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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

«A FORMIGA E A CIGARRA PORTUGUESAS»



Era uma vez uma formiguinha e uma cigarra, que até eram muito amigas.

Ora, durante todo o verão e parte do outono, a formiga traballhou sem parar, levando para o seu formigueiro comida que lhe permitisse passar o inverno sem fome.

Não pôde gozar-se do sol, da suave brisa do fim da tarde, nem sequer conversar com os amigos ao fim da tarde, quando parava de trabalhar, e muito mens tomar qualquer coisa fresca, que lhe tirasse a sede.

Pode dizer-se que o seu nome era “Trabalho Sempre”, e que para ela não havia pausas.

Entretanto, a cigarra limitava-se a cantar e a percorrer todos os bares da cidade, divertior-se com os amigos, cantando sempre e cada vez mais, durante todo o verão e o princípio do outono, dançando também, aproveitando o sol, sem se preocupar com o armazenamento de víveres para o inverno, que estava mesmo à porta.

Quando o inverno chegou, o frio caiu sobre o jardim onde vivia, e ela deixou de cantar, sentindo-se muito fraca, de tal maneira que nem forças tinha para limpar as asas. Entrou em crise, começou a sentir fome e sem casa onde se alojar e proteger do frio e da chuva que caía.

Também nessa altura, a formiga, cansada de tanto trabalhar, meteu-se no seu formigueiro aconchegante e repleto de boa comida. Mas, do lado de fora, alguém a chamava, com voz fraca.

Foi até à porta, abriu-a para ver quem era o seu visitante, deparando com a sua amiga cigarra, que conduzia um carro topo de gama, de luxo, vestindo um casaco de vison, dizendo à formiga:

- Olha, minha amiga. Vou passar o inverno a uma ilha paradisíaca, onde só faz calor todo o ano, e onde poderei assinar um belo contrato para poder continuar a cantar. Posso deixar-te as chaves de minha casa, para que abras as janelas de vez em quando?

A formiga respondeu, com a sua suave voz, que sim senhor, que teria todo o prazer em arejar a sua casa. Todavia,

- Onde arranjaste o dinheiro para esse carro e para ires até essa ilha paradisíaca?

A cigarra respondeu-lhe:

- Imagina que, estava eu a cantar num bar, antes da entrada do inverno, quando um produtor se aproximou de mim, dizendo-me que gostava da minha voz. Ali mesmo me apresentou um contrato de vários meses para cantar nessa ilha. Só estarei de regresse em meados da primavera. Mas, trarei alguma lembrança dessa ilha para ti, minha boa amiga. Tens algo que desejes acima de tudo?

- Tenho sim, minha amiga. Se por lá encontrares  o La Fontaine, diz-lhe que eu, a “Trabalho Sempre», de Portugal, o mando àquela banda, pois deverá aprender a escrever dentro das regras da moralidade.

Moral da História:

Todos devem aproveitar a vida, saber dosear o trabalho e o lazer, pois trabalho demais só traz benefícios nas fábulas de La Fontaine. É preciso trabalhar – caso os governos e capitalistas assim o permitam – mas é necessário saber aproveitar e gozar a vida, até porque só há uma.

Quem fala, em Portugal, de cigarras e de formigas, sem saber o que dizem, são aqueles que estão bem na vida, que não correm aos centros de emprego, que nunca viveram com um subsídio ou com uma reforma degradante, e que possuem bons carros topo de gama, como várias casas em diversos pontos do país e se passeiam em belos barcos que depois encostam nas marinas de luxuosos iates e passam a vida a cantar do alto dos seus poleiros.

As formigas são, sempre, os piões das nicas. E é cada lasca que sai..., sobretudo quando as formigas portuguesas (povo) dão de caras com as cigarras portuguesas (políticos e capitalistas), que só inventam maneiras de as lixar.



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