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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

«REDUZIDOS A NÓS PRÓPRIOS»

O tal guião sobre a reforma do Estado foi fdinalmente apresentado a todos os que se deram ao trabalho de ouvir mais um rosário de mentiras. Até já se pretende, também, uma nova revisão constitucional, o que se compreende de certo modo.

Nos últimos tempos os inquilinos do Palácio Ratton têm-se visto à nora como todas essas propostas de lei que, após serem devida e sabiamente analisadas têm recebido o “sê-lo” de inconstitucionais e “zás”, declaradas dessa forma, o que muito molesta quer o senhor Pedro, quer o senhor Aníbal de Boliqueime quer ainda outros, que imputam as culpas a quem as não tem.

Com uma nova tábua de salvação – a tal revisão da Constituição – nada disso aconteceria e, talvez até se pudesse fazer umas economias, dispensando os serviços dos juízes do Tribunal Constitucional.

Voltando ao guião de todo aquele palavreado sobre a reforma do Estado, que nem sequer parecenças tem com ela, apenas mais umas medidas proteccionistas daquele meia dúzia do costume, o senhor Paulo – justiça lhe seja feita – tentou esmerar-se, notando-se, todavia, ter havido uma certa precipitação, como desprezo pelos cidadãos, que já nem para uma côdea de broa conseguem angariar fundos.

Assim, com toda a acrimónia, com todas as peneiras deste mundo, decidiu, uma vez mais, veremos se não a considerará também irrevogável à sua maneira, se não deixará uma margem para discussão, tentando aprovar mais um aborto.

Da forma como andam as coisas no PS, não creio, no entanto, que tal aconteça, como não acredito que alguém de fora da maioria aceite uma nova revisão constitucional.


Daí estarmos entregues a nós próprios, porque até o PS se tem remetido a um sepulcral silêncio que leva a duvidar que se possa ainda esperar por um futuro melhor.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

«O DRAMA DE SER PORTUGUÊS»

O português tem o “privilégio” de viver duas vezes a nossa condição. Representa a existência separada por excelência ou, para empregar uma expressão de que se servem os teólogos para qualificar Deus, o inteiramente outro.

Consciente da sua singularidade, pensa nela ininterruptamente e nunca se abandona: daí esse ar constrangido, crispado ou de falsa segurança que é tão frequente naqueles que carregam o fardo do segredo.

Em vez de se orgulhar das suas origens, de as ostentar e de as afirmar bem alto camfula-as: não lhes conferiria, porém, a sua sorte ímpar o direito de olhar com altivez a turba humana?

Vítima, reage  à sua maneira como um vencido sui generis.

Em mais de um aspecto, aparenta-se a essa serpente que transformou em personagem e em símbolo.

Não julguemos, todavia, que também ele tem o sangue-frio: seria ignorar a sua verdadeira natureza, os seus entusiasmos, a sua capacidade de amor e ódio, o seu gosto pela vingança ou as excentricidades da sua caridade.

Excessivo em tudo, emancipado da tirania da paisagem, da estupidez do enraizamento, sem amarras, acósmico, é um homem que nunca será daqui; o homem vindo de outro lugar, o estrangeiro em si, que não poderia sem equívoco falar em nome dos indígenas, de todos.

Traduzir os seus sentimentos, tornar-se seu intérprete, como pretenderia ele semelhante tarefa? Não haveria multidão que conseguisse arrastar, conduzir, sublevar: a trombeta não lhe assenta bem.

Censurá-lo-ão pelos seus pais, pelos seus antepassados, que repousam lá longe, noutros países, noutros continentes.

Sem sepulturas para mostrar, para explorar, sem a possibilidade de ser o porta-voz de qualquer cemitério, não representa ninguém senão ele próprio, nada senão ele próprio.

Se se reclama da última palavra de ordem, se está na origem de uma revolução, ver-se-á rejeitado no exacto momento em que as suas ideias triunfam, em que as suas palavras têm força de lei..

Se serve uma causa, não poderá fazê-la sua até ao fim. Chega o dia em que tem que a contemplar como espectador, como desiludido. Defenderá em seguida uma outra, com um excesso não menos notório. Muda de país, porque no seu já nada tem. O seu drama recomeça.

O êxodo é a sua base, a sua certeza, o seu lar!

Perseguido em nome do Cordeiro, permanecerá sem dúvida não-cristão enquanto o cristianismo se mantiver no poder. Mas ama de tal modo o paradoxo  - e os sofrimentos dele derivados – que talvez se converta à religião cristã no momento em que esta for universalmente aborrecida. Será então perseguido pela sua nova fé. Titular de um destino religioso, sobreviveu a Atenas e a Roma, como sobrevirá no Ocidente, e prosseguirá a sua carreira, invejado e odiado por todos os povos e governantes que nascem e morrem…?...





«OS PONTOS NOS “iiii”»

A hipocrisia, como a desonestidade ou a corrupção, não admite gradação. Não há maior ou menor hipocrisia, assim como não existe desonestidade mínima ou máxima, corrupção de grande ou pequeno porte. Certa hipocrisia, por exemplo, não é maior nem menor que as denunciadas na política. A sua desonestidade é tão grande como qualquer outra sonega informações ou trata com privilégios certos pontos de vista sem a apresentação equivalente do contraditório. E ela é cúmplice da corrupção quando,  em nome de interesses políticos, elege a dedo um caso e deixa de lado, acintosamente, todos os demais, que têm como protagonistas os seus aliados.

Por tal motivo defendo a democratização plena dos meios de comunicação, de modo a impedir que meia dúzia de famílias portuguesas, afinadas ideologicamente em torno de interesses que não são os nacionais, detenham o monocórdio poderr de distorcer factos a seu bel prazer.

Não vivemos no melhor dos mundos no Portugal de hoje, longe disso. E se ninguém vive no melhor dos mundos na Terra de hoje, de quem será a culpa?

Sem precisar de ser um especialista,m qualquer leitor  do planeta pode perceber os sérios problemas que envolvem os actuais caminhos da humanidade. SDE nos voltarmos para a economia veremos a derrocada de grandes países da Europa, com seus índices expressivos de desemprego, a estrondosa desaceleração do império americano, a previsível falência desse sistema integrado de mercados que vincula os descalabros de grandes corporações bancárias à infelicidade dos cidadãos de todo o mundo.

Não vivemos o melhor dos mundos em Portugal, pela simples razão de que além de tudo o demais, os políticos mentem como “danados”. Só a desfaçatez dos manipuladores da informação consegue não ver isso. Só essa preocupação mórbida como as previsões catastróficas e terroristas pautadas pelos patrões mediáticos (!!!) faz com que alguns profissionais trabalhem sempre com meias verdades repletas de parcialidade.

Temos a “imprensa do tomate”, aquele que preconizou uma inflação galopante a partir de um problema sazonal que envolvia um único produto da mesa do português.

Temos a “imprensa” de analistas e especialistas escolhidos a dedo para repetir as derrotas afirmadas pelo maior dos ícones da democracia: o voto.

Afirmei e afirmo a minha independência quanto a partidos políticos, nesse conturbado sistema que obriga a governabilidade a criar “sacos de gatos”, mas também de “ratos” em que os princípios ideológicos cedem a pragmatismos de ocasião. Afirmo, aqui inclusive, a minha insatisfação em ver, mesmo sem ser estranho, os actores de sempre, aqueles mesmos que povoaram gabinetes repressores da ditadura,  salões coloridos pouco respeitáveis ou festas do “meio”. Reafirmo aqui o meu desconsolo com agremiações partidárias, cuja integridade é incompatível com o sistema político vigente.

Nada disso, porém, me impede de me posicionar a favor de medidas que se voltem para a diminuição das desigualdades sociais, para o combate à miséria, para a dignidade do ser humano, para a afirmação cidadã.

Céptico em relação à utopia, aplaudo, no entanto, tido o que se aproxima da justiça social. Nesse sentido é que me coloco a favor de medidas tomadas por alguns governos que sucederam, e sucederão ao neoliberalismo.

Críticas, sempre as haverá, sobretudo daquelas que sabem não ter razão mas tudo fazendo para nos tentar fazer crer que a culpa é de alguém  que a não tem totalmente, tentando puxar a brasa à sua sardinha, sem todavia o conseguirem.

Bom! Cada um coloca os pontos nos “iii” do modo que acha melhor para si e para os seus, mesmo sabendo estar a cometer erros fatais para a sociedade em geral. Pelo menos coloco-os sempre, embora saiba haver muita gente que se pensa boa que nunca escreve os iis com os devidos pontos…



terça-feira, 29 de outubro de 2013

«OS PATOS LUSITANOS»

Fazem tudo mal. É verdade; nada há que consigam fazer bem, a não ser, evidentemente, retirar aos cidadãos o que lhes pertence por direito. Inventam-se novos métodos, que fazem lembrar histórias de Bonnie and Clyde, inventando polémicas que imputam a outros.

O objectivo aqui é ajudar o telespectador a entender o que está por tráss das polémicas. Nada de citar nomes, mais uma vez, para continuar com um dos maiores clichés sem identificar o adversário.

Um dos seus maiores lugares comuns é a vitimização. Pode-se chamar alguém de “Nassifilis” Mas se o compararem a um rottweiler, aí, trata-se de um pecado mortal e, o suposto ofendido transforma-se em Maria Madalena e chora perdidamente.

E então o indivíduo, no papel de coitadinho, oh Deus, implora a solidariedade vingativa dos seus ouvintes obtusos; daí, oferece o e-mail..., um e-mail,  do ofensor para a sua tropa de choque composta, bem, de rottweilers, reais ou simplesmente inventados.

Outro lugar comum de certos polemistas é atribuir aos outros o que eles mesmos fizeram ou fazem.

Você, em determinado momento, foi sustentado por alguma caixa do governo, numa revista tão má que mesmo com as muletas do dinheiro público terminou na sajeta.

Esquece isso. Oblitera a sua biografia. E atribui a todos os que lhe são incómodos, o que você praticou com a maior tranquilidade.

Todos os demais são malvados financiados pelo dinheiro público. Mas o dinheiro público que jorrou nos seus bolsos foi merecidíssimo, meritocrático em cada cêntimo.

Para terminar, fica a sugestão para certos polemistas.

Se numa mesma semana você é chamado de pato – por voar mal, andar mal e nadar mal – e de rottweiler, pode, perfeitamente recorrer à Sociedade Protectora dos Animais. Pelo menos nisso você não incorrerá num lugar comum de certos polemistas.




«TERCEIRA IDADE NO SEU MELHOR!»

Fernando e Samuel, dois amigos, têm por hábito encontrar-se todos os dias no Parque para dar de comer aos pombos, observar os esquilos e falar acerca dos problemas que afectam o mundo e, ainda, jogarem uma partida de xadrez.

Um belo dia, Samuel não apareceu. Fernando calculou que se tivesse constipado, pelo que não pensou muito no assunto.

Após uma semana sem que Samuel aparecesse, o Fernando começou a preocupar-se.

Mas, como o único tempo que passavam juntos era no Parque, Fernando não sabia onde morava o Samuel, razão pela qual não podia saber que se teria passado com seu amigo.

Passou um mês, e o Fernando chegou a pensar não mais ver o seu amigo.

Uma bela manhã, ao aproximar-se do Parque, lá estava o Samuel sentado.

Fernando ficou muito excitado e feliz por ver seu amigo, a ponto de lho dizer.

Passado o momento de excitação disse-lhe:

- Francamente, Samuel, que te aconteceu?

- Estive preso!, disse Samuel.

- Preso? A que propósito?

- Bem, disse Samuel; conheces aquele loirinha (boa como o milho), que trabalha no café onde vou às vezes?

- Sim, disse o Fernando, lembro-me bem dela! Que lhe aconteceu?

- Bem, um dia ela queixou-se de mim “por violação” e eu, com 89 anos fiquei tão orgulhoso que me declarei “Culpado”! Ora, o estúpido do juíz aplicou-me 30 dias de prisão por “faltar à verdade!”




«VENCER O VAZIO PORTUGUÊS»

O espaço encontra-se fraccionado como um território no qual se desenham e se determinam,  quase em sobreposições simbólicas com os dejectos,, zonas controladas ou, pelo menos, submetidas a leis não escritas, referentes à etologia mais elementar: a luta pela existência e pelo espaço vital, o direito ao terreno e ao primeiro ocupante, a impiedosa selecção, a gestão solitária ou tribal dos bens e das riquezas, a matilha formada à maneira dos rebanhos.

Os que anunciam, impacientes, o final da História, deveriam, em certos casos, interessar-se pelo regresso da pré-história.

Deste modo, os princípios teóricos herdados do neolítico encontram a sua ilustração prática nos territórios onde se pode pedir esmola sem se intrometer no espaço do outro: vãos de escada, caves de imóveis, entradas de edifícios colectivos, desvãos, escadarias e outros locais inabitados que podem ser elaborados, consignados, aos mais esperados, que não utilizados para preservar do destino o que resta de laços e raízes com o mundo daqueles que não são “danados”: os papéis, os documentos, os objectos, os fetiches – tudo pressupõe e necessita de uma arregimentação do espaço e de um domínio das parcelas, consoante a ordem das forças e das necessidades vitais.

Um tempo reduzido ao imediato, um espaço ordenado em virtude dos princípios postulados por Darwin, constituem as únicas riquezas que ainda restam ao “danado”. É por isso que ele não se deixa despojar daquilo que ainda lhe resta como seu, nas instituições caritativas – os mesmos amadores de neologismos pudicos dizem caridosas – onde, para ser admitido, tem até de abandonar o livre desfrutar do tempo e do espaço em benefício de outras marcas impostas pela instituição: emprego do tempo, distribuição dos quartos, renúncia à pouca autonomia que resta, em proveito de ordens provenientes dos responsáveis que anunciam as horas a que ele se deve levantar, deitar e tomar as refeições, obrigando-o a despir-se, a lavar-se, a ser calibrado, tudo isto consentido se se abdicar, entretanto, do que subsiste como margem de manobra.


Paradoxalmente, a rua continua a ser o que resta ao danado quando lhe suprimiram tudo  - bem se pode dizer que se trata, às vezes, de um luxo incrível para aqueles que só  têm um corpo exigente e dorido, frágil e imperioso.  Mesmo que tenha de partilhar esta geografia monstruosa com os cães vadios, os ratos famintos e os dejectos animais ou outros caixotes do lixo entornados, o danado mostra uma excepcional vitalidade, uma coragem inominável e uma força que estou longe de crer que seja tão manifesta naqueles a quem deve o seu estado: os guardas das galés do capitalismo desenfreado.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

«PRIMO LEVY»

Sábado, dia 11 de Abril de 1987, pouco depois das 10 da manhã, enqynto sua mulher tinha ido às compras e quando a porteira acabara de lhe entregar o correio, Primo Levu transpôs o corrimão do patamar da sua escadaria, lançou-se no vazio e encontrou-se cinco andares mais abaixo, esmagado no sopé do elevador.

O corpo daquele que vivera Auschwitz exalava assim o seu último suspiro.

Teriam ainda triunfado os nazis, meio século mais tarde? Ele não deixou nenhuma palavra a explicar o seu acto. Mas sabe-se que, desde há alguns anos, andava atormentado por uma profunda depressão. É assunto da vida privada, claro, mas quem poderá dizer aquilo que a história do mundo, ao encontrar a história singular, é capaz de produzir como reacções tenebrosas ou motivações sombrias?

Primo Levy já não suportava a ascensão das teses revisionistas e negacionistas. Decidira sair da reserva que outrora escolhera, para incutir uma maior presença em qualquer lado em que lhe parecesse necessário testemunhar, a fim de não deixar morrer duas vezes companheiros de campo e para dar um sentido à sua sobrevivência.

Páginas, conferências, colóquios, esclarecimentos, intervenções mediáticas e, depois, a antepenúltima obra, um artigo publicado na Stampa a 22 de Janeiro de 1986, que se intitulava “Buco nero di Auschwitz” (O Buraco negro de Auschwitz), no qual rejeita, ponto por ponto, as teses negacionistas de Hillgruber, para quem as câmaras de gás se reduzem a uma simples invenção tecnológica – e, por fim, o suicídio.

A ascensão destas teses na Europa – sob o falacioso pretexto de uma nec essária reconciliação entre os países –, o esquecimento da condenação daquelas e daqueles que fizeram a história sinistra dessa época, a ausência de memória que testemunham as novas gerações, a lassidão da maioria acerca deste tema, a confusão entre os registos virtuais e reais, as misturas de ficção com imagens de arquivos, o relegar, da parte do público em geral, de toda a História, digna desse nome, para as calendas gregas e, sobretudo, a permanência, disseminada pelo mundo, daquilo que fez o nazismo: tudo isto afecta uma quantidade de deportados que, uma vez regressados, não se contentam em gerir uma carreira paralela à dos antigos combatentes. Primo Levu era dessa estirpe.

Ao seu suicídio seria necessário juntar os de Bruno Bettlheim e de Jean Améry, também eles antigos deportados e, ainda, os de quantos anónimos que sobreviveram aos campos?


(…)

domingo, 27 de outubro de 2013

«A IGUALDADE INTER-HUMANA»

A igualdade não tem que se realizar no meio da lama, nos pés da guilhotina ou na humidade das choças, mas sim perante a regra do jogo estipulada, que é a mesma para todos, independentemente da cor da pele, da sexualidade, da idade, da inteligência, dos ganhos, das faculdades do sexo, da religião e da opinião de cada um.

Colocado este princípio de um mosaico, este elogio da diversidade adquirida e esta acepção da igualdade consentida,  enquanto definições cardeais da mística de esquerda, pode constatar-se quanto as ideias e as reformas que provinham destes princípios foram, e continuam  a ser, pertinentes, apesar de terem decorridos vários anos.

A Constituinte e a Legislativa a descentralização para que as pessoas da província desfrutassem das mesmas oportunidades que os da capital perante o saber, as riquezas e o poder,, e decidiram descolonizar para que brancos e negros ficassem em pé de igualdade perante a produção de riquezas e perante a lei; decretaram a elegibilidade para todos, mas, como sempre se  verifica, existem os “pára-quedistas” que deixam as suas terras para se candidatarem a outras que não comnhecem minimamente, afim de que os protestantes, os não católicos em geral, proprietários ou desprovidos, pudessem aceder do mesmo modo às funções representativas; votaram leis permitindo a todos o livre acesso às obras de arte, a sua exposição, a sua exposição em museus nacionais criados para esse efeito, de modo a que a cultura deixasse de ser um instrumento de reprodução social e se tornasse uma possibilidade de se elevar a uma promessa de felicidade; decidiram que os soldados se pudessem inscrever nos clubes políticos, abrindo, dessa maneira, a porta da cidadania aos homens de armas; aboliram a distinção entre cidadão activo e cidadão passivo para que os pobres pudessem, tal como os ricos, ter um assento na Assembleia da República; legislaram o divórcio e simplificaram o casamento e a adopção, no intuito de permitir às mulheres uma autonomia que as dispensasse de uma submissão definitiva aos seus maridos.

Que se leve tempo para reflectir e para perspectivar estes princípios emitidos e estas leis votadas a par da realidade, tal como ela é, todos estes anos mais tarde, nem que seja apenas no território nacional, e constar-se-á quanto uma mística de esquerda parece, mais que nunca, necessária para manifestar a permanência de ideais, princípios e virtudes postas a dormir, quando não, pura e simplesmente achincalhadas.

As pessoas da província estarão em pé de igualdade de oportunidades com as da capital, relativamente ao acesso às riquezas, ao saber, à cultura, aos serviços?

As pessoas de cor serão tão bem consideradas quanto os brancos, em todo o lado, em todos os locais, circunstâncias e ocasiões?

Os excluídos do saber e da cultura, os que deles são privados, terão as mesmas oportunidades que os letrados para circularem no labirinto dos conhecimentos?

Em que pé se encontram as crianças, os doentes mentais, os incuráveis, os desempregados, os operários,  os proletários, em matéria de igualdade, de dignidade, de direito puro e simples à existência e a Constituição para os que têm fome e dormem ao relento como cães são meras frivolidades.

O anjo da revolução, mais que nunca necessário, esquece-se deles, dos rejeitados e dos escravos, para os quais, ainda e sempre, se trata de relembrar a necessidade de uma mística de esquerda que impulsione os ímpetos, solicite as energias, insufle os ventos esmorecidos para deles fazer tempestades, as únicas que o político de elite, esparramado na sua pocilga, entende e compreende.


«ADEUS JORNAIS IMPRESSOS»

Desde muito jovem que me habituei a ler determinado jornal desta velha e nobre cidade invicta – Porto – e, mesmo depois, quando frequentei estudos superiores, iniciados aos 17 anos de idade.

Jé nesse tempo o jornal apoiava as causas estudantis ditas de esquerda, que se juntavam para dar luta à ditadurea imposta pelo velho ditador Salazar

Até então e ainda durante anos, tratava-se de um jornal que conseguiu granjear o honroso títudo de “Jornal Dragão”, talvez porque apresentasse a sua primeira página em parangonas azuis e todo ele respeitava as cores da cidade banhada pelo Rio Douro,  da qualm tanto se orgulhavam, orgulham e orgulharão todos os “Tripeiros” e adeptos do FCP.

Foram tempos de amores pelo “JN”, que estampava na sua primeira página não só os desejos de todos os portuenses, como os de todos os portugueses.

Cativou-me ainda mais aquando da campanha eleitoral de Humberto Delgado, que todos pretendiamos ver eleito presidente, não deixando de sofrer alguns dissabores com a Pide e seus “bufos”, miseráveis esbirros de um regime bolorento ao qual “muito boa gente adereiu, filiando-se e entrando nos quadros da Pide” e que ainda hoje andam por aí.., razão pela qual Portugal e os portugueses não conseguem sair da cepa torta, devido à sempriterna presença desses “Vampiros que tudo sugam!!”.

Recordo-me de um amigo que militava nos quadros do “JN” e que, por se negar a retirar umas “vírgulas” de um artigo que escrevera, foi parar aos calabouços da Pide, na Rua do Heroísmo, necessitado de férias, como lhe disseram.

O “JN” era, então, não apenas um jornal de referência portuense, mas nacional. Um dos poucos que sabiam exercer condignamente o seu papel de informar devidamente pobres e ricos e era vê-lo em quase todas as mão e sobre as mesas de cafés de referência da cidade.

Um belo dia, manhã cedo, quis comprá-lo, respondendo-me a senhora do quiosque que “estava atrasado” naquele dia, quando o que realmente se passava é que tinha sido suspensa a edição.

Se era já o meu jornal preferido, como de muitos, para não dizer todos os da minha geração, consegiu cativar-me ainda mais. Porque, tudo e todos os que eram perseguidos pela Pide, tinha merecidamente toda a simpatia e interesse.

Passados uns anos, o “JN” abriu-se ao público, publicando “artigos” “escritos pelos cidadãos” que expunham as suas opiniões, coisa que deu um novo alento ao Jornal e cresceu, c omo merecia, tornando-se no jornal mais popular e mais lido no país sem qualquer favor, dando a conhecer que em Portugal e na cidade do Porto havia quem, e há, haverá sempre, quem se mantenha atento a tudo quanto se passa quer política quer socialmente.

Durante uns anos ewscrevi/emos como bem nos parecia, até que várias transformações aconteceram, talvez motivadas por tudo quanto se passa actualmente, e o “JN” decaíu, como outros decairam, levando a pensar que ou  muita coisa muda na direcção do Jornal ou dentro em breve passaremos a tê-lo apenas na Internet, o que será verdadeiramente lamentável.

Hoje, 27 de Outubro de 2013, tomei a triste decisão de cancelar a leitura do JN e de qualquer outro Jornal, pois jamais poderei colaborar com determinadas atitudes “reaccionárias” de indivíduos convidados para fazerem parte dos seus “novos” quadros de colunistas, apesar de continuar a respeitar o JN como o Jornal que comprei, que li e com quem “colaborei” durante mais de 60 amos.

Felicidades, “JN”!!!


sábado, 26 de outubro de 2013

«OS OLHOS DA SERPENTE»

Países supostamente amigos – o que leva a duvidar da amizade internacional e a crer mais em interesses – espiam-se entre si – talvez reciprocamente – mas instados a lançarem a primeira pedra mos que nunca pecaram e embora digam tê-la na mão como adorno, limitam-se, numa espécie de bailado mudo a manter-se calados e quietos, como se, afinal, fosse ou seja normal espiarem-se entre si.

Quanto aos líderes desses países, limitam-se a dar explicações esfarrapadas que sabem – sabemos serem mentiras descaradas.

Mas, cada país tem a sua Cruz e Portugal não mfoge à regra, pelo contrário.

Diz-se que foi dito que se devia dizer a verdade, mas tudo quanto se disse foi negado no que diz respeito a determinado convite enviado ao senhor Pedro pelo “malvado” do homónimo filósofo grego Sócrates pelo mesmo Pedro Coimbrão, sobre a possibilidade de  criar uma coligação entre ambos os partidos que lideravam, devendo Pedro ocupar o honroso lugar de vice-primeiro-ministro.

De imediato se desencadeou uma espécie de “terramoto” político, que hoje faz recordar aqueles episódios burlescos de que para dançar o tango são precisos dois e outros, negando Pedro semelhante convite.

Depois, possivelmente por haver testemunhas do tal convite, Pedro recua e afirma que foi simplesmente convidado a fazer, com Sócrates, uma coligação governamental.

Talvez que amanhã se recorde de que efectivamente o convite tenha sido formulado tal como afirma o José.

Todos sabemos como se têm passado todos estes anos desde que aconteceu a Revolução de Abril de 1974. Todos sabemos que se têm pautado pela honestidade e seriedade, por actos imaculados, a todos os níveis.

Mas, devido a razões que se conhecem e têm sido amplamente divulgados pelos órgão de comunicação social e vividos num miserável dia-a-dia, as coisas que correm  demasiado rapidamente em determinado sentido, correm, isto é, deslocam-se a passo de caracol no mais importante da questão, e cada vez o povo português se vê mais lixado, interna e externamente.

E, imagine-se que hoje, apesar de tudo e embora todos saibam não ser verdade, abriu-se uma campanha de “difamação” contra Sócrates que em seu dizer se afirma ser o único culpado de tudo quanto sucede no país, talvez no mundo, quçá no universo.

Será que se esqueceram de se pagar para abater barcos de pesca?Não! Será que se esqueceram de pagar  para acabar com a agricultura em Portugal? Não! Então?...

Então, é todo esse conjunto de más línguas, e mentirosas que se lançaram numa verdadeira cruzada de tentarem destruir o PS e restantes partidos de esquerda, só para  poderem manter-se por muitos anos no poder.


Não o conseguirão e em breve terão todas as provas do que afirmo!

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

«QUEM FALARÁ DE QUEM---?»

«Qual a matéria seja não se enxerga,
Mas enxerga-se bem que está composto
De vários orbes, que a Divina verga
Compôs, e um centro a todos só tem posto:
Volvendo, ora se abaixe, agora se erga,
Nunca se ergue ou se abaixa, e um mesmo rosto
Por toda a parte tem; e em toda a parte
Começa e acaba, enfim, por divina arte:»

E vós, senhor Catroga, com conhecimento de causa, ousais por vossa vez afirmar que esse alguém deveria estar a ser em tribunal julgado?

Que diriéis vós de um Cavaco e de outros que tal, que mais não fizeram nem fazem que espoliar o que pertence ao povo de Portugal?

Que dizeis vós senhor, dos tachos acumulados para em cada ano civil estardes presente numa ou noutra reunião, açambarcando milhares quando deveriéis limitar-vos a gozar das famosas pensões de reforma duvidosamente conseguidas?

Vós, senhor, que melhor sabéis que ninguém não existir político algum que se aproveite, deveriéis antes meditar que asneiras pronunciar.

Porque se, e sabei-lo melhor que ninguém, se ninguém honestamente faz pouco da grei, tendes conhecimento de que todos os  vossos passados e presentes bem-amados líderes, não podem jurar estar como Pilatos no Credo quanto ao supostamente lídimo estado de alma, quanto à tranquilidade da consciência por tudo quanto foi feito, e continua a sê-lo,  contra o leal, sério e trabalhador povo português, a quem ajudastéis na explorar.

Por tais motivos e outros, melhor fariéis em manter-vos calado, sem pretender fazer recair sobre outros a responsabilidade que vem dos vossos actos passados que jamais reconhecerá, pois tal vos não convém!

Solene e honestamente vos afirmo, senhor, que jamais apoiei Sócrates lusitano, que a par convosco se trataria de um puritano!!!



«SABEIS VÓS, SENHORES, O QUE É A INTELIGÊNCIA?»

A inteligência é um predicado possuído pelos animais para adquirirem tirocínio e resolverem as, dificuldades surgidas,  da melhor maneira possível. Supera dificuldades só quem tem conhecimento, informação, habilidade, prática e meios adequados – exigindo outras “qualidades” que não vou citar.

Um mecânico não será mais inteligente que o dono de um carro em pane. Se o proprietário do veículo tivesse todas as qualidades exigidas para ser um bom mecânico, provavelmente repararia o defeito do carro. Por exemplo!

Neste Jardim à beira-mar-plantado que no sédculo XII foi baptizado como Portugal, tudo e todos são doutores e, quem assim não for de nada vale na vida, arriscando-se a não mais sair da cepa torta, mesmo que se sujeite a testes que sirvam como indicativo numa tabela adequada chamada – QI – que, de nada servirá se o testado não apresentar o seu nome precedido de um “dr”. Ora Bolas senhoras e senhores. Isto para evitar dizer m…(d)*!!, e não será por pudor de linguagem.

Isaac Asimov ajudava estudantes de engenharia a desenvolverem projectos para aproveitar peculiaridades das região onde se encontrava, como o uso do marmeleiro, árvore de pequeno porte e muito comum ali para os lados de Fafe.

Criou um projecto com o seu nome. O principal efeito abria as mentes para serem curiosas, craitivas e tentar aprender a resolver problemas.

Contou que estava ele no exército russo quando fez um teste de aptidão, exigido a todos os soldados, conseguindo 160 pontos. A média era de 100. Ninguém tinha visto uma nota dessas e, durante duas horas, ele foi o assunto principal.

Nada significou e, passado um mês, era ainda um soldado raso da KP – Kitchen Police, que trabalhava na cozinha.)

Durante toda a sua vida conseguiu notas como essa,  o que sempre lhe deu uma ideia de que era realmente inteligente, pensando que também os outros pensavam o mesmo.

Porém, na verdade, será que essas notas  não significavam apenas que era bom para responder a um tipo específico de perguntas académicas, consideradas pertinentes por certas pessoas para formularem esses testes de inteligência, e que, provavelmente, têm uma habilidade similar à sua? 

MEU MECÂNICO

Por exemplo, conhecia um mecânico que jamais conseguiria passar um desses testes, penso que nem chegaria a conseguir 80 pontos. Portanto, sempre me considerei mais inteligente que ele.
Mas quando acontecia alguma coisa ao meu carro, era ele que procurava. Via como ele investigava a situação enquanto daria os seus pronunciamentos sábios e profundos, como se fossem oráculos divinos. E depois, com dois toques… o carro saía da sua oficina que nem um relógio de estimação.

Imagine-se se esses testes de inteligência fossem preparados pelo meu mecânico. Ou por um carpinteiro ou por um agricultor, ou qualquer outro que não fosse académico… Em qual desses testes comprovaria eu, e outros “drs”… em qualquer outro que não fosse académico comprovaraia eu (perguntava Asimov, a minha total ignorância?

Seriamos todos considerados estúpidos e ignorantes!!! E sabem porquê?Porque cada macaco no seu galho, isto é, cada um no seu métier, na sua profissão, desempenhada com amor e carinho e com respeito pelos mais humildes.


terça-feira, 22 de outubro de 2013

«O APOCALIPSE…»

Por muito luminoso que o seu espírito seja, reside nele um elemento subterrâneo: surgem e irrompem, estes seres longínquos em toda a parte presentes, sempre alerta, fugindo ao perigo e solicitando-o, precipitando-se sobre cada sensação com uma loucura de condenados, como se não tivessem tempo para esperar e o terrível os espreitasse até no limiar das suas alegrias.

Apegam-se à felicidade e aproveitam-se dela sem moderação nem escrúpulo: dir-se-ia que estão a desfrutar um bem alheio.

Excessivamente ardentes para epicuristas, envenenam os seus prazeres, devoram-nos, põem neles uma pressa e um furor  que os impede de conhecer o mínimo reconforto: afadigados em todos os sentidos da palavra, do mais vulgar ao mais nobre.

A obsessão do depois persegue-os: ora, na arte de viver – apanágio das épocas não proféticas, da de Alcibíades, de Augusto ou da Regência – consiste na experiência integral do presente.

Nada tem de goetheano: não pensariam sequer em deter o mais belo dos momentos.

Os seus profetas que invocam sem  cessar os relâmpagos de Deus, que querem ver aniquiladas as cidades do inimigo, esses profetas sabem falar de cinzas.

Foi nas suas loucuras que S. João se deve ter inspirado para escrever o mais admiravelmente obscuro dos livros da antiguidade.

Remate de uma mitologia de escravos, o Apocalipse representa o ajuste de contas melhor camuflado que se pode conceber.

Tudo nele é vingança, bílis e futuro mórbido.

Ezequiel, Isaías, Jeremias haviam realmente preparado bem o terreno….

Hábeis na valorização das suas desordens ou das suas visões,  divagam com uma arte que não voltou depois a ser igualada: ajudava-os o seu espírito poderoso e impreciso.

A eternidade era para eles um pretexto para as convulsões, um espasmo; vomitando imprecações e hinos, contorciam-se sob o olhar de um deus insaciável de histerias.


 Eis uma religião em que as relações entre o homem e o seu criador se esgotaram numa guerra de epítetos, numa tensão que os impede de meditar, de se demorarem nos seus diferentes e de os resolverem, uma religião à base de adjectivos, de efeitos de linguagem, e em que o estilo constitui o único traço de união entre o Céu e a Terra.

«O ESTRANHO E DESOCONHECIDO»

Uns anos após ter nascido,  creio que em 1958, meu pai conheceu um estranho recém-chegado à nossa grande aldeia.

Desde o princípio que meu pai ficou fascinado com esse encantador personagem, pelo que o convidou a viver lá em casa com a família.

Ele aceitou e, desde então, tem estado sempre connosco.

Enquanto crescia, nunca fiz perguntas acerca do seu lugar entre a família; na minha mente jovem já tinha um lugar muito especial.

Meus pais eram professores complementares: minha mãe ensinou-me o que era o bem e o que era o mal, e meu pai ensinou-me a saber obedecer.

O mais estranho era a voz  uma senhora que contava histórias e nos mantinha enfeitiçados com horas de aventuras, mistérios e comédias, pois já nesse tempo a vida não passava disso mesmo, embora em menor quantidade.

Depois, m A horas sempre certas, uma da tarde e oito da noite, vinha um indivíduo que falava sobre o que se passava no país e no mundo, nunca falando da miséria que se vivia no país e até noutros, aos sábados à noite sessões de velhos e novos fados com futebol à mistura e, aos domingos a missa.

Aquele estranho desconhecido tinha respostas para tudo o que quisessemos saber,  excepto sobre a política, mas muito sobre mistérios e comédias, história ou ciência.

Conhecia todo o passado, do presente e até podia predizer o futuro! Com ele, minha família foi toda ver um jogo de futebol. Podia fazer rir e chorar.

Nunca parava de falar, mas ninguém se importava.

Como na maioria dos lares desta grande aldeia que é Portugal, minha mãe levantava-se  cedo e calada, enquanto ficavamos a ouvir o que tinha para dizer, mas ia só para a cozinha para ter paz e tranquilidade.

Muitas vezes me tenho perguntado se alguma vez teria rezado para que o estranho de fosse embora.

Meu pai dirigia o nosso lar com certas convicções morais, mas o estranho nunca se sentia obrigado a honrá-las. As blasfémias, os palavrões, por exemplo, não era permitidos na casa de meus pais. Nem por nossa parte, nem pela de nossos amigos ou de qualquer que nos visitasse.

Entretanto, o nosso visitante de longo prazo, usava sem problemas a sua linguagem inapropriada que por vezes queimava os meus ouvidos, sem que fosse um menino de coro, e que fazia meu pai retorcer-se no sofá.

Falava livremente acerca do sexo. Agora sei que os meus conceitos sobre as relações foram fortemente influenciados pelo estranho durante a minha adolescência.

Repetidas vezes o criticaram, mas ele nunca fez caso dos valores de meus pais e, mesmo assim, permaneceu lá em casa.

Passaram-se mais de 50 anos desde que o estranho veio para a nossa família. Mudou muito, desde então; já não é tão fascinante como a princípio. Não obstante, se hoje está “religiosamente guardado” na saleta onde víamos e ouvíamos o estranho, que herdei e em condições de funcionamento, e dele não me desfazendo por nada deste mundo. Seu nome?

Alguém o baptizou como Televisor…e, esperando que esta “crónica” seja lida em todos os lares, pois agora tem uma esposa chamada Computador e um filho que se chama Telemóvel, que são uma boa forma de nos manter ainda mais ignorantes e distraídos sobre a realidade.

Porque, aqo contrário de há cinquenta e tal anos, o já conhecido serve para nos mostrar ao vivo toda a vileza política existente neste nosso Portugal.


domingo, 20 de outubro de 2013

«APROXIMAM-SE HORAS DIFÍCEIS»

Imagens e som vindos do Panamá trouxeram, ontem, novas que podem ser de grave importância para todos os portugueses, o que me leva a perguntar quem, afinal, será o “ma…so…quista” que, além disso poderá também ser “sá…di…co” que, na gíria se designa por ”sa…do-ma…so…quis…ta!?”

Imagine-se que, desde agora, o senhor presidente da República irá avaliar nos pedidos de fiscalização do OE/2014 com base nos “custos”.

Francamente não sei onde pretenda chegar,  já que estão criadas as instituições necessárias para isso, o Tribunal Constitucional especialmente, e que não se sentirá qualquer despesa adicional nos seus vencimentos.

Aqui, amigos e amigas, há gato escondido com o rabo de fora! E, como chapéus há muitos, mtambém existem os “Panamás”, obra-prima daquele país, que ainda não vi o senhor Silva colocar um deles na cabeça, local para o qual foram concebidos.

Mas, uma coisa o país ganha: Para além de um maestro, que se rege a si próprio como rege também a Orquestra Nacional, fará primeiro uma avaliação dos intérpretes à sua disposição, fará depois uns càlculos e mandará facturar cada nota com seu valor, sendo a partitura colocada à disposição de quem der mais, sem qualquer abatimento se se tratar de um  “festival” de vários dias.

De momento, passeia-se pelas margens do famoso canal panamaense, talvez inspirando-se para o dia em que se procederá à abertura solene de mais um acto musical ibero-americano.

“Como me gustaria de oyir-los hablar di…re…cta…mente el castelhano”, pois estou convencido de que todos desejarão mostrar que se trata de gente sábia.

É evidente que, e regressando ao OE/2014, a sua única atitude válida seria a de cobrar à actual maioria parlamentar todas as despesas com o OE do próximo ano, uma vez que preferem ignorar a legalidade e o cumprimento da dita na feitoria do documento, obrigando-o e ao TC a uma perda de tempo desnecessária se se limitassem a cumprir as regras estabelecidas na lei geral do país.

Mas, como as bestas de carga portugueses tudo pagam, seja a bem ou a mal, pois ainda existem cortes nas mangas prontos para uma emergência, fará com que tenhamos de recorrer uma vez mais às já muito escassas poupanças, se existirem ainda e há dúvidas sobre isso, que ele,  como o homem que nunca se engana e raramente tem dúvidas, fará por em prática através do seu “delfim” Pedro.

E, quanto a este, como convém na actualidade, mostra um ar solene e distante, remetendo para a Assembleia da República e os deputados darem o seu contributo para um eventual aperfeiçoamento do OE.

Cuidado concidadãos de boa vontade, pois anda mouro na costa e tudo poderá resumir-se a mais uma jogada ou golpe palaciano para dar ainda mais cabo das nossas vidas.