O CDS-PP espera que na sétima avaliação da troika
sejam discutidos politicamente o "volume enorme de desemprego" e a
dificuldade para gerar crescimento, enquanto o PCP e o Bloco de Esquerda
afirmam que não se espera "nada de bom".
O deputado e porta-voz do CDS-PP, João Almeida, frisou que ao
longo da execução do memorando, responsáveis do FMI, BCE e Comissão Europeia
"reconheceram que os programas de ajustamento, não só o português, tiveram
consequências diferentes daquilo que era esperado".
Por outro lado, sublinhou, a
conjuntura internacional, e designadamente europeia, é diferente daquilo que
era quando o programa foi desenhado.
"É essencial que
politicamente se discutam estas questões e que se discuta o volume enorme que o
desemprego tem em Portugal neste momento, a dificuldade para conseguirmos gerar
um ciclo de crescimento", defendeu João Almeida, em declarações à Agência
Lusa.
O porta-voz do CDS-PP
acrescentou esperar que Portugal consiga, junto dos parceiros da troika (FMI,
BCE e Comissão Europeia) não apenas "fazer ajustamentos no programa e no
seu conteúdo, mas também "encontrar soluções" para os problemas do
desemprego e do crescimento.
Na agenda da sétima avaliação
regular da execução do memorando de assistência financeira a Portugal, que
começa segunda-feira, em Lisboa, estará incluído o corte de quatro mil milhões
de euros em despesas do Estado.
Sobre este ponto, João Almeida
reiterou a defesa de uma "ponderação" e "provavelmente uma
recalendarização" desses cortes para que eles não tenham efeitos ainda
mais negativos" no crescimento e no emprego.
Para o líder parlamentar do PCP,
Bernardino Soares, uma revisão do programa, seja em termos de prazos, seja em
termos de metas, não resultará em nada de positivo porque não muda os
"objectivos de fundo" de "diminuição dos direitos das pessoas, o
aumento da exploração sobre quem trabalha e uma transferência cada vez maior da
riqueza que é de todos para o sector financeiro".
Bernardino Soares defendeu que
"há um sentimento generalizado que isto não pode continuar" e
considerou importante "não deixar que apareça com uma capa de
sucesso" o resultado de um programa que "está a destruir a
economia".
Do lado do BE, o deputado Luís
Fazenda frisou que está em curso uma "revisão bastante substancial da
política orçamental aprovada há dois meses".
Luís Fazenda destacou o ministro
das Finanças, Vítor Gaspar, admitiu avançar no imediato com o chamado
"plano B" de corte de 800 milhões de euros visando o controlo da
execução orçamental de 2013, devido à queda do PIB no quarto trimestre de 2012
e às implicações desta contracção no presente ano.
"Estamos muito atentos,
estamos muito receosos, não só porque isso incrementa uma austeridade negativa
para a criação de emprego em Portugal mas porque isso se reflecte numa
injustiça social ainda maior do que aquela com que estamos neste momento
confrontados", afirmou Luís Fazenda, acrescentando que o BE "não
augura nada de bom desta sétima avaliação".
Para o PEV, o eventual
alargamento dos prazos e metas do memorando será concretizado "não por
boas, mas por más razões", segundo afirmou quinta-feira a deputada Heloísa
Apolónia.
"Parece-nos que o Governo
quer mais tempo para prolongar mais uma situação dramática em que colocou o
país, sem alívios, de modo a ir justificando e concretizando a delapidação das
funções sociais do Estado", disse.
Sobre as expectativas que tem em
relação à sétima avaliação da 'troika, o PS remeteu para a posição do
secretário-geral, António José Seguro, que, à saída de uma reunião com o
Presidente da República, na sexta-feira, reiterou que não são possíveis
"mais medidas da austeridade" porque o país vive na iminência de uma
"ruptura social".
"Este é um momento que nós não podemos perder, porque estamos
em vésperas de uma avaliação da ´troika' e, como sabem, considero que deve ser
uma avaliação política e não uma avaliação técnica e nós não estamos em
condições de perder este momento, esta oportunidade, para mudar toda a nossa
estratégia de consolidação orçamental e colocar a prioridade no crescimento
económico e no emprego", afirmou Seguro.
Contactado pela Lusa, o PSD não
quis pronunciar-se sobre a sétima avaliação do programa de ajustamento.
Na sexta-feira, face às
previsões económicas negativas da Comissão Europeia, o deputado
social-democrata Miguel Frasquilho sublinhou que a "flexibilização da
previsão das metas orçamentais para 2013 e 2014" irá "certamente ser
objecto de reflexão e conversas na sétima avaliação".
N. M.
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