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domingo, 3 de fevereiro de 2013

«QUANDO SURGE A CRISE…»

















De início, quando a “crise” surge, é sempre um caso obscuro, que deixa os cidadãos – suas próprias vítimas, praticamente únicas – muito perplexos, pois ouvem falar de “gastar acima das suas possibilidades, de mal gerir os parcos salários que recebe”, ao mesmo tempo que assiste, impotente, ao aumento desenfreado do desemprego.

Quantas vezes ouvimos dizer: “Não sabemos onde vamos parar. Até quando irá durar toda esta austeridade? Porque temos de pagar o que outros – sempre os mesmos com algumas variações – roubam sistematicamente?”

Pois é! Uns roubam, e o bom do Zé-Povinho é quem sempre paga os “desvios”, pois um político ou membro importante da sociedade, nunca rouba! Limita-se a “desviar”, cabendo-nos então repôr tudo quanto desviaram.

Percebe-se que um problema se coloca e que, subitamente, exige solução. Durante meses e anos adiou-se a solução do mesmo, dizem os que se sentam nas cadeiras do poder.

Agora, que esse problema se reveste de particular agudeza, deixa os cidadãos hesitantes, apreensivos, engrossando as fileiras do desemprego, da fome e da miséria, pois os políticos, entretanto chegados ao poder, nada mais sabem fazer que pôr em prática o verbo “cortar”, mas cortando de forma quase cirúrgica, aos salários e subsídios de férias e de Natal dos que ainda conseguem trabalhar. Até quando? Só Deus o sabe.

Entretanto, do alto do pedestal em que se colocaram, graças ao voto popular – de que a maioria se sente arrependida já – usam de toda a arrogância e até, em alguns casos, de grosseria, nada mais querem ver que a submissão do povo à sua única vontade.

“Quem se detém na pura manifestação exterior e deixa de ir mais longe, evidentemente que erra!” E como tem errado o actual governo de Portugal..!, sacrificando apenas o povo martirizado, enquanto, por outro lado, facilita e oferece novos benefícios aos ricos e capitalistas, não esquecendo os banqueiros e mesmo, sim, esquecendo-se dos que provocaram os tais “desvios” e vivem impunes no fausto.

Que velha imagem, perdida na memória, súbita e misteriosamente ressurge, para nos levar a empreender o que há anos nos parecia impossível?

Que sentimento, latente e desde há anos esquecido, nos impele a fazer determinado gesto, egoísta ou altruísta, sem que nós mesmos possamos discernir-lhe a exacta providência?

Essas subtilezas do coração humano, e com maior razão de todos esses desempregados que grassam e crescem diariamente em Portugal, não há psicólogos ou moralistas, isto é, os “especialistas” da observação e da análise, podem desvendar.

E, desta forma, o povo vai definhando cada vez mais, enquanto banqueiros, além de insultarem a cidadania em geral, apresentam lucros de centenas de milhões de euros.

Assim, torna-se muito raro que não se tenha de recorrer a determinados gestos sociais, como as manifestações de protesto, as greves e as caricaturas carnavalescas de governantes acéfalos.

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