Na semana marcada pelo início da sétima avaliação
da troika ao programa de ajustamento português, a Comissão Europeia considera
que a recessão não é suficiente para explicar o aumento do défice do País,
sendo que entende que o desvio nas contas não tem só a ver com o ciclo
económico, mas também com o saldo estrutural, indica a edição desta terça-feira
do Diário Económico.
A recessão económica, que o ministro das
Finanças, Vítor Gaspar, anunciou na passada semana ser o dobro da prevista para
2013, ou seja, não de 1% mas de 2%, não é argumento suficiente para justificar
o défice orçamental português. Pelo menos, aos olhos da Comissão Europeia,
cujos técnicos fazem notar que o desvio nas contas do País não se prende apenas
com o ciclo económico.
Bruxelas assinala que o défice estrutural, que desconta os efeitos
da recessão, também aumenta. Aliás, a estimativa mais recente da Comissão
Europeia aponta para um défice de 4,9%, contra os 4,5% que estão acordados com
o Governo liderado por Pedro Passos Coelho, realça o Diário Económico.
E
também o défice estrutural, que subtrai os efeitos do ciclo económico e é
corrigido face a medidas extraordinárias, sofrerá, pelas contas europeias, um
agravamento para 3,1%, quando o estimado era de 2,5%.
Perante
estes números, a recessão não chega para sustentar a derrapagem assumida por
Gaspar.
Porém, Simon O’Connor, porta-voz do comissário europeu para os Assuntos
Económicos e Financeiros, de Olli Rehn, preferiu não comentar estes números,
remetendo um esclarecimento para depois da sétima avaliação da troika ao
programa de ajustamento português.
“É
algo que terá de ser avaliado em detalhe, também no contexto da revisão em
curso”, adiantou, em declarações ao Diário Económico, salvaguardando, todavia,
que a avaliação de Bruxelas sobre o ritmo de consolidação de um país “vai além
de uma leitura mecânica da alteração no saldo estrutural”.
N. M.
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