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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

«A PÁTRIA»



Uma pátria é um soporífero de todos os instante.

Nunca invejarei – ou lamentarei – bastante os portugueses por a não terem, isto é, por a verem cada vez mais em mãos estrangeiras e alheias, uma espécie d pátria provisória, como é, infelizmente, o caso da “Lusitânia”.

Façam o que fizerem, vão para onde forem, a sua missão é pagar; assim o quer o seu imemorial estatudo de estrangeiros, mas também de nacionais que, cá dentro ou lá fora, devem pagar sempre pelos erros cometidos por aqueles que deveriam dar bons exemplos de seriedade. Será que existirá uma solução para a sua sorte?

Restam as contemporizações com o irreparável.

Até aqui, nada de melhor puderam ainda fazer ou encontrar. É uma situação que irá durar até ao fim dos tempos. E a ela ficarão os portugueses a dever a pouca sorte de jamais perecerem…

Em suma, embora agarrados a este mundo, os portugueses não fazem, realmente, parte dele: há qualquer coisa de não-terrestre na sua passagem pela Terra.

Terão eles sido no passado remoto testemunhas de um espectáculo de beatitude cuja nostalgia conservam?

Virá daí toda essa “saudade” expressa no fado?

Mas, que poderão eles então podido ver, que se esquiva às nossas percepções?

A sua tendência para a utopia não passa de uma recordação projectada no futuro, de um vestígio convertido em ideal. Mas cabe-lhes em sorte, enquanto aspiram ao Paraíso, tropeçar sem fim e irem de encontro à desgraça?

A seu modo elegíacos, entregam-se ao lamento, acreditam nele, cantam-no, convertem-no numm estimulante, num auxiliar, num meio de reconquistarem, tomando a História por atalho, a sua beatitude primeira e mais antiga.

É na direcção desta que se precipitam, é no seu encalço que hoje correm.

E a corrida empresta-lhes um ar ao mesmo tempo espectral e triunfante que nos aterra e seduz, seres tolhidos que somos, de antemão resignados a um destino banal e para sempre incapazes de crer no futuro dos nossos remorsos.




















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