É corpo e alma, matéria e espírito. Compreende-se, pois,
muito bem, que seja necessária uma colaboração estreita entre o cidadão comum e
o político. Será possível esta colaboração, com tanta soberba e arrogância por
parte dos políticos, que tantas vezes se esquecem que são simples seres
humanos?
Aliás, essa colaboração deverá ser a exacta imagem desse
complexo sobr o qual ambos tentam – sem êxito a mais das vezes – trabalham.
Há quem afirme que ela só existe realmente durante o
curto período de campanha eleitoral, e que logo que, conseguido o voto, se
esfuma com o vento que sopra, dando aso a certas reacções psíquicas e até
fisiológicas.
Assim, um evitará reduzir tudo, enquanto o outro aprenderá
a não considerar apenas as tendências psíquicas. O diagnóstico que emitirem, um
e outro, sobre o presente e sobretudo sobre o futuro, lucrará apenas o
político, apoiado pelo poder da força adquirida pelo voto.
Ora, é isso que assusta a maior parte da cidadania. Mesmo
quando tem uma cultura bastanta vasta, é quase impossível obter a sua
submissão.
Nasce, portanto, a revolta, primeiro interior, depois
exteriorizada em manifestações públicas, escritas, faladas e, após um minucioso
exame, optam pela solicitação de demissão dos que foram eleitos baseando-se em
mentiras, em falsas promessas, porque as politicas esperadas ansiosamente, se
desvaneceram completamente, coarctando todas as esperanças.
O que agora é a mais pura verdade, para os políticos,
logo se transformam em mentira, uma vez que os políticos são como o era e não
é, o que de imediato alarma a cidadania.
Os políticos, regra geral, não hesitam em recorrer a
vários artifícios, embora dispendiosos, que o povo paga sempre, só para
tentarem manter as aparências.
Mas não vêem nenhuma necessidade de submeter ao
diagnóstico popular a preguiça mental, a irritabilidade, essa propensão
acentuada para a instabilidade de carácter e, sobretudo, essa famosa mentira,
que hoje disfarçam com a palavra “inverdade”, acompanhada de cólera, de
insolência, de enfado, de rancor e que, contudo, quase sempre é o sinal de uma
grave perturbação, que tentam disfarçar através de novas e drásticas medidas de
austeridade.
Muitos deles acreditam ainda na todo-poderosa intervenção
da vontade, sobretudo estimulada por sanções enérgicas.
Não se pode negar, portanto, nem corpo nem alma. Jamais devemos esquecer o misterioso funcionamento da toda a individualidade humana concreta.
Reconheçamos que a ciência do corpo pode ajudar a
compreender o comportamento da alma, e vice-versa, sobretudo nos chamados casos
difíceis, cujo carácter mórbido todos admitem à primeira vista, excepto os
políticos, que tentam distorcer a realidade.
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