Se,
praticamente, não há casos benignos em pedagogia política, porque não sabemos
nunca a que corrosão das nossas faculdades de resistência eles podem olevar,
convém, todavia, insistir neste ponto: nem todos os casos graves são difíceis.
O
caso grave, em última instância, é o que afecta toda a estrutura psicológica,
comprometendo-lhe o equilíbrio e o funcionamento e, por consequência, também o
futuro da cidadania.
O
caso difícil é o caso grave para o qual não se vê, por uma causa que escapa aos
nossos olhos e ouvidos, um remédio adequado.
O
caso grave não impõe, portanto, que se recorra sempre ao povo, especialista
que, com o seu voto, elege os políticos que, em princípio, governarão o país,
fazendo-o, na maioria dos casos, a seu bel prazer.
Todos
os cidadãos sofrem, mas se estão conscientes da sua missão, sabem perfeitamente
como é preciso tratar e punir tal ou tal infração, devendo ser determinados a
agir conforme os princípios de que foram os políticos os primeiros
beneficiários.
O
caso difícil exige uma certa experiência, que os políticos nem sempre possuem;
um acervo de informações que só se adquire pela observação de casos análogos,
que é coisa que hoje não falta, quer entre nós quer no estrangeiro.
O
cidadão é, precisamente, aquele homem, ou mulher que, tendo-se esforçado por
ampliar a sua experiência em meditar sobre a génese e a evolução de certas
taras e certas afecções, está em melhores condições de apresentar, ao mesmo
tempo, um diagnóstico certo e um prognóstico autorizado. Portanto, saberá
prescrever, também, os remédios mais apropriados.
Ora,
por pouco que se examinem, atentamente, os principais casos difíceis,
distinguem-se muito depressa os seus caracteres gerais.
Embora
sabendo-os diferentes – pois são sempre individuais – esses caracteres
conferem-lhes, no entanto, uma certa similitude.
Não
há pior erro do que pretender tratar todos os cidadãos, e com maior razão
aqueles que se situam no quadrante esquerdo da política, de maneira idêntica.
A
indisciplina de uns, por exemplo, não é a dos outros, mesmo quando ambas se
manifestam da mesma maneira.
Pelo
menos a sua raíz é diferente, visto que mergulha na individualidade de dois
temperamentos e dois caracteres, e que não há dois indivíduos semlhantes.
Resulta,
porém, que, se é conveniente desconfiar das generalizações rápidas e das normas
abstractas, alguns sinais não podem escapar á observação.
Pergunto-me
se hoje haverá um só cidadão que não saiba distinguir o bem e o mal que estão a
fazer ao nosso país, à nossa nação, à nossa Pátria amada.
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