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sábado, 9 de fevereiro de 2013

«NAS TEIAS DA SERVIDÃO»


Apesar de a escravatura ter sido uma realidade comum na história universal, só no século VIII surgiram os meios que permitiram o transporte de milhões de africanos através dos oceanos para terras que lhes eram estranhas.

Podemos encontrar um dos mais antigos registos da escravatura na Bíblia, que diz como José foi vendido no Egipto.

No mundo antigo, a escravatura era algo de normal. O filósofo grego Aristóteles escreveu que os escravos deveriam ser uma raça “inferior” e que, enquanto propriedade dos seus donos, não tinham quaisquer direitos. As civilizações do mundo antigo apoiavam-se muito frequentemente no trabalho dos escravos, que nem sempre estavam dispostos a aceitar o seu destinho.

A mais famosa revolta de escravos do Império Romano ocorreu no ano 73 a. C. e foi liderada por Espártaco. Outras formas de trabalho forçado obrigaram, por exemplo, os camponeses que construiram a Grande Muralha da China ou os servos da europa medieval a trabalhar para os seus senhores, muitas vezes sem receberem qualquer pagamento.

Na antiguidade, a maioria dos escravos era constituída por prisioneiros de guerra que trabalhavam para quem os aprisionara.

No século XV começou a surgir um novo tipo de escravatura, depois de os exploradores portugueses terem viajado para África e depois para as Américas.

Em 1482, Diogo de Azambuja construiu o Castelo da Mina, onde agora se localiza o Gana: foi a primeira fortaleza a ser construída como centro de detenção de africanos antes de serem empilhados em barcos que os levavam para as plantações do Novo Mundo. Outras nações houve que quiseram tomar parte neste negócio.

As embarcações saíam de Bristol e Liverpool carregadas com produtos comerciais para a África ocidental: a moeda de troca eram as barras de metal. À chegada, as mercadorias eram trocadas por escravos. Era raro os ingleses capturarem escravos: compravam-nos a outros africanos que os tinham conseguido através de guerras ou de ataques.

Asx instruções eram típicas: era instruído para “não comprar escravos velhos ou crianças, mas sim jovens saudáveis homens e mulheres”.

Uma vez cheios, os navios partiam para a América e para as Índias Ocidentais. Os prisioneiros eram amontoados, o que tornava galopante o desenvolvimento das doenças, originando uma alta taxa de mortalidade. Os corpos daqueles que morriam eram deitados aos tubarões.

Muitos escravos houve que tentaram matar-se, atirando-se borda fora ou fazendo jejum.

Equiano, um escravo, descreveu como os homens eram chicoteados de hora a hora até comerem e escreve: “Nunca via entre os meus actos de tanta brutalidade.” Os sobreviventes eram vendidos para trabalhar em plantações de açucar nas Índias Ocidentais e de tabaco e mais tarde de algodão nos EUA. Estes produtos constituíam a principal carga na viagem de regresso a Inglaterra. Era um negócio vantajoso, pois ambos os percursos representavam lucro.

O comércio africano era único. Nunca anteriormente tantas pessoas tinham sido retiradas de um país e, mais do que isso, de um continente para outro. Entre 1795 e 1804 cerca de 400 mil escravos foram transportados de África em navios provenientes de portos britânicos. O número total relativo ao século XVIII pode ascender a quatro milhões.

E hoje, será que não existe uma nova forma de escravatura, sobretudo na “Velha Europa”, e nomeadamente em Portugal? Apenas com uma diferença. A de obrigarem a não trabalhar quem pretende fazê-lo, remetendo-os/as para o degradante desemprego, e aos que ainda conseguem um posto de trabalho, pagando-lhes salários de miséria que os conduzem à fome e à miséria, como aos seus filhos e restantes familiares.

Será que ninguém vê qual a actual – real – taxa de desemprego? – que está em creecente contínuo, graças aos que vivem na corrupção e na constante aldrabice, enquanto eles e os seus vão enriquecendo a olhos vistos?

Será que ninguém pretenderá defender – realmente – o estado social de uma Europa cada vez mais decrépita e entregue a tecnocratas que se tomam por governantes de luxo, anunciando benefícios inexistentes para os povos sobretudo os do Sul desta miseranda Europa?

E, também aqueles que afirmam que o povo português aguentará todas as medidas de austeridade, vivendo na riqueza, rendendo vassalagem a quem nomeia sua mulher conselheira da Casa Civil, afirmando também que os sem-abrigo, que muito em breve serão muitos mais, continuarão a viver e a sobreviver como gente, como pessoas e seres humanos.

Enquanto o povo português se mantiver nas “encolhas”, como os partidos da oposição, a pobreza está a transformar-se na maior paisagem nacional.

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