O diário estatal Jornal de Angola revela, este
domingo, em editorial "desconfiança" em relação à boa-fé de Portugal
nas relações bilaterais, referindo haver “perseguições” aos interesses
angolanos.
O
diário estatal angolano salienta que, décadas depois da independência, em 1975,
continuam a verificar-se “perseguições aos interesses de Angola em Portugal”.
Numa
referência à recente visita a Angola do ministro de Estado e dos Negócios
Estrangeiros português, Paulo Portas, o jornal prossegue: “Soa mal e gera muita
desconfiança quando vem a Luanda um ministro do governo de Lisboa afiançar que
a amizade entre Portugal e Angola continua de pé e os investimentos angolanos
são ‘bem-vindos’ em Portugal”.
“Já
começamos a acreditar que isso não é sincero. Mesmo quando o portador da
mensagem é Paulo Portas, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de
Portugal, que é líder de um partido que nunca escondeu a sua simpatia por Jonas
Savimbi e que foi director de um jornal, O Independente, que tanta
desinformação verteu para a opinião pública sobre a nossa realidade”,
acrescenta.
Referindo-se
expressamente a Paulo Portas, o Jornal de Angola destaca que o governante
português “está a ser lançado para liderar a direita portuguesa” caso a actual
coligação PSD/CDS não sobreviva às dificuldades de governação.
“Hoje Paulo Portas é um grande amigo de Angola e está a ser
lançado para liderar a direita portuguesa em caso de as coisas correrem mal à
actual coligação, o que mostra que é possível, afinal de contas, um
entendimento com Portugal, se calhar igual ao Entendimento do Luena, para que
se ponha fim, de uma vez por todas, às guerras e guerrinhas portuguesas contra
Angola”, conclui-se o texto.
A
referência ao Entendimento de Luena reporta-se ao documento assinado em 2002
pelo Governo angolano e pela UNITA – União Nacional para a Independência Total
de Angola que pôs fim à guerra civil.
No
editorial, e recuando ao período da guerra civil que dilacerou Angola
(1975-2002), que apenas em 1991-1992 e 1994-1998 viveu breves períodos de paz,
o diário volta ainda de novo a criticar o que considerou ser o alinhamento e
protecção de “parte significativa das elites políticas corruptas e intelectuais
portuguesas”.
O
director afirma também que o “império mediático português” tem sido “sempre um
fiel servidor de Jonas Savimbi”.
N. M.
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