Na sociedade portuguesa,
instalada na complacência e no “deixa andar”, a indiferença impõe-se de modo
quase imperceptível enquanto sopra a aura de bem-estar material.
As pessoas vão enchendo os
depósitos de combustível, o necessário para o carro andar, e o consumo
mantém-se, e só querem que não as aborreçam.
Mas, quando os ventos são
ciclónicos – como acontece agora – a indiferença torna-se indignação e aumenta
o mal-estar social.
O desprestígio do sistema
político originado pela espiral tóxica da política espectáculo e a “tirania”
dos meios, tem muito a ver com o que se vive e se passa.
Também a obsessão pelo
imediatismo nos converte em muito impacientes e intolerantes face ás
adversidades.
Uma monstruosa núvem de indignação
nacional paira sobre Portugal desde há uns anos.
Em 2009 falava-se em nome da
dignidade nacional, expressando o mal-estar social nacional, após anos de
progressiva desafeição a Portugal, pois tudo era União Europeia, moeda única,
competitividade, valor acrescentado e, comparações descabidas com outros países
da U.E.
Qualquer governo cairia… e,
devido à sua queda desencadear-se-ia uma campanha contra qualquer proposta
governamental, haveria grandes manifestações de “gente à rasca” às quais todos ou
quase todos adeririam.
O tom de voz popular subiria de
tom, como subiria a indignação colectiva, o que faria preludiar a derrota dum
governo sem rumo certo…
E naquele clamor massivo, todos
caberíamos… todos menos aqueles que queriam tomar conta do lugar que se
abriria, porque esses tinham originado a tal núvem tóxica de animadiversão, que
feria a nossa dignidade de portugueses de bem.
Mas, uma vez criado um novo
panorama político nacional, as coisas acalmariam.
Agora há indignação social e,
para a enfrentar, os nossos governantes recolhem o dedo acusador contra os que
tanto nos humilharam.
Será tão português que faça da
necessidade virtude..?
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