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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

MP pede repetição de julgamento do 'estripador'


No recurso, alega-se que o Tribunal cometeu «erro notório na apreciação da prova» que ditou a absolvição do 'estripador'.
O Ministério Público (MP) requereu a anulação, e consequente repetição, do julgamento do chamado ‘estripador de Lisboa, José Guedes, absolvido pelo Tribunal de Aveiro em 16 de Janeiro.

No recurso para o Tribunal da Relação de Coimbra, o MP alega vários «vícios» do acórdão do Tribunal – nomeadamente, «erros notórios na apreciação da prova», «insuficiência da matéria de facto» e «contradição insanável de alguns factos entre si e entre alguns factos e a motivação do acórdão».

Os juízes e os jurados, salienta-se, «não tiveram em conta» a primeira entrevista de José Guedes a Felícia Cabrita, jornalista do SOL, em que o arguido avançou, «em primeira mão», ser ele o autor da morte de uma prostituta em Cacia, em 2000, um crime de que nem a Polícia Judiciária (PJ) de Aveiro se recordava e que ele descreveu em pormenor.
O processo segue para a Relação na próxima semana. Se esta posição for acolhida, o julgamento será repetido, com outros três juízes e outros oito jurados (quatro efectivos e quatro suplentes).

Primeira entrevista foi ignorada

Recorde-se que o Tribunal de Júri absolveu José Guedes por ter concluído que os factos e as datas do crime de Cacia foram «induzidos» ou «sugeridos» pela jornalista nas entrevistas – mas tendo ignorado a primeira de todas.

«Uma leitura atenta da gravação áudio, que constitui a segunda parte do primeiro encontro – ou entrevista – com o arguido José Guedes permitiria desde logo constatar ter sido ele quem pela primeira vez falou do homicídio e dizendo sempre ele que o crime foi em Aveiro, depois em Cacia e depois ainda no ano de 2000, quando andava a trabalhar na colocação de pladur num centro comercial na zona de Aveiro» – sustenta a procuradora da República Marianela Figueiredo, no recurso ontem junto ao processo.
«Nos dois encontros – ou entrevistas – seguintes é o mesmo José Guedes quem tenta despistar as jornalistas, dizendo ter sido o homicídio de Cacia cometido no ano de 1996, sempre preocupado porque esse mesmo crime ainda não tinha prescrito», explica o recurso.

Para o MP, as primeiras declarações de José Guedes «são as únicas espontâneas e genuínas», entre os três encontros mantidos com a jornalista do SOL, em Novembro de 2011.

«O Tribunal concluiu que os pormenores do crime foram induzidos por Felícia Cabrita, quando afinal tais dados partiram sempre do arguido José Guedes», acrescenta-se.
Depoimentos desvalorizados

«Tais gravações permitiriam concluir desde logo que os factos revelados na primeira conversa por José Guedes à jornalista só poderiam partir do próprio autor do crime, levando a PJ de Aveiro a localizar um crime de homicídio que estava arquivado há quase 12 anos» – salienta o recurso do MP.


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