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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

«ÀS PORTAS DOS CENTROS DE EMPREGO»

















Nas turbulências desta zona fazem-se sentir as disparidades e os desequilíbrios que operam sobre o casal maldito constituído pelo indivíduo e a sociedade com a qual se debate.

Conhece-se a tirania manifesta e evidente, assim que a soma dos direitos excede a dos deveres.

Da mesma maneira, a servidão define a situação na qual se encontra uma pessoa para quem, os deveres que lhe são exigidos são superiores aos direitos de que usufrui.

Portanto, onde se encontram os tiranos e os escravos? Quem poderá afirmar que o social ainda respeita os deveres que lhe incumbem relativamente aos indivíduos, nomeadamente do fim para que é constituído?: a protecção de todos os contratantes e de todos aqueles que aceitaram, tacitamente, o princípio do contrato social.

Que se pode exigir a tais indivíduos, em matéria de deveres, quando a sociedade e, com ela, o  político, já não honram nada do que constitui o pacto, nomeadamente em matéria de segurança, dignidade e satisfação das necessidades elementares?

Tirânicas são as sociedades que fiscalizam, pedem, exigem, obtêm, legalizam, legislam, puncionam, retêm, subtraem, impõem, taxam, quando não perseguem, param, constragem e prendem para, depois se declararem incapazes de oferecer o mínimo ao cidadão que terão despojado, roubado, despido, desnudado.

Principalmente em matéria de emprego, de mínimo vital, de decência e de dignidade.

Escravos são todos os que sofrem o jugo dessas sociedades e que não dispõem de outra alternativa a não ser submeter-se de bom grado, ou constrangidos e forçados, á autoridade incontestável de uma pretensa justiça que coloca a sua política, os seus magistrados, quando não o exército, ao serviço desta vasta empresa de espoliação dos indivíduos para proveito de uma máquina económica, social e política desabrida, furiosa e autofágica.

E são também tiranos os que se tornam os administradores, os funcionários, os preceptores, os braços armados desta lógica perversa.

As dinâmicas que operam no corpo social são centrífugas, excluem mais voluntária e frequentemente que permitem a inclusão, a inserção ou a integração social. São frequentes os trajectos que fazem de um explorado um rejeitado e, depois, fazem deste um danado, antes da dissolução nos múltiplos dejectos sociais.

Quantos se podem prevalecer de um percurso inverso, não na direcção das trevas, mas rumo à luz? Novamente aqui os sociólogos deveriam fornecer os números deste perpétuo sacrifício oferecido às potências sociais mortíferas.

Veríamos, então, os algarismos da contabilidade do diabo, leríamos a cartografia deste inferno social desenhado a carvão!

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