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domingo, 10 de fevereiro de 2013

Seguro assume legado de Sócrates


"Querer assacar a qualquer Governo a responsabilidade pela crise não é sério. Justo será reconhecer que todos os governos tiveram a sua responsabilidade na situação do país". Com esta frase, inscrita no novo documento estratégico do PS apresentado hoje pelo seu líder, António José Seguro assume o legado político do seu antecessor.

As primeiras sete páginas do documento - Portugal Primeiro(carregue no link para ler o documento de orientação estratégica) - tentam fazer a quadratura do círculo face ao que pedia António Costa e o que entende a actual direcção. Seguro lembra a importância das circunstâncias externas da crise das dívidas soberanas, valoriza-a, explica com isso a importância "decisiva de uma resposta europeia" a essa crise. Mas sempre anota as "responsabilidade passadas e presentes" do partido, mostrando que também não as esqueceu - nomeadamente as "fragilidades estruturais do país, não resolvidas nesse consulado.

Pontos existem, neste documento, que António Costa preferia não ver tão sublinhados.

Como a referência ao tratado europeu que inclui a regra de ouro (que limita para sempre défice e dívida). Mas no braço de ferro desta semana, Seguro anotou algumas exigências do quase candidato à liderança. A proposta de aumento do salário mínimo e das pensões mínimas (no quadro de um grande acordo de concertação social), a aposta num programa de reabilitação urbana e a declaração de que "o PS deve liderar o debate sobre a reforma do Estado" - ainda que em termos muito diferentes do que pretende o Governo, sem mexer no Estado social e sem a fasquia de 4 mil milhões de corte na despesa.

Para o futuro, porém, Seguro avança com novas linhas de argumentação política.

Renegociar prazos e metas do ajustamento, alargamento dos prazos de pagamento de parte da dívida (em curso no Eurogrupo) e do pagamento de juros dos empréstimos europeus. A par da insistência na mutualização de uma parte da dívida dos Estados da Europa.

Nova no discurso do líder é a exigência de que um empréstimo directo da Europa aos bancos, como o feito já em Espanha, deve ser extensível a Portugal - no que respeita à linha de crédito assumida no memorando. Com efeitos retroactivos, Seguro crê que podia diminuir a dívida pública em quatro mil milhões de euros.

Na pressão sobre a Europa, Seguro alinha também com o Presidente francês, reclamando uma gestão cambial que proteja os países do Sul.

No que respeita ao acordo de concertação social que propõe, Seguro clama também pela reposição dos níveis de protecção anteriores do complemento social para idosos e rendimento de inserção, como pela evolução dos salários em linha com a produtividade, do PIB e inflação. As políticas de crescimento continuam a ser, no discurso político, centrais na proposta política.

Sol

N. P. Pelo poder, há quem se venda por um prato de lentilhas!!!! E trata-se apenas de poder dentro do PS…

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