Ó interminável, sublime e
auspicioso ciclo, que nos brinda com a inocente, esperançosa e doce aurora da
infância; com a aventureira, turbulenta e fantástica manhã da adolescência; com
o ideólogo, edificante e vigoroso fim da manhã da juventude, com o responsável,
inovador e activo zenite da maturidade, com a enriquecedora, renovadora e
inspiradora intelectualidade das tardes adultas, com a cultura, a sapiência e a
serenidade do entardecer existencial. Ah!, interminável, sublime e auspicioso
ciclo…
Com uma certa rispidez é preciso,
de vez em quando, pôr o dedo na ferida. Especialmente naqueles cuja
responsabilidade, por diligenciarem para manter o povo no esquecimento, salta à
vista, à luz dos acontecimentos, porque a realidade aí está e nenhum português
de consciência sã ignora, pois a criminalidade explosiva, vinda principalmente
dos guetos da miséria, se encarrega de o avivar todos os dias.
Acredito, portanto, na crítica
construtiva, que tem de ser aceite, até com gratidão, uma vez que não passamos
de humanos. Portanto, como humanos, somos passivos de erros e, quando a crítica
é feita, é normal vir acompanhada de sérios argumentos mas, ao mesmo tempo, sem
ofensas pessoais.
Concordo que, para algumas
pessoas, as críticas possam ser entendidas como simples “fait divers” ou mesmo
“asneiras” ou “idiotices”, até porque idealista que sou, municiado duma certa
ingenuidade, acreditei na palavra que publicamente me foi dada.
Acreditei que aceitar pertencer a
um grupo de pessoas que demonstram os mesmos interesses sociais que eu, o que
estaria implícito para que pudessemos ser amigos, que com todo o prazer teria
de aceitar e respeitar as mais variadas correntes de pensamento e que essas
pessoas teriam que respeitar quer os meus quer a minha dignidade.
Sinto-me satisfeito que outras
pessoas pertençam ao mesmo grupo que eu, pois sei que nele existem seres
humanos que defendem os mesmos ideiais humanistas e sociais, independentemente
da filosofia de cada qual, ou da minha.
Aceito os ideólogos puros, que
nada fazem com a soberba de serem donos da verdade inquestionável, até porque
sabem, e já demonstraram que, tal como acontecia outrora no intuito de
propaganda fora de época, mostravam depois não serem tão puros como tentavam
fazer crer.
Quando criei o grupo, não o fiz
sob qualquer condicionamento nem condicionando aqueles que me acompanharam
desde o primeiro dia. Também não poderei criticar o meu tosco português este ou
aquele político e também não aceitaria, pois todos sabem já o que penso a respeito
das barbáries políticas que assolam o país local ou centralmente.
Assumo tudo o que escrevo e digo
e não gostaria de ver outras pessoas serem prejudicadas pelas minhas garatujas
e, quando por acaso possa citar um jornalista, um escritor, um sociólogo ou
outros cujo conhecimento está acima do meu, não tem a menor importância se é ou
não a favor do governo local ou central, até porque, para fazer um juízo
equilibrado, não se pode usar uma viseira e ler, falar e ver apenas o que se
gosta.
Critico que faltem ao prometido.
E houve alguém que não cumpriu o compromisso publicamente assumido e,
curiosamente, não se vislumbra o relato do que se passou e disse naquela dia… o
que também critico.
Termino com uma fase de Eça de
Queirós: «O povo não precisa de caridade; precisa de justiça. Justiça Social.»
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