Os politólogos José Adelino Maltez e Manuel
Villaverde Cabral consideram incompreensível que o Presidente da República,
Cavaco Silva, se mantenha em silêncio e a “ignorar os sinais da rua” que, ao
som da ‘Grândola, Vila Morena’, têm interrompido nos últimos dias os discursos
de vários governantes.
O Presidente da República
insiste “na abstenção ruidosa, ao não utilizar a palavra, quando o País pode
estar à beira de uma crise do funcionamento regular das instituições, com o
Governo a ignorar os sinais da rua”.
No mesmo sentido, Manuel Villaverde Cabral refere que o chefe de
Estado “já devia ter feito algo” perante a “situação agónica, sem saída” em que
a política partidária se encontra neste momento, acrescentando que se o Governo
“não é capaz, a oposição é ainda pior”.
Comentando especificamente o
caso que aconteceu no ISCTE com o ministro Adjunto e dos Assuntos
Parlamentares, Miguel Relvas, o politólogo Villaverde Cabral explica que pode
ter um efeito contrário: “O ministro se tivesse decoro, já se deveria ter
demitido, ou então o primeiro-ministro demitia-o, [mas] agora mesmo que
[Passos] quisesse rifar o ministro Relvas, não o poderá fazer porque seria dar
razão aos manifestantes”.
Tudo começou no passado dia 15,
quando o primeiro-ministro foi interrompido numa das suas intervenções no
debate quinzenal na Assembleia da República por um grupo de populares que cantava
a música ‘Grândola, Vila Morena’.
Apenas três dias depois, foi a vez de o
ministro Miguel Relvas ser interrompido no Clube dos Pensadores, em Gaia, e no
dia seguinte no ISCTE, em Lisboa. E, ontem, a ‘vítima da Grândola’ foi o
ministro da Saúde, Paulo Macedo, durante uma intervenção na Faculdade de
Medicina do Porto.
N. M.
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