Marcelo Rebelo de Sousa considera que a revisão em
baixa das previsões económicas do Governo foi uma "bomba".
Marcelo Rebelo de Sousa disse hoje, no seu comentário
semanal na TVI, que a revisão em baixa das previsões económicas do Governo foi
uma "bomba" e que cabe a Passos Coelho reconhecer a falha e explicar
que há uma razão para mudar o rumo da estratégia.
"Olhando para os números
de 2012 estava na cara. É uma bomba que se deve a isto: o Governo foi otimista
nas previsões e agora? O Governo tem dois caminhos, que é disfarcar e
reconhecer ao de leve, que é a tentação de Gaspar e Passos, ou admitir o
erro", afirmou Marcelo.
"Mas a solução imposta
pela honestidade intelectual é só uma. Devem assumir o erro e mudar de
discurso, explicando que precisamos de mais um ano para o défice",
acrescentou.
Segundo o comentador político,
o Executivo de Passos Coelho tem também que dizer que são precisos mais anos
para os cortes de quatro mil milhões de euros, no âmbito da reforma do Estado.
Governo tem que
fazer segundo discurso
Marcelo Rebelo de Sousa criticou ainda o ministro das
Finanças, sublinhando que falhou no seu discurso, uma vez que não é possível
controlar o défice sem crescer, nem se alcançará a consolidaçao orçamental sem
crescimento, sendo necessárias medidas.
"O Governo tem que fazer
esse segundo discurso, se não o faz é suicida", disse Marcelo, sublinhando
que o "Governo sai fragilíssimo".
"O ministro das Finanças
- que prima pelo rigor técnico - já sai fragilizado, mas o próprio
primeiro-ministro tem que dizer que há uma razão para mudar o rumo",
acrescentou, frisando que isso torna-se ainda mais importante com a chegada da troika a Portugal para mais uma avaliação.
"Ganhar as
eleições de 2015 é um milagre"
Questionado sobre as próximas eleições legislativas,
Marcelo Rebelo de Sousa disse que será muito difícil o Governo ganhar.
"Ganhar as eleições de
2015 é um milagre e será então um milagre impossivel se não recuar, se
continuar a negar evidências. É um problema de honestidade intelectual
que tem que resolver, se não o Governo vai direitinho ao precipício, que pode começar
já nas eleições autárquicas.
Sobre um cenário de rotura
social, Marcelo Rebelo de Sousa diz não acreditar nessa possibilidade, mas
defende que é preciso não deslaçar o tecido social, esquecendo, por exemplo, os
mais velhos.
"A rutura social acho que
não vai haver, os portugueses são um povo com história e sabedoria. Do que
servia agora a violência? Só destruía a riqueza. Nós nao somos os gregos",
garantiu.
"Não podemos é deixar deslaçar o tecido social. Isso é outra coisa. Os portugueses mais velhos não se podem abandonar, os jovens ainda têm jogo de cintura para melhorar a sua situação", frisou Marcelo, lembrando que o subsídio de desemprego já penaliza os mais velhos, assim como as pensões.
E deixa ainda um aviso: se o
Governo quer afastar um "país velho", nas próximas eleições essa
fatia da população pode votar massivamente contra o Executivo, caso se
sinta injustiçada.
=Expresso=
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