("contribuintes") a segurar o saco, assumindo as obrigações de devedores insolventes (tais como a AIG nos Estados Unidos). Mas para fazer isso em face da oposição popular é necessário suprimir a política democrática. Assim o desinvestimento pelos que eram antes perdedores financeiros exige que a política económica seja retirada das mãos de corpos governamentais eleitos e transferida para as dos planeadores financeiros. É assim que a oligarquia financeira substitui a democracia.

A pagar juros mais alto por risco mais elevado, enquanto se protegem bancos de perdas

O papel do BCE, FMI e outras agências de supervisão financeira tem sido assegurar que os banqueiros sejam pagos. Quando a passada década de laxismo fiscal e contabilidade fraudulenta veio à luz, banqueiros e especuladores fizeram fortunas elevando a taxa de juro que a Grécia tinha de pagar pelo seu risco acrescido de incumprimento. Para garantir que não perderiam, banqueiros comutaram o risco para a "troika" europeia à qual foram dados poderes para exigir pagamento dos contribuintes gregos.

Bancos que concederam empréstimos ao sector público (a taxas acima do mercado reflectindo o risco), ... estavam a ser salvos a expensas públicas. Exigindo que a Grécia não impusesse um "haircut" a credores, o BCE e a burocracia relacionada da UE pediu para possuidores europeus de títulos um melhor acordo do que os credores tiveram com os títulos Brady que resolveram dívidas latino-americanas e do Terceiro Mundo na década de 1980. Numa entrevista ao Financial Times, Lorenzo Bini Smaghi, membro do conselho executivo do BCE, insistiu em que:

-Primeiro, a solução dos títulos Brady foi uma solução para bancos americanos, aos quais basicamente foi permitido não "mark to market" os títulos reestruturados. Houve tolerância regulamentar, o que foi possível nos anos 1980 mas não seria possível hoje

-Segundo, a crise latino-americana foi uma crise de dívida externa. O principal problema na crise grega é a Grécia, seus bancos e o seu próprio sistema financeiro. A América Latina contraiu empréstimos em dólares e as linhas de crédito eram principalmente para com estrangeiros. Aqui, uma grande parte das dívidas é para com gregos. Se a Grécia incumprisse, o sistema bancário grego entraria em colapso.
Seria então necessária uma enorme recapitalização – mas de onde viria o dinheiro?

-Terceiro, após o incumprimento os países latino-americanos ainda tinham bancos centrais que podiam imprimir dinheiro para pagar salários de funcionários públicos e pensões. Eles fizeram isso e criaram inflação. Assim eles livraram-se [da crise] através da inflação, depreciação e assim por diante. Na Grécia não haveria um banco central que pudesse financiar o governo e ele teria de encerrar parcialmente algumas das suas operações, como o sistema de saúde.

Bini Smaghi ameaçou que a Europa destruiria a economia grega se esta tentasse reduzir (scale back)as suas dívidas ou mesmo estender para maturidades a fim de reflectir a sua capacidade de pagar. A opção da Grécia era entre isso ou a anarquia. A reestruturação não beneficiaria "o povo grego. Ela implicaria um grande desastre económico, social e mesmo humanitário, dentro da Europa. A disciplina implica que as coisas caminhem suavemente, mas se você liquida o sistema bancário, como podem elas ir suavemente?"

A posição do BCE "é baseada no princípio de que dívidas na área euro têm de ser reembolsadas e os países têm de ser solventes. Isso tem de ser o princípio de uma economia baseada no mercado". (Ralph Atkins, “Transcript: Lorenzo Bini Smaghi,” Financial Times, May 30, 2011. A entrevista ocorreu em 27 de Maio.)

É claro que uma economia orientada para o credor não está realmente baseada no mercado. Os bancos destruíram o mercado através do seu próprio planeamento financeiro central – utilizando alavancagem de dívida para deixar a Grécia com uma opção nua: Ou ela permitiria que responsáveis da UE viessem e trinchassem a sua economia, vendendo os seus principais sítios turísticos e oportunidades de extracção de renda monopolista a credores estrangeiros num gigantesco movimento de arresto nacional, ou ela aguentaria uma situação duríssima e retirar-se-ia da eurozona. Foi este o acordo que Bini Smaghi ofereceu: "se houver privatizações suficientes e assim por diante – então o FMI pode desembolsar e os europeus farão a sua parte. Mas a chave jaz em Atenas, não alhures. O elemento chave para o retorno da Grécia ao mercado é travar discussões acerca de reestruturação".

De uma forma ou de outra a Grécia perderia explicou ele: "incumprimento ou reestruturação não ajudariam a resolver os problemas da economia grega, problemas que podem ser resolvidos só pela adopção das reformas estruturais e medidas de ajustamento fiscal incluídas no programa. Do contrário, isso empurraria a Grécia para uma grande depressão económica e social". Este poder de exigirem ser pagos ou destruírem as poupanças da economia e o sistema monetário é o que os banqueiros centrais chamam de "resgate", ou "restaurar forças de mercado". Banqueiros afirmam que a austeridade ressuscitará o crescimento. Mas aceitar isso como alternativa democrática realista seria auto-imolação.

A menos que a Grécia assinasse esta insensatez, nem o BCE nem o FMI concederiam empréstimos para salvar o seu sistema bancário da insolvência. Em 31 de Maio de 2011, a Europa concordou em proporcionar €86 mil milhões se a Grécia "adiar por enquanto uma reestruturação, suave ou dura, do enorme fardo que é a dívida grega". A pretensão constituía a "esperança de que num par de anos a Grécia estará em melhor posição para reembolsar plenamente suas dívidas". A antecipação do falso resgate levou o euro a recuperar-se em relação a divisas estrangeiras e as acções europeias saltaram 2 por cento. Os rendimentos de títulos gregos a 10 anos caíram "apenas" um nível aflitivo de 15,7 por cento, um ponto percentual abaixo da altura da semana anterior de 16,8 por cento quando um responsável grego fez o anúncio ameaçador de que "Reestruturação está fora de discussão. Por agora trata-se só de crescimento, crescimento, crescimento".

Como pode austeridade consistir em crescimento?

Esta ideia nunca funcionou, mas a pretensão está em andamento. A UE proporcionaria bastante dinheiro para o governo grego salvar possuidores de títulos de terem de sofrer perdas. O sector financeiro suporta pesadas despesas de contribuintes enquanto o fardo não cair sobre si próprio ou seus principais clientes no sector imobiliário ou a infraestrutura de monopólios a ser privatizada.

O compromisso empréstimo-por-privatização foi chamado de "ajuda à Grécia" ao invés de ajuda a possuidores de títulos alemães, franceses e outros. Mas os investidores financeiros sabiam melhor. "Desde que começou a crise, 60 mil milhões de euros em depósitos foram retirados de bancos gregos, cerca de um quarto do produto do país" (Atkins, FT ). Estas retiradas, que foram ganhando ímpeto, foram da dimensão precisa do empréstimo que estava a ser oferecido!

Enquanto isso, a transferência de 60 mil milhões de euros para fora dos balanços dos bancos e para dentro do sector privado ameaçava elevar o rácio da dívida pública em relação ao PIB em mais de 150 por cento. Houve a conversa de que outros 100 mil milhões de euros seriam necessários para "socializar as perdas" que de outra forma seriam sofridas por banqueiros alemães, franceses e outros da Europa que tinham os olhos fitos num ganho inesperado se títulos gregos fortemente descontados fossem tornados livres de risco pelo retalhamento da Grécia de forma muito semelhante àquela que o Tratado de Versalhes fez à Alemanha após a I Guerra Mundial.

A população grega certamente viu que o mundo estava em guerra financeira...

Multidões cada vez maiores reuniram-se a cada dia para protestar na Praça Sintagma, em frente ao Parlamento, tal como multidões de islandeses haviam feito antes sob ameaças semelhantes dos seus sociais-democratas de liquidarem a nação junto a credores europeus. E assim como o primeiro-ministro da Islândia, Sigurdardottir, resistiu arrogantemente contra a opinião pública, da mesma forma comportou-se o primeiro-ministro socialista grego, George Papandreu. Isto levou a Comissária das Pescas da UE, Maria Damanaki, "a 'falar abertamente' acerca do dilema enfrentado pelo seu país", advertindo: "O cenário da saída da Grécia do euro está agora em cima da mesa, assim como os caminhos para fazer isso. Quer concordemos com os nossos credores sobre um programa de árduos sacrifícios e resultados ... ou quer retornemos ao dracma. Tudo o mais é de importância secundária". E o antigo ministro das Finanças holandês Wiem Vermeend escreveu em De Telegraaf que "A Grécia deveria deixar o euro", uma vez que nunca será capaz de reembolsar a sua dívida".

Tal como na Islândia, as medidas de austeridade gregas deveriam ser postas em referendo nacional – com pesquisas relatando que cerca de 85 por cento dos gregos rejeitam o salvamento bancário com plano de austeridade. O seu governo está a pagar pelo crédito o dobro dos alemães, apesar de aparentemente não haver risco cambial externo (utilizando o euro). O resultado pode ser impulsionar a Grécia para fora da eurozona, não só ao forçá-la ao incumprimento (a receita não está lá para pagar) como pela Terceira Lei do Movimento Político de Newton: Toda acção cria uma acção igual e oposta. A tentativa do BCE de fazer com que o trabalho grego ("contribuintes") paguem possuidores estrangeiros de títulos está a levar à pressão pelo repúdio total e ao movimento interno "Não pagarei". O movimento trabalhista grego sempre foi forte e a crise da dívida está a radicalizá-lo ainda mais.

O objectivo dos bancos comerciais é substituir governos na criação de moeda, tornando a economia inteiramente dependente deles, com a tomada de empréstimos pelo sector público criando um enorme "mercado" livre de risco para empréstimos geradores de juros. Foi para ultrapassar esta situação que foi criado o Banco da Inglaterra em 1694 – para libertar o país da dependência do crédito italiano e holandês. De modo análogo a Reserva Federal dos EUA, com todas as suas limitações, foi fundada para permitir ao governo criar a sua própria moeda. Mas os bancos europeus manietaram os seus governos, substituindo a democracia parlamentar pela ditadura do BCE, o qual está impedido constitucionalmente de criar crédito para governos – até que bancos da Alemanha e da França considerem do seu próprio interesse fazer isso. Tal como o professor Bill Black, da Universidade do Missouri-Kansas City resume a situação:
"Um país que abandona a sua divisa soberana aderindo ao euro abandona os três principais meios efectivos de responder a uma recessão. Ele não pode desvalorizar a sua divisa para tornar as suas exportações mais competitivas. Ele não pode empreender uma política monetária expansionista. Ele não tem qualquer política monetária e os países da periferia da UE não têm influência significativa sobre as políticas monetárias do BCE. Ele não pode montar uma política fiscal adequadamente expansionista devido às restrições do pacto de crescimento e estabilidade da UE. O pacto é um duplo paradoxo – ao impedir políticas fiscais contra-cíclicas prejudica o crescimento e a estabilidade por toda a Eurozona".

As políticas financeiras agora são dominadas pelo impulso para substituir incumprimentos de dívida por contínuos excedentes fiscais para pagar banqueiros e possuidores de títulos. O sistema financeiro quer ser pago. Mas matematicamente isto é impossível, devido à "mágica do juro composto" ultrapassar a capacidade da economia para pagar – a menos que bancos centrais inundem mercados de activos com nova bolha de crédito, como tem feito a política estado-unidense desde 2008. Quando devedores não podem pagar e quando os bancos por sua vez não podem os seus depositantes e outras contrapartes, o sistema financeiro vira-se para o governo a fim de extrair a receita dos "contribuintes" (não do próprio sector financeiro). A política salva bancos insolventes através do afundamento de economias internas na deflação da dívida, fazendo os contribuintes arcarem com o custo dos bancos em más condições.
Estas obrigações financeiras são virtualmente uma exigência de tributos. E desde 2010 elas têm sido aplicadas aos países PIIGS. O problema é que receita utilizada para pagar credores não fica disponível para gastar dentro da economia. De modo que o investimento e o emprego se contraem e os incumprimentos propagam-se. Alguma coisa deve ceder, politicamente assim como economicamente, quando a sociedade é recuada ao "problema de Copérnico".

Será que a economia "real" da produção e do consumo gira em torno das finanças ou, em alternativa, as exigências financeiras de juros devorarão o excedente económico e começarão a comer a própria economia?

Deterministas tecnológicos acreditam que a tecnologia conduz tudo. Se assim fosse, o aumento da produtividade teria feito toda a gente rica na Europa e nos Estados Unidos, bastante rica para não ficar em dívida. Mas há um brutal questionamento da Escola de Chicago insistindo em que o sofrimento desnecessário de hoje é perfeitamente natural e mesmo necessário para resgatar economias através do salvamento dos seus bancos e do encargo da dívida – como se tudo isto fosse o núcleo económico, não o envoltório em torno do núcleo.

Enquanto isso, economias estão a cair mais profundamente na dívida, apesar das medidas de aumento da produtividade. O enigma aparente foi explicado muitas vezes, mas é tão contra-intuitivo que produz uma parede de dissonância cognitiva. A visão natural é pensar que o mundo não deveria estar neste caminho, deixar a criação de crédito sobrecarregar economias com dívidas sem financiar os meios de pagá-las. Mas este desequilíbrio é a dinâmica chave que define se as economias crescerão ou contrair-se-ão.

John Kenneth Galbraith explicou que a banca e a criação de crédito é um princípio tão simples que a mente o rejeita – porque é alguma coisa em troca de nada, o proverbial almoço gratuito que tem origem no princípio de bancos criarem depósitos ao fazerem empréstimos. Assim como a natureza odeia o vácuo, do mesmo modo a maior parte das pessoas odeia a ideia de que existe uma coisa tal como um almoço gratuito. Mas os adeptos financeiros do almoço gratuito assumiram o comando do sistema político.

Eles podem manter-se no seu privilégio e impedir uma amortização da dívida apenas na medida em que possam impedir a generalização de uma objecção moral à ideia de que a economia é só para salvar os direitos dos credores de serem reduzidos à capacidade de pagar da economia – pela afirmação de que o travão financeiro é realmente a chave para o crescimento, não um pagamento de livre transferência.

O iminente referendo grego coloca esta questão assim como o fez no princípio desta Primavera o da Islândia. Como comentou Yves Smith recentemente quanto ao "jogo da galinha" de se o governo da Grécia aceitaria ou rejeitaria os seus árduos termos.
"Isto é ao que se assemelha a escravidão da dívida a um nível nacional. ... A Grécia parece estar no seu caminho para ficar sob a bota de banqueiros assim como antigamente pequenos agricultores livres sulistas foram transformados em "colhedores de dívidas" após a Guerra Civil dos EUA. Políticas deflacionárias deixaram muita gente com pagamentos de hipotecas cujo serviço era cada vez mais difícil. Muitos caem na servidão do 'empenhamento da plantação'. Agricultores estavam famélicos por dinheiro e empenharam suas plantações a mercadores os quais então actuaram de um modo parental abusivo, sendo dadas listas de bens necessários para operar a terra e manter a família do agricultor e repartindo-os como consideravam adequado. Os mercadores não só aplicavam juros aos empréstimos como também vendiam os bens aos agricultores com margens de 30 por cento ou maiores sobre os preços à vista. O sistema era operado, intencionalmente, de modo a que a colheita do agricultor nunca o livrasse das suas dívidas. (o mercador como comprador contratado podia pagar o que quisesse pela colheita; o agricultor não podia comercializá-la junto a terceiros). Esta servidão da dívida finalmente levou à rebelião na forma do movimento populista. (Yves Smith, “Will Greeks Defy Rape and Pillage By Barbarians Bankers? An E-Mail from Athens,” Naked Capitalism, May 30, 2011.)
Poder-se-ia esperar um movimento político semelhante nos dias de hoje. E tal como no fim do século XIX, serão mobilizados economistas académicos para rejeitá-lo. Subsidiados pelo sector financeiro, a ortodoxia económica de hoje considera natural canalizar ganhos de produtividade para o sector das finanças, seguros e imobiliário (finance, insurance and real estate. FIRE) e os monopólios ao invés de elevar salários e padrões de vida.

Obrigar os governos pagarem a credores quando os bancos encalham

Está em debate não só se dívidas à banca deveriam ser pagas pela transferência para o balanço público a expensas do contribuinte, mas também se elas podem razoavelmente ser pagas. Se elas não puderem ser, então tentar pagá-las contrairá as economias ainda mais, tornando-as assim menos viáveis. Muitos países já ultrapassaram este limite financeiro. O que está agora em causa é um passo político – se há um limite de quanto mais juros credores podem pressionar populações nacionais à dependência da dívida.

Gerações futuras podem recordar a nossa época como uma grande Experiencia Social de quão longe o ponto pode ser diferido no qual o governo – ou parlamentos – traçarão uma linha contra a imposição ao passivo público de dívidas para além de qualquer capacidade razoável de pagar sem cortar drasticamente despesas públicas com educação, cuidados de saúde e outros serviços básicos?

Será que um governo – ou economia – será declarado solvente enquanto tiver bastante terra e edifícios, estradas, ferrovias, sistemas telefónicos e outras infraestruturas para liquidar pagamentos de juros sobre dívidas que se acumulam exponencialmente?

Ou deveríamos nós pensar da solvência como existente sob proporções existentes nas nossas economias mistas público/privadas?

Se populações puderem ser convencidas da última definição – como o foram aquelas da antiga União Soviética e como o BCE, UE e FMI estão agora a exigir – então o sector financeiro prosseguirá com buyouts e arrestos até possuir todos os activos do mundo, todos os activos até agora públicos, activos corporativos e aqueles de indivíduos e sociedades.

É acerca disto a guerra financeira de hoje. Em causa está o relacionamento entre o sector financeiro e a economia "real".

Da perspectiva da economia "real", o papel adequado do crédito – isto é, da dívida – é financiar investimento em capital produtivo e crescimento económico. Afinal de contas, é a partir do excedente económico que o juro tem de ser pago.

Isto exige um sistema fiscal e um sistema regulamentar das finanças para maximizar o crescimento. Mas é precisamente a política fiscal que o sector financeiro de hoje está a combater. Ele exige dedutibilidade fiscal para o juro, encorajando o financiamento por dívida ao invés de acções.


Os bancos e não têm mostrado grande interesse pelo bem-estar da economia em sentido amplo. É mais fácil e mais rápido fazer dinheiro sendo extractivo e predatório.

A fraude e o crime compensam, se você puder desactivar a polícia e agências regulamentares. Assim isso tornou-se a agenda financeiro, ansiosamente endossada por porta-vozes académicos e ideólogos dos media os quais aplaudem administradores da banca e correctores de hipotecas subprime, atacantes (raiders) corporativos e seus accionistas, e a nova ninhada de privatizadores, utilizando a medida unidimensional de quanta receita pode ser extraída e capitalizada em serviço da dívida. Desta perspectiva neoliberal, a riqueza da economia é medida pela magnitude das obrigações de dívida – hipotecas, títulos e empréstimos bancários empacotados – que capitalizam rendimento e mesmo esperançosamente ganhos de capital à taxa de juro existente.

A Islândia tardiamente decidiu que era errado entregar a sua banca a uns poucos oligarcas internos sem qualquer supervisão ou regulamentação real sobre as suas transacções. Do ângulo privilegiado da teoria económica, não era loucura imaginar que o gracejo de Adam Smith acerca de não confiar na benemerência do talhante, cervejeiro ou padeiro pelos seus produtos, mas sim no seu auto-interesse, será aplicável a banqueiros? O seu "produto" não é um bem de consumo tangível, mas dívida portadora de juros. Estas dívidas são um direito sobre a produção, receita e riqueza, elas não constituem riqueza real.

Isto é o que os neoliberais pró-financeiros deixam de entender. Para eles, criação de dívida é "criação de riqueza" (eufemismo favorito de Alan Greenspan) quando o crédito – isto é, dívida – aumenta preços de propriedade, acções e títulos e portanto fortalece balanços financeiros. A "teoria do equilíbrio" que está subjacente à ortodoxia académica trata preços de activos (riqueza financiarizada) como reflectindo uma capitalização do rendimento esperado. Mas na Bolha Económica de hoje, preços de activos reflectem seja o que for que banqueiros emprestem. Ao invés de serem baseados no cálculo racional, seus empréstimos são baseados no que banqueiros de investimento são capazes de empacotar e vender a instituições financeiras frequentemente crédulas. Esta lógica leva a tentativas de pagar pensões a partir de um processo de "criação de riqueza" que dirige economias para a dívida.

Não é difícil ilustrar isso estatisticamente. O montante de dívida que uma economia pode pagar é limitado pela dimensão do seu excedente, definido como lucros corporativos e rendimento pessoal para o sector privado e a receita fiscal líquida paga ao sector público. Mas nem a teoria financeira de hoje nem a prática global reconhecem um constrangimento da capacidade de pagar. Assim tem sido permitido ao serviço da dívida comer a formação de capital e reduzir padrões de vida – e agora, exigir privatizações a preços de saldo.

Como alternativa a tais exigências financeiras, a Islândia proporcionou um modelo do que a Grécia pode fazer. Respondendo a exigências britânicas e holandesas de que o seu governo garantisse o pagamento do salvamento do Icesave, o Althing [Parlamento] recentemente afirmou o princípio da dívida soberana:
"As pré-condições para a extensão de garantia do governo de acordo com este Acto são:

1. Que ... o cálculo será feito considerando a dificuldade e circunstâncias sem precedentes com a qual a Islândia está confrontada e a necessidade de decidir sobre medidas que permitam reconstruir seu sistema financeiro e económico.

Isto implica, dentre outras coisas, que as partes contratantes concordarão num pedido fundamentado e objectivo da Islândia para uma revisão do acordo em conformidade com as suas disposições.

2. Que a posição da Islândia como estado soberanos exclui processos legais contra seus activos os quais são necessários para desempenhar de uma maneira aceitável suas funções como estado soberano".
Ao invés de impor a espécie de programas de austeridade que devastaram países do Terceiro Mundo desde a década de 1970 à de 1990 e levá-los a evitar o FMI como uma praga, o Althing está a mudar as regras do sistema financeiro. Ele está a subordinar o reembolso da Islândia à Grã-Bretanha e Holanda à capacidade da economia islandesa de pagar:

"Ao avaliar as pré-condições para uma revisão dos acordos, também serão tomadas em conta a posição da economia nacional e das finanças do governo em qualquer dado momento e as perspectivas a este respeito, com especial atenção sendo dadas a questões de câmbio estrangeiro, desenvolvimentos da taxa de câmbio e a balança de transacções correntes, crescimento económico e alterações no produto interno bruto bem como desenvolvimentos quanto à dimensão da população e da participação no mercado de trabalho".

Esta é a proposta do Althing para regularizar reclamações sobre o banco Icesave que a Grã-Bretanha e a Holanda rejeitam tão apaixonadmente como "impensável". Assim, a Islândia disse: "Não, leve-nos ao tribunal". E é neste ponto que as coisas estão agora.

A Grécia não está em tribunal. Mas fala-se de uma "lei superior", tal como foi discutidos nos Estados Unidos antes da Guerra Civil quanto à escravidão. Em causa está hoje o seu análogo financeiro, a servidão da dívida.

Será suficiente mudar o ambiente financeiro do mundo?

Pela primeira vez desde a década de 1920 (tanto quanto sei), a Islândia fez do princípio capacidade-para-pagar a base legal explícita para o serviço internacional de dívida. O montante a ser pago deve ser limitado a uma proporção específica do crescimento do seu PIB (com base na admitidamente ténue suposição de que este possa ser convertido em rendimentos de exportação). Após a recuperação da Islância, a Tesouro ofereceu como garantia de pagamento à Grã-Bretanha no período 2017-2023 até 4 por cento do crescimento do PIB após 2008, mais outros 2 por cento para os holandeses. Se não houver crescimento no PIB, não haverá serviço da dívida. Isto significa que se credores tomassem acções punitivas cujo efeito seja estrangular a economia da Islândia, eles não obteriam pagamento.

Não é de admirar que a burocracia da UE reagisse com tamanha raiva. Era quase uma rebelião de escravos. Retornando à Terceiro Lei do Movimento, de Newton, aplicável à política e à ciência económica, era bastante natural para a Islândia, como para a maior parte dos países por toda a área do desastre neoliberalizado, ser a primeira economia a recuar.

Nos últimos dois anos viu o seu status afundar dos mais altos padrões de vida do Ocidente (financiados pela dívida, como se verificou) para o mais profundamente endividado. Em tais circunstâncias é natural para uma população e seus representantes eleitos experimentarem um choque cultural – neste caso, uma consciencialização da ideologia destrutiva dos eufemismos do "mercado livre" neoliberal que levaram à privatização dos bancos do país e a decorrente bacanal de dívida.

Os gregos reunidos na Praça Sintagma não parecem precisar de qualquer choque cultural para rejeitarem a genuflexão do seu governo socialista a banqueiros europeus. Aparentemente podem seguir a Islândia e levar o pêndulo ideológico outra vez rumo à consciência clássica de que na prática esta retórica revela-se ser uma teoria económica lixo favorável a bancos e credores globais. Dívida portadora de juros é o "produto" que os bancos vendem, afinal de contas. O que parecia à primeira vista ser "criação de riqueza" era mais precisamente criação de dívida, na qual os bancos não assumiam qualquer responsabilidade pela capacidade de pagar. O crash resultante levou o sector financeiro a acreditar subitamente que amava o controle centralizado do governo – na medida dos pedidos ao sector público por salvamentos que reduzissem economias endividadas a uma geração de servidão fiscal para pagar a dívida com a resultante contracção económica.

Tanto quanto sei, este acordo é o primeiro desde o Plano Young para reparações devidas pela Alemanha de subordinar obrigações internacionais de dívida ao princípio da capacidade de pagar. A proposta do Althing explicita isso em termos claros, como uma alternativa à ideia neoliberal de que economias devem pagar quer queiram quer não (como diria Keynes), sacrificando seu futuro e conduzindo a sua população a emigrar numa vã tentativa de pagar dívidas que, no fim, não podem ser pagas mas simplesmente deixam economias devedoras irremediavelmente dependentes dos seus credores. No fim, países democráticos não estão desejosos de entregar a autoridade do planeamento político a uma oligarquia financeira emergente.

Não há dúvida de que países pós-soviéticos estão a observar, bem como os latino-americanos, africanos e outros devedores soberanos cujo crescimento tem sido atrofiado pelos programas de austeridade predatórios impostos pelo FMI, Banco Mundial e da UE nas últimas décadas. Todos nós deveríamos desejar que a era pós Bretton Woods esteja ultrapassada. Mas não estará até que a população grega siga a da Islândia dizendo não – e a da Irlanda finalmente acorde.

...e Portugaliiiiii !?!

lélio m p o