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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Rede de Cuidadores confirma relatos de assédio que envolvem bispo



O presidente da Comissão Instaladora da Rede de Cuidadores confirma a existência de relatos de assédio sexual que envolvem o ex-bispo auxiliar de Lisboa Carlos Azevedo, hoje noticiados pela Visão, mas sublinha à Lusa que “não confunde homossexualidade com abusos”.

Álvaro de Carvalho explicou que a associação de defesa de crianças vítimas de maus-tratos está focada nas abordagens, seduções e abusos de menores” e que “não assobia para o lado se tal se verificar com adultos”, contudo, salientou que “esta matéria, por aparentemente não existir conduta criminosa, não foi objeto de denúncia ao Ministério Público (MP)”.

O responsável da Rede de Cuidadores, organização não-governamental que em dezembro denunciou ao MP casos de abusos sexuais alegadamente cometidos por sacerdotes ou responsáveis de instituições católicas, disse à Lusa que assinala o facto de “a Igreja continuar a dizer que não há casos de cariz sexual”.

Afinal, salienta, trata-se de “um bispo, não uma pessoa qualquer”, disse Álvaro de Carvalho, confirmando declarações proferidas à Visão, sobre as acusações contra Carlos Azevedo.

Após a “saída repentina” de Carlos Azevedo para Roma, quando foi nomeado delegado do Conselho Pontifício da Cultura, “começaram a pingar notícias de assédios entre adultos”.

Os alegados casos de assédio a membros da Igreja Católica Portuguesa, relatados pela Visão na íntegra na edição em papel de quinta-feira, remontam aos anos 80 e terão sido conhecidos após uma denúncia feita em 2010 ao núncio apostólico em Portugal.

O resultado das diligências por parte da Nunciatura não é conhecido, mas, em novembro de 2011, aquele que era apontado como possível sucessor do cardeal-patriarca José Policarpo acabou por rumar subitamente para Roma, ao ser nomeado delegado do Conselho Pontifício da Cultura.

Carlos Azevedo, “envolvido em acusações de comportamentos impróprios” conta com a “oração fraterna” do episcopado, pode ler-se numa nota hoje divulgada pelo porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), Manuel Morujão.

“Contrariando as nossas expectativas, vemos que o nome do bispo D. Carlos Azevedo, atualmente em Roma, está envolvido em acusações de comportamentos impróprios, não conformes com a dignidade e a responsabilidade do estado sacerdotal”, sublinha a CEP.

Os bispos sublinham que não podem nem devem “julgar apressadamente” sobre a veracidade dos relatos, mas recordam que de qualquer membro da Igreja se espera um comportamento exemplar”, sobretudo por quem se comprometeu a viver o celibato sacerdotal”.

O ex-bispo auxiliar de Lisboa negou hoje em declarações à SIC a acusação e disse nunca ter sido contactado pela Nunciatura Apostólica para depor.

“Remexer em assuntos de há 30 anos (…) não serve de modo ético a informação mas visa meramente sensacionalismo para destruir pessoas”, frisou o prelado.

“As pessoas que acolhi, que me procuraram, feridas na sua história e que eu entendia, não as excluo do meu amor e da minha dedicação se me contactam. E conviver, estimar, sem exclusões, procurar caminhos de vivência feliz para quem experimentou limites dramáticos da condição humana, quaisquer que sejam, tem trazido suspeita e atitudes de ambiguidade que me fazem objeto de má-língua”, disse Carlos Azevedo.

Lusa/SOL

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