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sexta-feira, 8 de novembro de 2013

«MASOCHISMO – MA…SO…CHIS…MO!»

Forma de agir e pensar contra si próprio.

Devemos a quase totalidade das nossas descobertas às nossas violências, à exacerbação do nosso desequilíbrio

Um candidato depois de eleito pode imagina-se um “deus”, na medida em que nos intriga, não é o mais ínfimo de nós que o discernimos, mas antes no limite exterior da nossa febre, no ponto preciso em que, confrontando-se a nossa ira com a sua, se produz um choque, um encontro tão ruinoso para eles como para nós. Eles – candidatos eleitos.

Ferido pela maldição que se liga aos actos, o violento só força a sua natureza, só se ultrapassa a sai próprio, para a ela regressar, furioso e agressor, seguido pelas suas empresas, que o punem por as ter feito nascer.

Não há “obra” que não se volte contra o seu autor: o poema esmagará o poeta, o sistema  o filósofo, o acontecimento o homem de acção, a política aquele que se designa a si mesmo de político.

Destrói-se quem, respondendo à sua vocação e cumprindo-a, mentindo e no seio da corrupção, se agita no interior da história: apenas se salva aquele que sacrifica dons e talentos para, desprendido da sua qualidade de homem, puder repousar no ser.

Se aspiro a uma carreira metafísica, não posso por preço algum conservar a minha identidade: terei de liquidar o menor resíduo que dela possa guardar; se, pelo contrário, escolho a aventura de um papel histórico, a tarefa que me cabe é a de exasperar as minhas faculdades até explodir eu próprio com elas. Parece-se sempre que pelo eu que se assume: ter um nome é reivindicar um modo preciso de ruína.

Fiel às suas aparências, o violento não se desencoraja, recomeça e obstina-se, já que não pode dispensar-se de sofrer. Empenha-se em perder os outros? É o desvio  que toma para chegar à suua própria perda.

Sob o seu ar seguro, sob as suas bravatas, esconde-se um apaixonado da desgraça.

Assim, é entre os violentos que encontramos os inimigos de si próprios. E todos nós somos violentos, seres enraivecidos que, tendo perdido a chave da quietude, já não têm acesso aos segredos da dilaceração.


Em vez de deixarmos que o tempo nos triturasse lentamente, preferimos reforçá-lo, acrescentar aos seus os nossos instantes. Este tempo recente, enxertado no antigo, este tempo elaborado e projectado, revelaria em breve a sua virulência: objectivando-se, tornar-se-ia história, monstro por nós lançado contra nós, fatalidade a que é impossível escapar, ainda que recorrendo às formas da passividade ou às receitas da sabedoria.

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