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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

AO PRIMEIRO-MINISTRO DE PORTUGAL


Excelência:

Para ficar de bem comigo mesmo, preciso de lhe dizer publicamente que votei bem – não em si, é evidente – nas últimas eleições.

Sou mais um português aposentado e sempre me dediquei intensamente à profissão que escolhi.

Não votei em Vossa Excelência, porque nunca acreditei que o senhor pretendesse o poder para apoiar o povo português. Como se pode verificar, não me enganei minimamente.

Há, no entanto, quatro revelações que devo fazer-lhe, para que possam desculpar-me, os meus concidadãos, por ter ainda duvidado da sua má-fé para com o povo português, de que honrosamente faço parte.

I – A primeira é a de eu, na verdade, não havia em Portugal qualquer hipótese, entre os que mais veemente disputavam a maioria, nem qualquer candidato que merecesse, entre eles, o meu voto. Dos males, porém, viesse o menor. Veio o pior.

II – A segunda, é a de que, como o senhor, tentei ser esperto, pois votei em alguém de quem, mesmo não esperando um bom resultado – que afinal foi – contribuirá para os objectivos dos portugueses, na oposição, claro. Reconheço, todavia, que o senhor me superou no lucro de tudo isso, por ter sabido apoiar-se nos inocentes concidadãos para se fazer eleger.

III – A terceira, é a de que não esperava ver, tão cedo, pessoas espezinhadas, humilhadas, feridas, inânimes, tratadas sem o mínimo respeito, como se vítimas dos famosos anos da Ditadura Salazarista/Marcelista, principalmente na Casa da Democracia, onde devem se defendidos os interesses da população nacional. Não será só o senhor a perder – e será em breve, descanse – no próximo pleito, como também todos os que “ferraram” os dentes na população mais débil. (esta expressão “ferraram”, justifico-a por não conseguir ser educado e suave perante tantas barbaridades e brutalidades.

IV – A quarta e última, é a de que nunca me orgulhei tanto por ser português. Pude conhecê-lo. Sinto-me feliz só de pensar que em breve – mais cedo do que julga – o ver apeado do poder. Os meus, nossos, digníssimos compatriotas estão a enfrentar, como heróis, o seu autoritarismo e falta de saber. A arrogância, como devia saber, é própria dos ignorantes.

Continuemos, pois não posso perder a oportunidade de satisfazer uma curiosidade.

Preciso de lhe perguntar se os portugueses não terão valor no seu país. Ah, já sei; o senhor manda distribuir uns cêntimos e retira biliões aos que trabalham ainda ou já trabalharam. Quero lembrar-lhe que não são, somos parvos.

Refiro-me à desvalorização pessoal a que os vota. Os portugueses, e será bom não os subestimar, saberão responder-lhe como merece.

O seu maior anseio deve ser aprender mais e melhor. Este argumento não pode sustentar a desonestidade e a injustiça social.

Não deve assemelhar a uma esmola, como a que o governo de Vossa Excelência insiste em oferecer a alguns pobres concidadãos.

É necessário que todos os portugueses, do Minho ao Algarve, saibam da humilhante recompensa que pretende pôr em prática com o Orçamento de Estado para 2012, e que a proposta – que levará a Bruxelas – é humilhante e a precisar de ser retirada, emendada e melhorada, para corresponder a uma pequena percentagem do seu salário. Para ser Primeiro-Ministro basta não ser analfabeto.

Trato ainda de algo grave: do seu desrespeito aos portugueses.

As suas infelizes frases, reveladoras do grande desdém  que Vossa Excelência não sabe esconder nos seus discursos, magoam todos os cidadãos nacionais.

Não posso deixar de comentar também a sua infeliz declaração de que se ganha mais 10 a 15% na Função pública que no sector privado, pois é precisamente ao contrário.

E, por falar disso, quantas reformas, daqueles que recebem três ou quatro, lhes vai retirar para equilibrar as contas públicas? Nenhuma? Já se sabia.

Vossa Excelência não se preocupa com a evasão dos cidadãos para o estrangeiro? Isso não será amanhã um grave problema? Não interessa a permanência dos cidadãos ao serviço público, para que projectos tenham continuidade e ocorram outros benefícios?

Não me movem interesses partidários, apenas os sociais e sou um cidadão de primeira classe, como Vossa Excelência ou qualquer outro português, por mais ínfimo queira o senhor classificá-lo.

Pense melhor, Excelência. Deixe a sensibilidade superar a arrogância, a soberba e a indiferença pelas necessidades ou carências sociais. Seja prudente! O senhor já perdeu por tudo o que tem feito.

Sem mais,

Um Cidadão de Portugal !!!

PS: O tratamento respeitoso de «Vossa Excelência» é uma mera convenção gramatical, da qual não consigo desenvencilhar-me. Não deve entendê-lo literalmente.


  


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