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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

«MEU POBRE PAÍS»


Caso difícil e, de resto, frequente. 

A tal ponto que se acabaria por acreditar que só há jovens e velhos revoltados. Os políticos tornaram-se exasperantes e, portanto, falseiam o julgamento dos seus actos e medidas.

Emite-se um diagnóstico pessimista, de austeridade, absurdo, contraditório, isento de verdade e de lucidez.

Consequência: a revolta sai às ruas do país, enquanto eles, os políticos, voltam a castigar, ambas as partes se obstinam, e sobrevém então a animosidade crónica entre cidadãos comuns e políticos dominantes, o que gera a acrimónia, o rancor, a injustiça e o longo cortejo de exprobações e censuras mútuas.

A vida no país torna-se verdadeiramente insustentável.

O político em tais circunstâncias, raciocinará assim: “Estamos a consertar os erros cometidos no passado, e ninguém me impedirá de o fazer, custe o que custar.”

Talvez nunca abandone as suas ideias, mas demonstra sempre a incerteza do caminho traçado. Em pensamento, no caso do meu país, estará “noutro lugar”, pelos mais íntimos desejos de castigar sempre mais o nobre povo português.

Não mais estará presente entre nós, pois deve “vassalagem” à dama de Berlim, que mais parece a sua guia espiritual. E ele, cego, surdo e mudo aos apelos dos cidadãos, jovens, menos jovens e velhos, limita-se a proferir algumas palavras de censura a quem o antecedeu no lugar que agora ocupa, mesmo tendo perdido a legitimidade para tal, devido a todas as suas promessas falhadas, provando ter agido de má fé e persistir no erro da austeridade, real motor do desemprego, da fome e da miséria que se vive em Portugal.

Psicologicamente, ao menos, é um deslocado: o seu interesse está longe e, como se diz, o seu “coração” está ainda mais distante da Pátria e dos compatriotas.

Ora, a revolta não é nada, se o diagnóstico que dela formulamos é exacto. Não deve assustar-nos mais o orgulho, a preguiça ou a sensualidade. Toda a dificuldade consiste em julgá-lo com serenidade, mas ao mesmo tempo, com firmeza.

E de início, ainda uma vez assinalo que todo o caso concreto, pela sua natureza, é específico. Mais ainda: é único.

Não há duas cóleras idênticas, nem duas mentiras, nem duas blasfémias absolutamente semelhantes. Quando Pedro insulta os cidadãos, tratando-os como “bestas de carga” e estes saem às ruas revoltados com as atitudes de Pedro, esses dois actos procedem de individualidades, cada uma das quais com as suas tendências, os seus caracteres, as suas nuances particulares e, por consequência, podem, querem, sentem, imaginam e reagem singularmente.

O comportamento deles, se analisado, apresentará diferenças radicais, que não serão redutíveis umas às outras.

Seria demasiado bom pensar que Pedro pensará nestas palavras que de modo algum poderão ser insultuosas, agressivas, ou mesmo indisciplinadas, mas como correspondem à verdade, como sempre esta é dura de ouvir, de ler e saber que outros as lêm também.

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