O presidente da Comissão Instaladora da Rede de
Cuidadores confirma a existência de relatos de assédio sexual que envolvem o
ex-bispo auxiliar de Lisboa Carlos Azevedo, hoje noticiados pela Visão, mas
sublinha à Lusa que “não confunde homossexualidade com abusos”.
Álvaro
de Carvalho explicou que a associação de defesa de crianças vítimas de
maus-tratos está focada nas abordagens, seduções e abusos de menores” e que
“não assobia para o lado se tal se verificar com adultos”, contudo, salientou
que “esta matéria, por aparentemente não existir conduta criminosa, não foi
objeto de denúncia ao Ministério Público (MP)”.
O
responsável da Rede de Cuidadores, organização não-governamental que em
dezembro denunciou ao MP casos de abusos sexuais alegadamente cometidos por
sacerdotes ou responsáveis de instituições católicas, disse à Lusa que assinala
o facto de “a Igreja continuar a dizer que não há casos de cariz sexual”.
Afinal,
salienta, trata-se de “um bispo, não uma pessoa qualquer”, disse Álvaro de
Carvalho, confirmando declarações proferidas à Visão, sobre as acusações contra
Carlos Azevedo.
Após
a “saída repentina” de Carlos Azevedo para Roma, quando foi nomeado delegado do
Conselho Pontifício da Cultura, “começaram a pingar notícias de assédios entre
adultos”.
Os
alegados casos de assédio a membros da Igreja Católica Portuguesa, relatados
pela Visão na íntegra na edição em papel de quinta-feira, remontam aos anos 80
e terão sido conhecidos após uma denúncia feita em 2010 ao núncio apostólico em
Portugal.
O
resultado das diligências por parte da Nunciatura não é conhecido, mas, em
novembro de 2011, aquele que era apontado como possível sucessor do
cardeal-patriarca José Policarpo acabou por rumar subitamente para Roma, ao ser
nomeado delegado do Conselho Pontifício da Cultura.
Carlos
Azevedo, “envolvido em acusações de comportamentos impróprios” conta com a
“oração fraterna” do episcopado, pode ler-se numa nota hoje divulgada pelo
porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), Manuel Morujão.
“Contrariando
as nossas expectativas, vemos que o nome do bispo D. Carlos Azevedo, atualmente
em Roma, está envolvido em acusações de comportamentos impróprios, não
conformes com a dignidade e a responsabilidade do estado sacerdotal”, sublinha
a CEP.
Os
bispos sublinham que não podem nem devem “julgar apressadamente” sobre a
veracidade dos relatos, mas recordam que de qualquer membro da Igreja se espera
um comportamento exemplar”, sobretudo por quem se comprometeu a viver o
celibato sacerdotal”.
O
ex-bispo auxiliar de Lisboa negou hoje em declarações à SIC a acusação e disse
nunca ter sido contactado pela Nunciatura Apostólica para depor.
“Remexer
em assuntos de há 30 anos (…) não serve de modo ético a informação mas visa
meramente sensacionalismo para destruir pessoas”, frisou o prelado.
“As
pessoas que acolhi, que me procuraram, feridas na sua história e que eu
entendia, não as excluo do meu amor e da minha dedicação se me contactam. E
conviver, estimar, sem exclusões, procurar caminhos de vivência feliz para quem
experimentou limites dramáticos da condição humana, quaisquer que sejam, tem
trazido suspeita e atitudes de ambiguidade que me fazem objeto de má-língua”,
disse Carlos Azevedo.
Lusa/SOL
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