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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

«A ESCRAVATURA AMARELA»


Há dois séculos, Napoleão Bonnaparte fez uma porfecia, que está a começar a realizar-se actualmente, ao dizer: “Deixem dormir a China porque, quando ela acordar, o mundo vai estremecer”.

A China do Futuro – e o futuro é hoje – a verdade é que agora, tudo quanto compramos é “made in China”.

Eis um aviso para o futuro! Mas, quem liga a esse aviso? Actualmente, ninguém! Agora, é só aproveitar… e aproveitar, e depois? Como será com os nossos filhos e netos? Que futuro terão?
Já alguém pensou como ficará a China no futuro?

Alguns conhecidos regressaram da China impressionados.

Um determinado produto que Portugal fabrica um milhão de unidades, uma só fábrica chinesa produz quarenta milhões. A qualidade é já equivalente. E a velocidade de reacção, é impressionante.

Os chineses colocam qualquer produto no mercado numa questão de dias… de semanas, com preços que são uma fracção dos praticados entre nós.

Uma das fábricas está a mudar-se para o interior, pois os salários da região onde está instalada estão demasiado elevados: 100 dólares mensais.

Um operário português equivale a, no mínimo, a 485 euros que, acrescidos de impostos e benefícios, representam quase 600 dólares.

Quando comparados com os 100 dólares chineses, que recebem praticamente zero benefícios, estamos perante uma escravatura amarela e a alimentá-la…

Horas extraordinárias? Na China? Nunca!!!

O pessoal por lá fica tão grato por ter um emprego que trabalha horas extra sabendo que não vai receber nada por isso…

Por trás dessa “posição”, está a grande armadilha chinesa.

Não se trata de uma estratégia comercial, mas sim, de uma estratégia de poder, para ganhar o mercado ocidental.

Os chineses estão a tirar proveito da atitude dos gananciosos ocidentais, que pretendem terceirizar a produção, ficando apenas com o que agrega os valores: a marca.

Dificilmente se adquire, actualmente, nas grandes redes comerciais dos Estados Unidos um produto “made in USA”. É tudo “made in China”, com rótulo estado-unidense.

As empresas ganharam rios de dinheiro comprando aos chineses por cêntimos e vendendo por centenas de dólares. Apenas lhes interessa o lucro imediato, a qualquer preço. Mesmo ao custo do encerramento das suas fábricas e do brutal desemprego.

É o que se pode chamar de “estratégia peçonhenta”!

Enquanto os ocidentais terceirizam as tácticas e ganham no curto prazo, a China assimila estas tácticas e tecnologia, cria unidades produtivas de alta performance, para dominar a longo prazo.

Enquanto as grandes potências mercantis, que ficam com as marcas, com os “designs”, os chineses estão a ficar com a produção, estimulando e contribuindo para o desmantelamento dos já poucos parques industriais ocidentais.

Em breve, por exemplo, já não haverá mais produção de calçado pelo mundo. Só na China.

Então, num futuro próximo, veremos os produtos chineses a aumentar os preços, gerando o “choque da manufatura”, como aconteceu com o choque petrolífero nos anos 70, e actualmente, mas será demasiado tarde.

Então, o mundo perceberá que reeguer as suas fábricas terá um custo proibitivo e render-se-á ao Império Chinês.

Perceberá que alimentou um enorme dragão e que acabou seu refém.

Dragão esse que aumentará gradualmente os seus preços, já que será ele quem ditará as novas regras e leis do mercado, pois quem tem o monopólio da produção, manda!

Sendo ela e apenas ela quem possui as fábricas, inventários e empregos, é ela quem vai regular os mercados, não mais os “peçonhentos”.

Seremos nós, os nossos filhos e netos a assistir a uma inversão das regras do jogo actual, que terão nas economias ocidentais o impacto de uma bomba atómica… chinesa.

Nessa altura, em que o mundo ocidental acordar, será demasiado tarde.


Nesse dia, os executivos “peçonhentos” olharão tristemente para os esqueletos das suas antigas fábricas, para os técnicos aposentados e a verem televisão no sofá, e chorarão sobre as sucatas dos seus parques fabris desmantelados.

Então, lembrar-se-ão, com muitas saudades, do tempo em que ganharam dinheiro comprando “balatinho aos esclavos” chineses, vendendo caro as suas marcas aos seus conterrâneos.

E, entristecidos, abrirão as “marmitas” e almoçarão as suas marcas que já deixaram de ser moda e, por isso, deixaram de ser poderosas, pois todas foram copiadas.


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