"Querer
assacar a qualquer Governo a responsabilidade pela crise não é sério. Justo
será reconhecer que todos os governos tiveram a sua responsabilidade na
situação do país". Com esta frase, inscrita no novo documento estratégico
do PS apresentado hoje pelo seu líder, António José Seguro assume o legado
político do seu antecessor.
As primeiras sete
páginas do documento - Portugal Primeiro(carregue
no link para ler o documento de orientação estratégica) - tentam fazer a
quadratura do círculo face ao que pedia António Costa e o que entende a actual
direcção. Seguro lembra a importância das circunstâncias externas da crise das
dívidas soberanas, valoriza-a, explica com isso a importância "decisiva de
uma resposta europeia" a essa crise. Mas sempre anota as "responsabilidade
passadas e presentes" do partido, mostrando que também não as esqueceu -
nomeadamente as "fragilidades estruturais do país, não resolvidas nesse
consulado.
Pontos existem,
neste documento, que António Costa preferia não ver tão sublinhados.
Como a referência
ao tratado europeu que inclui a regra de ouro (que limita para sempre défice e
dívida). Mas no braço de ferro desta semana, Seguro anotou algumas exigências
do quase candidato à liderança. A proposta de aumento do salário mínimo e das
pensões mínimas (no quadro de um grande acordo de concertação social), a aposta
num programa de reabilitação urbana e a declaração de que "o PS deve
liderar o debate sobre a reforma do Estado" - ainda que em termos muito
diferentes do que pretende o Governo, sem mexer no Estado social e sem a
fasquia de 4 mil milhões de corte na despesa.
Para o futuro,
porém, Seguro avança com novas linhas de argumentação política.
Renegociar prazos e
metas do ajustamento, alargamento dos prazos de pagamento de parte da dívida (em
curso no Eurogrupo) e do pagamento de juros dos empréstimos europeus. A par da
insistência na mutualização de uma parte da dívida dos Estados da Europa.
Nova no discurso do
líder é a exigência de que um empréstimo directo da Europa aos bancos, como o
feito já em Espanha, deve ser extensível a Portugal - no que respeita à linha
de crédito assumida no memorando. Com efeitos retroactivos, Seguro crê que podia
diminuir a dívida pública em quatro mil milhões de euros.
Na pressão sobre a
Europa, Seguro alinha também com o Presidente francês, reclamando uma gestão
cambial que proteja os países do Sul.
No que respeita ao
acordo de concertação social que propõe, Seguro clama também pela reposição dos
níveis de protecção anteriores do complemento social para idosos e rendimento
de inserção, como pela evolução dos salários em linha com a produtividade, do
PIB e inflação. As políticas de crescimento continuam a ser, no discurso
político, centrais na proposta política.
Sol
N. P. Pelo poder, há quem se venda por um prato de
lentilhas!!!! E trata-se apenas de poder dentro do PS…
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