Uma vez mais foi apresentada uma moção de
censura ao governo, desta vez pela bancada do PS, que se sabia à partida seria
derrotada. Passos Coelho numa imagem mostrada pela televisão, quase nem podia
escrever o nome de quem o interpelava, de tal modo tremia.
Saúdo, apesar de tudo, a coragem e até o
estoicismo do PS, na pessoa do seu Secretário-Geral, António José Seguro que,
ao fim e ao cabo, acabou por censurar o actual governo, devido às péssimas
políticas económico-sociais que tem vindo a praticar desde a sua tomada de
posse e têm conduzido os portugueses a um estado de miséria só antes vivido no
tempo da ditadura salazarista.
Aliás, saúdo toda a oposição pela união à volta
de mais esta moção de censura, o que conseguiu enervar o primeiro-ministro, que
chegou a reconhecer que efectivamente tem sido enorme e tremendo o esforço
exigido aos portugueses, como se viu obrigado a reconhecer, através do
silêncio, o enorme aumento do desemprego, o que quer dizer que reconheceu
também a inutilidade de toda a austeridade a que tem sujeitado os cidadãos.
Sem crescimento económico jamais haverá
políticas de crescimento e de emprego, e já ultrapassa um milhão de portugueses
que o engrossam e vivem momentos que jamais pensariam possíveis aquando da
Revolução dos Cravos, a 25 de Abril de 1974.
Mas, Passos Coelho teima no custe o que custar, sem se importar, minimamente, com a dignidade ofendida dos portugueses, mantendo a ideia de que os jovens em busca do primeiro emprego, em consonância com as suas habilitações, devem continuar a emigrar.
Se no tempo da ditadura Salazar se opunha à
emigração, tal só se devia à guerra colonial em África. Ora, como hoje essa
guerra já não existe, Passos Coelho limita-se a dizer aos jovens – e dos velhos
nem sequer fala – que emigrem para países europeus ou africanos, nomeadamente
Angola.
Sem dúvida alguma que durante o mês de Abril
do ano corrente se vai assistir a coisas nunca vividas, podendo mesmo chegar-se
a uma situação ainda mais caótica que a que se vive já, mas que o actual
governo pretende piorar.
Portugal vive em verdadeira catástrofe
protagonizada pelo actual governo, que deveria ter a lucidez de concordar que
viver com menos de cem euros por mês, não só é humilhante como desumano. Mesmo
aqueles que vivem com 240 euros é viver na miséria que o actual governo defende
e provoca, com todas as políticas de miséria, faltando ao respeito da
Constituição e ao princípio dos direitos humanos.
Mas, deveria haver debates mais sérios, sem
aquela agressividade que a nada conduz, a não ser ao mais alto desespero da
cidadania.
Estou convencido de que se dessem a palavra
ao povo, este diria ao governo que deixasse o lugar e fosse “passear”, pois
para aquilo que sabe fazer, há muitas e melhores alternativas para dirigir o
país e os portugueses sem ser dentro da profunda miséria em que se encontra em
maioria.
Sem dúvida alguma que há uma premente
necessidade de mudar Portugal, mas não através de moções de censura, que o
presidente da República recusa ter em consideração, como se Portugal e os
portugueses vivessem num mar de rosas.
E, também, os deputados da coligação, no seio
dos quais não existem só ignorantes, sabem muito bem que a actual crise foi
causada por quem hoje se refugia em tabus e escreve no facebook, como também
pelo contexto internacional.
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