Número total de visualizações de páginas

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O ÓBVIO


Numa Escola muito heterogênea na cidade de Luanda, onde estudam alunos pertencentes a várias Classes Sociais, durante   uma aula de português, a professora perguntou:

- Quem sabe fazer uma frase com a palavra "óbvio"?

Rápidamente, Luana Gourgel Pereira dos Santos Van-Dunén, menina rica, uma das mais aplicadas alunas da turma, respondeu:

- Prezada professora, hoje acordei cedo, depois de uma óptima noite de sono no conforto de meu quarto. Desci as escadas da nossa vivenda no condomínio em Tala-Tona e dirigi-me à copa. Depois de deliciar-me com o pequeno almoço de frutas e sumos naturais, fui até a janela . Percebi que se encontrava guardado na garagem o automóvel BMW-X6, V8 do meupai. Pensei com meus botões:

- É ÓBVIO que meu pai foi para o trabalho com o AUDI-Q7.


Sem querer ficar para trás, Luiz da Silva Kitumba, um rapaz de uma família da Classe Média, acrescentou: 

- Professora, hoje não dormi lá muito bem, mas consegui acordar, porque coloquei o despertador na banca de cabeçeira, perto da cama.

Levantei-me meio zonzo, comi pão com manteiga e tomei chá.

Quando saía para ir para a escola, reparei que o Toyota "Rabo de Pato" do papá estava no quintal. Logo imaginei:

- É ÓBVIO que o papá não tinha dinheiro para ir abastecer gasolina e foi trabalhar de Candongueiro.

*Embalado na conversa, Domingos Bemba Bumba, um menino originário de uma família da Classe Baixa (é óbvio), também quis responder:

- Senhora professora hoje quase não dormi nada , porque a polícia estava a girar e a disparar muito para agarrar os bandidos lá no bairro, até altas horas. Só acordei de manhã porque estava a morrer de fome, mas não tinha nada para comer... quando olhei pela janela, vi a minha avó com o jornal debaixo do braço e pensei:

- É ÓBVIO que ela vai cagar. Não sabe ler...

F. P.
 
  

Sem comentários:

Enviar um comentário