Carlos Azevedo nega «totalmente» assédio a membros da Igreja
Bispo diz que, quando conheceu a «pessoa em
causa», ela «era já adulta e grande» e que o contacto com a mesma «foi só um
acompanhamento» no Seminário.
O ex-bispo auxiliar de Lisboa Carlos Azevedo,
suspeito de assédio sexual a membros da Igreja, segundo uma investigação da
revista Visão, negou esta quarta-feira a acusação e disse nunca ter sido
contactado pela Nunciatura Apostólica para depor.
«Nego totalmente a acusação de assédio sexual»,
afirmou o atual membro do Conselho Pontifício da Cultura do Vaticano, em
declarações à SIC, confrontado com a suspeita de assédio sexual hoje noticiada
pela revista Visão, à qual disse desconhecer as alegações.
Os alegados casos de assédio a membros da Igreja
Católica Portuguesa, relatados na íntegra na edição em papel de quinta-feira,
remontam aos anos 80 e terão sido conhecidos após uma denúncia feita em 2010 ao
núncio apostólico em Portugal.
O representante da Santa Sé terá recebido uma
queixa de um sacerdote e atual coordenador nacional das capelanias
hospitalares, validando-a e desencadeando um inquérito realizado pela
Nunciatura que, segundo a Visão, permitiu referenciar outros casos suspeitos.
«A Nunciatura nunca me contactou sobre esse
processo, nunca me chamou a depor sobre qualquer processo, nunca nenhuma pessoa
me chamou, me convocou, me repreendeu por qualquer atitude nesse sentido»,
garantiu hoje à SIC Carlos Azevedo.
Para o religioso, «remexer em assuntos de há 30
anos (...) não serve de modo ético a informação mas visa meramente
sensacionalismo para destruir pessoas».
Carlos Azevedo contou que, quando conheceu a
«pessoa em causa», ela «era já adulta e grande» e que o contacto com a mesma
«foi só um acompanhamento» no Seminário do Porto.
«De maneira nenhuma tive qualquer relação com essa
pessoa. Não há atitude de assédio para com ninguém nem nunca ninguém teve
qualquer reparo nesse sentido comigo», frisou.
Admitiu, porém, ter voltado a contactar a pessoa
em causa depois de 2010 (data da denúncia) em Fátima, escusando-se porém a
entrar «em pormenores» sobre a conversa que decorreu numa atitude descrita como
de diretor espiritual e confessor.
«As pessoas que acolhi, que me procuraram, feridas
na sua história e que eu entendia, não as excluo do meu amor e da minha
dedicação se me contactam. E conviver, estimar, sem exclusões, procurar
caminhos de vivência feliz para quem experimentou limites dramáticos da
condição humana, quaisquer que sejam, tem trazido suspeita e atitudes de
ambiguidade que me fazem objeto de má-língua», disse Carlos Azevedo.
A revista revela ainda que a investigação foi
efetuada com conhecimento e colaboração de setores da hierarquia católica.
O resultado das diligências por parte da
Nunciatura não é conhecido, mas, em novembro de 2011, aquele que era apontado
como possível sucessor do cardeal-patriarca José Policarpo acabou por rumar
subitamente para Roma, ao ser nomeado delegado do Conselho Pontifício da
Cultura.
Numa nota hoje divulgada, a Conferência Episcopal
Portuguesa (CEP) diz que Carlos Azevedo conta com a «oração fraterna» do
episcopado.
«Contrariando as nossas expectativas, vemos que o
nome do bispo D. Carlos Azevedo, atualmente em Roma, está envolvido em
acusações de comportamentos impróprios, não conformes com a dignidade e a
responsabilidade do estado sacerdotal», escreve a CEP.
Os bispos sublinham que não podem nem devem
«julgar apressadamente» sobre a veracidade dos relatos, mas recordam que de
qualquer membro da Igreja se espera um comportamento exemplar, «sobretudo por
quem se comprometeu a viver o celibato sacerdotal».
TVI24
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