Numa altura em que a música 'Grândola, Vila Morena' se faz ouvir,
interrompendo discursos de governantes, o Diário de Notícias (DN) conversou com
o jornalista Carlos Albino, que na madrugada de 25 de Abril de 1974 colocou no
ar o tema cantado por Zeca Afonso, sobre o actual significado desta expressão
popular.
Foi o jornalista Carlos Albino que colocou no ar
na antena da Rádio Renascença, na madrugada de 25 de Abril de 1974, a música
‘Grândola, Vila Morena’, composta e cantada por Zeca Afonso, escolhida pelo
Movimento das Forças Armadas com a segunda senha de sinalização para as
unidades móveis saírem dos quartéis e darem início à Revolução dos Cravos.
Esta tem sido também a música escolhida por populares para
interromper discursos de governantes. A ‘estreia’ aconteceu durante o debate
quinzenal, na semana passada, quando falava o primeiro-ministro Pedro Passos
Coelho, e esta segunda-feira a ‘vítima’ foi o ministro Adjunto e dos Assuntos
Parlamentares, Miguel Relvas.
Questionado pelo DN sobre
o simbolismo desta atitude, o jornalista Carlos Albino lembra que há 40 anos a
‘Grândola’ foi “um passo na direcção certa” mas o “eco está em todos os
ouvidos”.
Ao contrário de outras
músicas, a ‘Grândola’ “não estava proibida porque não lhe tinham atribuído uma
vertente revolucionária, mas lírica”, recorda o jornalista, salientando que aí
reside a sua “altíssima carga simbólica”. Por isso, acrescenta, “aqueles que se
alojaram na democracia e se servem dela, não têm o direito de cantá-la”.
Avançando no tempo, Carlos
Albino considera que “hoje, ‘Grândola, Vila Morena’ já não é do seu autor, mas
património de um País” e “um símbolo que contaminou outras sociedades”.
“É um sinal que deve ser
analisado. ‘Grândola’ é a melhor legenda para uma democracia representativa não
para uma democracia desfasada” e “é um alerta de que com paciência chegará a
hora do voto”.
N. M.
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