Número total de visualizações de páginas

sábado, 23 de fevereiro de 2013

«OS TRÊS PEDROS»


Em Lisboa, viviam dois indivíduos que tinham o mesmo nome: Pedro!

Um deles era taxista – não muito hábil, é verdade – mas que ganhava a vida a transportar pessoas de um lado para outro.

O outro, era político e ocupava o cargo de primeiro-ministro, sendo muito “querido” pela população que, sempre que o via em público, lhe proporcionava verdadeiros momentos de alegria,; até lhe cantavam belas canções, como “Grândola Vila Morena”, dedicando-lhe também determinados nomes carinhosos e amigáveis.









Ora, quis o destino – ao qual ninguém escapa – que morressem no mesmo dia e à mesma hora, de imediato seguindo as suas almas para o Céu.

Lá chegados, tinham à sua espera S. Pedro, que estava bastante atarefado com assuntos celestes, e que até pensava solicitar a Deus um secretário que o ajudasse.

















Virou-se então para Pedro, perguntando-lhe como se chamava.

- Pedro.

- O político?

- Não, o taxista.

S. Pedro consulta os seus livros, as suas notas e, após uns minutos de reflexão, diz-lhe:

- Bem, ganhaste o teu lugar no Paraíso. Leva esta túnica bordada a fios de ouro e segue para o teu apartamento, que é o número 12567, da ala esquerda, devendo virar na segunda à esquerda. Agora Vai!

- O Seguinte…

E o seguinte entrou, mostrando-se altivo.

- O teu nome?

- Pedro.

- O político?

- Sim, eu mesmo!

Novos minutos de reflexão, de consulta dos livros, das notas e, quando Pedro começava a estar já cansado de esperar pela sentença, S. Pedro falou:

- Bem… apesar de tudo, e porque te chamas Pedro, tens direito a ficar no Paraíso, embora nos arredores e nos apartamentos mais pobres cá do Céu.

- Vês aquela túnica de pano crú ali sobre aquela cadeira? Pega nela, e vai-te embora; ah., vira à direita na quinta rua, atravessa o parque de cimento, voltas a virar á direita e depararás com umas casas pobres, sendo a tua a que tem o número 74. Depois te farei chegar ordens para que trabalhes na conservação do jardim celeste.


Pedro, então, falou, dizendo-se perplexo com a decisão do Santo.

- Desculpe, mas deve haver um engano. Eu sou Pedro, o político, o ex-primeiro-ministro de Portugal.

- Sim, meu filho, e ganhaste o Paraíso, apesar de tudo.

- Não pode ser” Eu conheço o outro Pedro. Era taxista e era um desastre. Subia aos passeios das ruas por onde conduzia os seus clientes, batia nos outros carros e nos postes de iluminação, assuatava as pessoas, e estava-se nas tintas. Eu passei até hoje o tempo a ir à missa todos os domingos na paróquia… Como é que ele recebe uma túnica bordada a fios de ouro e eu uma de pano crú? Como vai ele morar num bairro chique e eu numa casa miserável?

- Não há nenhum engano – diz-lhe S. Pedro – É que, aqui, no Céu, adoptamos uma gestão profissional…

- Não percebo…

- Mas eu explico-te. Já ouviste falar de Gestão de Resultados? Observamos que nos últimos anos, cada vez que tu falavas, as pessoas ficavam revoltadas e algumas até furiosas, obrigadas por ti a pecar. Em contrapartida, o outro Pedro, sempre que conduzia o táxi, as pessoas rezavam!

- Como bem deves saber, o resultado é que importa! E, agora, vai-te, antes que me arrependa de te ter dado o Paraíso!



Sem comentários:

Enviar um comentário