Em Lisboa, viviam dois indivíduos que tinham o mesmo nome:
Pedro!
Um deles era taxista – não muito hábil, é verdade – mas que
ganhava a vida a transportar pessoas de um lado para outro.
O outro, era político e ocupava o cargo de
primeiro-ministro, sendo muito “querido” pela população que, sempre que o via
em público, lhe proporcionava verdadeiros momentos de alegria,; até lhe
cantavam belas canções, como “Grândola Vila Morena”, dedicando-lhe também
determinados nomes carinhosos e amigáveis.
Ora, quis o destino – ao qual ninguém escapa – que morressem
no mesmo dia e à mesma hora, de imediato seguindo as suas almas para o Céu.
Lá chegados, tinham à sua espera S. Pedro, que estava
bastante atarefado com assuntos celestes, e que até pensava solicitar a Deus um
secretário que o ajudasse.
Virou-se então para Pedro, perguntando-lhe como se
chamava.
- Pedro.
- O político?
- Não, o taxista.
S. Pedro consulta os seus livros, as suas notas e, após
uns minutos de reflexão, diz-lhe:
- Bem, ganhaste o teu lugar no Paraíso. Leva esta túnica
bordada a fios de ouro e segue para o teu apartamento, que é o número 12567, da
ala esquerda, devendo virar na segunda à esquerda. Agora Vai!
- O Seguinte…
E o seguinte entrou, mostrando-se altivo.
- O teu nome?
- Pedro.
- O político?
- Sim, eu mesmo!
Novos minutos de reflexão, de consulta dos livros, das
notas e, quando Pedro começava a estar já cansado de esperar pela sentença, S.
Pedro falou:
- Bem… apesar de tudo, e porque te chamas Pedro, tens
direito a ficar no Paraíso, embora nos arredores e nos apartamentos mais pobres
cá do Céu.
- Vês aquela túnica de pano crú ali sobre aquela cadeira?
Pega nela, e vai-te embora; ah., vira à direita na quinta rua, atravessa o
parque de cimento, voltas a virar á direita e depararás com umas casas pobres,
sendo a tua a que tem o número 74. Depois te farei chegar ordens para que
trabalhes na conservação do jardim celeste.
Pedro, então, falou, dizendo-se perplexo com a decisão do
Santo.
- Desculpe, mas deve haver um engano. Eu sou Pedro, o
político, o ex-primeiro-ministro de Portugal.
- Sim, meu filho, e ganhaste o Paraíso, apesar de tudo.
- Não pode ser” Eu conheço o outro Pedro. Era taxista e
era um desastre. Subia aos passeios das ruas por onde conduzia os seus
clientes, batia nos outros carros e nos postes de iluminação, assuatava as
pessoas, e estava-se nas tintas. Eu passei até hoje o tempo a ir à missa todos
os domingos na paróquia… Como é que ele recebe uma túnica bordada a fios de
ouro e eu uma de pano crú? Como vai ele morar num bairro chique e eu numa casa
miserável?
- Não há nenhum engano – diz-lhe S. Pedro – É que, aqui,
no Céu, adoptamos uma gestão profissional…
- Não percebo…
- Mas eu explico-te. Já ouviste falar de Gestão de
Resultados? Observamos que nos últimos anos, cada vez que tu falavas, as
pessoas ficavam revoltadas e algumas até furiosas, obrigadas por ti a pecar. Em
contrapartida, o outro Pedro, sempre que conduzia o táxi, as pessoas rezavam!
- Como bem deves saber, o resultado é que importa! E,
agora, vai-te, antes que me arrependa de te ter dado o Paraíso!
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