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sábado, 23 de fevereiro de 2013

Sentemos um rico à nossa mesa



As lendas urbanas, que contavamos para explicar a ordem do mundo, foram-se desvanecendo, desmentidas por esse testemunho implacável chamado “crise”.

Primeiro, derrubou-se o mito da economia de enriquecimento instantâneo, onde era possível amealhar enormes fortunas sem produzir nada; apenas comprando e vendendo hipóteses sobre o que os outros deviam e podiam produzir.

Logo comprovamos que concordar sem fazer perguntas, e acudir em socorro das grandes corporações, em troca do que libertavam os seus clientes e trabalhadores, tomads como reféns, só serviu para assegurar as suas contas de resultados ou ver como se pedem novos resgates sem se apearem das suas potentes berlinas.

De passagem, demoronou-se essa fantasia infantil na qual os mercados, as agências de qualificação ou os seus acreditados publicistas, como o Financial Times ou o The Wall Street Journal, eram portadores de valores eternos, só afectados pela racionalidade económica, nunca fazem aldrabices e o seu veredicto é tão difícil como uma parelha da Guarda Republicana…

Agora, voltemos aos suspeitos habituais.

Culpar de tudo o Estado e os governos, por mãos-rotas, clientelistas ou cobardes. Que são, mas não tanto como alguns afirmam.

Mas também comprovarmos que o desbaratar não é tanto e o seu controlo não dá para muito.

Ou que há menos funcionários do que se pensava, quase a metade que nos países da nossa envolvência, para prover um volume de serviços similares, quando não superior.

Ou que esses votantes, tão desprezados, por desinformados e manipuláveis, estão melhor preparados para enfrentar a verdade, que os seus queridíssimos líderes.

Antes que nos obrigue a realidade, deveríamos enfrentar, sem complexos, outra dessas invenções da economia.

Trata-se dum argumentário pueril, que não aconselha a subir os impostos sobre os salários mais altos, porque produz o efeito perverso de acabar por pagar ás classes média, gera o efeito contrário de pôr em fuga o dinheiro, e supõe uma ameaça para a recuperação.

Coitados dos “pobres”! Só falta pedirem uma campanha para os ajudar.

A outro cão com esse osso, que depois de tudo o que temos visto e pago, já não pega.

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