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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

«DIAGNÓSTICO DA INDISCIPLINA»



Não se cura um doente de qualquer maneira, mas com a medicação apropriada ao seu caso específico. Portanto, é necessário reflectir na natureza do mal que ele sofre, como na sua origem.

Muitos casos seriam menos difíceis de tratar, se se tivesse o tempo de estabelecer um diagnóstico sério.

De início, a “indisciplina” – como pretendem chamar aos movimentos dos jovens, não deve ser censurada como tentam fazê-lo, dedicando tempo na Assembleia da república a falar da liberdade de expressão, de acção como se tivessem o fogo no dito cujo, ou o rabo trilhado por esses mesmos movimentos.

Aos jovens, ao povo em geral, não é permitido fazer-se ouvir, como o é aos políticos que se pavoneiam ao dizerem asneiras e a cometerem verdadeiras crueldades psicológicas para com a sociedade portuguesa.

Comummente, a indisciplina é o sinal de uma verdadeira personalidade. O jovem dócil, abúlico, tratável, submisso sem motivo, obediente sem esforço, é um ser sem grande recurso interior.

É um fraco, sem estrutura, como sem tensão.

Se facilmente se gosta dele, é porque não desorganiza a bonita ordem da vida social. Inapto a repensar o que quer que seja, aceita do exterior o que não é susceptível de criar interiormente. Não o ouvimos queixar-se, nem recriminar e também não o ouvimos criticar seja o que for.

Faz o que lhe mandam fazer; pensa o que lhe sugerem, porque é muito dependente de outrem para viver por si.

Esse fraco, por passivo que seja, não é, todavia, um deserdado, mas já não é também desses temperamentos que criam a sua vida, com seus riscos e perigos, e que são, como diz Emerson, capitães do seu próprio destino.

Como é evidente, os políticos gostariam de lidar com esse tipo de jovens.

Ganhariam a calma e a segurança. Não deveriam ser obrigados a ouvir cantar “Grândola Vila Morena”, nunca seriam transtornados com apodos como “fatunos, demissão, e, poderiam lidar com essas grandes crises que se abatem sobre todo um povo, como marés de equinócio: gritos de slogans, que ameaçam mandar os políticos àquela banda, sob o olhar húmido das mães que pela televisão assistem aos “espectáculos” aos quais os políticos os obrigam, sendo actores e ensaiadores das suas próprias cenas, que de modo algum são tristes, como pretendem fazer crer.

Ora, se os jovens não velarem para defender o seu futuro à sua maneira, tal como outros fizeram há anos atrás, mesmo lutando contra o fascismo,  tudo continuará a piorar e esse futuro será colocado em causa e não passará de uma mera ilusão.

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