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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A "abstenção ruinosa" de Cavaco a apupos e 'Grândolas'


Os politólogos José Adelino Maltez e Manuel Villaverde Cabral consideram incompreensível que o Presidente da República, Cavaco Silva, se mantenha em silêncio e a “ignorar os sinais da rua” que, ao som da ‘Grândola, Vila Morena’, têm interrompido nos últimos dias os discursos de vários governantes.
 Na opinião dos politólogos José Adelino Maltez e Manuel Villaverde Cabral, contactados pelo Diário de Notícias (DN), o chefe de Estado, Cavaco Silva, devia tomar uma atitude em relação aos recentes acontecimentos que envolvem alguns ministros, designadamente o primeiro-ministro, apupos e interrupções de discursos com a música ‘Grândola, Vila Morena’.

O Presidente da República insiste “na abstenção ruidosa, ao não utilizar a palavra, quando o País pode estar à beira de uma crise do funcionamento regular das instituições, com o Governo a ignorar os sinais da rua”.

No mesmo sentido, Manuel Villaverde Cabral refere que o chefe de Estado “já devia ter feito algo” perante a “situação agónica, sem saída” em que a política partidária se encontra neste momento, acrescentando que se o Governo “não é capaz, a oposição é ainda pior”.

Comentando especificamente o caso que aconteceu no ISCTE com o ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, o politólogo Villaverde Cabral explica que pode ter um efeito contrário: “O ministro se tivesse decoro, já se deveria ter demitido, ou então o primeiro-ministro demitia-o, [mas] agora mesmo que [Passos] quisesse rifar o ministro Relvas, não o poderá fazer porque seria dar razão aos manifestantes”.

Tudo começou no passado dia 15, quando o primeiro-ministro foi interrompido numa das suas intervenções no debate quinzenal na Assembleia da República por um grupo de populares que cantava a música ‘Grândola, Vila Morena’. 

Apenas três dias depois, foi a vez de o ministro Miguel Relvas ser interrompido no Clube dos Pensadores, em Gaia, e no dia seguinte no ISCTE, em Lisboa. E, ontem, a ‘vítima da Grândola’ foi o ministro da Saúde, Paulo Macedo, durante uma intervenção na Faculdade de Medicina do Porto.

N. M.

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