As equipas da troika começam na próxima
segunda-feira a discutir com o Governo a sétima avaliação do programa sob a
perspectiva de uma recessão mais profunda, mais desemprego e um défice mais
elevado que o acordado.
Produto Interno Bruto (PIB):
- Portugal fechou o ano de 2010
com um crescimento económico de 1,9% do Produto Interno Bruto, um valor
influenciado por gastos excessivos da parte do sector público que acabaram por
pesar no défice orçamental e no nível de dívida pública.
- Em 2012 a recessão atingiu os
3,2% de acordo com os mais recentes dados do Instituto Nacional de Estatística,
o segundo pior resultado na história da economia portuguesa desde que existem
dados. Pior só em 1975.
Desemprego
- Em 2010 os dados do INE
apontavam para uma taxa de desemprego nos 10,8%, em média anual, e 11,1% no
último trimestre do ano. Entre os jovens (dos 15 aos 24 anos) a taxa de desemprego
era já de 22,4%.
- Os mais recentes dados furam
todas as previsões, até as mais recentes. Segundo o INE, a taxa de desemprego
em média anual ficou nos 15,7% em 2012, no quarto trimestre o desemprego bateu
novos máximos históricos chegando aos 16,9% e o desemprego jovem atingiu os
37,7%. A previsão feita no início do programa esperava que o desemprego fosse
no máximo até aos 13%.
Défice Externo
- Em 2010 o défice externo
atingiu os 8,4% do PIB, o que é já uma redução face aos valores superiores a 10%
que se registaram em 2009. As exportações terão crescido 8,8%.
- Em 2012 a expectativa é que se
atinja um défice externo de 1,1%, naquela que tem sido a parte do ajustamento
que melhor tem corrido às autoridades portuguesas, devido sobretudo a uma queda
nas importações, numa altura em que o aumento esperado das exportações começa a
dar sinais de fraqueza. A previsão ainda é de 4,3% mas já se notou um
abrandamento no ritmo de saídas no final do ano.
Défice Orçamental
- Em 2010 o défice orçamental
terminou o ano nos 8,8% do PIB, um dos valores mais altos de sempre, mas que
também se tratava de uma redução face aos mais de 10% registados no ano
anterior.
- Em 2012 o resultado só deverá
ser confirmado com a primeira notificação do ano enviada a Bruxelas ao abrigo
do Procedimento dos Défices Excessivos. A maior incerteza deve-se à
classificação que o Eurostat irá dar à operação de concessão da gestora dos
aeroportos portugueses, a ANA, mas existem outras dúvidas. A meta é 5%, revista
de 4,5% no final do ano passado com a 'troika'.
Dívida Pública
- Em 2010, depois de alguns anos
a subir de forma acentuada, o rácio de dívida pública de acordo com os
critérios de Maastricht terá fechado o ano nos 93,5%.
- Em 2012, se as contas
anteriores do Governo e da troika estiverem certas a dívida pública deverá
atingir os 120% do PIB, mais 26,5% pontos percentuais do PIB em apenas dois
anos, fruto também do valor do PIB usado para calcular esta taxa ser mais baixo
depois de dois anos de forte recessão.
Crédito às empresas e famílias
- As imposições da troika de os
bancos reduzirem o seu endividamento e aumentarem os capitais próprios, a que
se juntou o fecho dos mercados de financiamento, levou a uma forte queda do
financiamento à economia desde o pedido de ajuda externa.
- As empresas foram quem mais
sentiu constrangimentos. Entre Abril de 2011 e Dezembro de 2012, os empréstimos
caíram 11.582 milhões de euros ou 9,89%, tendo o crédito às empresas fechado o
ano passado nos 105.479 milhões de euros.
- Já o crédito aos particulares reduziu-se em
quase 8.000 milhões de euros ou 5,615%, tendo-se fixado em Dezembro nos 134.020
milhões de euros, depois de 10 meses consecutivos de queda. A maior redução em
termos absolutos foi no crédito à habitação, que caiu cerca de 4.800 milhões de
euros. No entanto, a variação percentual negativa de 4,19% fica abaixo da queda
de 9,06% do crédito a outros fins (10.975 milhões de euros em Dezembro de 2012,
menos 1.093 milhões de euros do que em Abril de 2011) e 13,45% nos empréstimos
ao consumo (13.372 milhões de euros em Dezembro, menos 2.078 milhões de euros).
N. M.
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