O exercício da vontade
depende das mesmas leis. Não há vida moral um tanto elevada, sem uma certa dose
de sacrifícios, embora quem os exija ainda, não possa merecer a consideração da
cidadania nacional.
Agora critica-se o
presidente da República por não vir a terreno, isto é, às televisões, falar
contra quem canta “Grândola Vila Morena” quando um ministro se prepara para
falar, ou iniciou mesmo mais um discurso mentiroso sobre qualquer assunto.
Terão ficado chocados por terem sido recordados de “que é o povo quem mais ordena – talvez no seu entender devessem dizer, cantando, quem mais ordenha “ – o que, longe de tornar a vida mais difícil aos políticos, a torna muito mais fácil, dificultando-a cada vez mais ao povo.
Deveriam criticar o
presidente da república quando promulga leis lesivas dos direitos da cidadania,
que impõem mais e mais cortes e impostos, por vezes encapotados, que redundam
em cada vez mais miséria vivida pela cidadania nacional, sem que falem, sem que
digam algo em favor dos eternos sacrificados, como são os portugueses.
Não! Aos políticos, no seu
entender de “politólogos da treta”, o povo deve tudo aceitar, sempre submisso e
subjugado pelos políticos e capitalistas, a quem obedecem cegamente, mantendo a
cidadania na miséria e na fome.
Desde que entrou pela
porta grande na política, na Figueira da Foz, que D. Aníbal de Boliqueime, o
senhor Silva usa de tabus, por vezes com eles prejudicando os cidadãos, sem que
os que hoje o criticam decidam abrir a boca em defesa dos oprimidos.
Houve já quem comparasse o
senhor Silva à raínha Santa isabel, que, quando interpelada pelo seu esposo D.
Dinis, levando no seu regaço pão para distribuir pelos pobres, respondeu
tratar-se de «rosas», abrindo o avental no qual, efectivamente havia belas
rosas, razão pela qual ficou então conhecida como a Raínha Santa, uma vez que o p~´ao- que hoje
negam aos cidadãos – se transformou, por decisão divina, nessas belas flores.
Esperam que o senhor Silva
faça também ele um milagre? Qual deles? O de incentivar a que se silenciem os cidadãos
e que os políticos mais aldrabões da história da democracia lusitana, ou seja,
desde a gloriosa Revolução dos Cravos?
Os portugueses têm
aguentado todo o mal que lhes tem sido dispensado, não tem tido “advogados de defesa”,
mas conseguiu “advogados de acusação”, como se efectivamente sejam os culpados
pela situação de miséria extrema, de falta de empregos, de falta de meios de
subsistência, de autonomia e de progresso social.
Lastimam-se os politólogos
do comportamento desses sacrificados jovens irreverentes, qualidade própria da
juventude, mas sobre a dignidade humana, sobre os direitos humanos preferem
abster-se também ruidosamente, talvez pedindo ainda aplausos.
Consideram, erradamente,
que os jovens estão a agir com indisciplina, sem qualquer consideração pelos
políticos que mentem e roubam os cidadãos, sendo que a juventude é, talvez e em
conjunto com os mais velhos, os grandes lesados, as grandes vítimas dessas
miseráveis políticas que colocam em prática.
Quando às convicções
religiosas, mais que as outras, devem permanecer vivas e actuantes, ou, pelo
contrário, deverão esmorecer com os exemplos, que só alguns criticam, vindos de
altos dignitários da Igreja Católica, que por vezes se mistura á política e aos
políticos, dando a entender que navegam senão no mesmo barco, em naus muito
similares.
Se a missa, a comunhão e a
confissão não são mais que ritos exteriores, vazios de substância,aos quais se
submete hipocritamente um bom número de políticos, de má vontade é certo, mas
para se fazerem ver pelo grande público, se nem mesmo se tem muita consciência
da eminente dignidade que o estado de graça confere, para participar dessa vida
divina, não se sabe reprimir os maus desejos nem os piores instintos, como se
deseja alcançar aquela plenitude religiosa que, somente ela, vale alguma coisa?
Infelizmente, Portugal
centra as suas mais elevadas atenções no faz de conta que nas realidades
miseráveis às quais sujeitam o nobre povo português.
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