Se apenas se tratasse de imagens claras,
límpidas, despidas de qualquer sugestão sentimental, o mal não seria muito
grande.
Mas, toda a imagem que concretiza um
sentimento profundo, essencial, nascido do instinto, que nele mergulha e está
como que aureolada por ele, é, pelo menos, duplamente mais perigosa.
É desse poder de sugestão que tantos
políticos abusam.
A grande arte da vedeta, é desencadear essas
tempestades sentimentais, que, em serem puras ilusões, não são, mentalmente,
menos perigosas.
O político que lê tal livro, que assiste a
tal filme, vive-os, literalmente, não se tenha dúvidas. Por exemplo, se Pedro visse um filme sobre o Rambo,
adoptaria toda uma outra atitude, com uma tal intensidade, com uma insuspeitada
violência!
Cá entre nós, ele é bastante nervoso,
bastando, para o constatar, observar os debates na Assembleia da República,
quando se dirige a certa oposição, cerrando os lábios, fazendo cara de caso,
que para qualquer criancinha seria um esgar do lobo mau, pronto a lançar-se
sobre o pobre cordeiro que bebe mais abaixo, e é por ele acusado de consporcar
a água que bebe no arroio.
Pode dizer-se que o Pedro vive num mundo
irreal e que a vida realizável pouco vale a seus olhos.
A imaginária, para ele, tornou-se realidade.
É esse universo inconsciente, mas cuja
inconsistência não percebe, se sobrepõe ao universo imediato, pois vive num
fictício, que lhe é sugerido, imposto, conhecendo apenas uma parte do universo
real.
Devemos abandoná-lo a essa magia; não
procuremos defendê-lo dela, e o que acreditemos que lhe possa suceder, senão
que a sua vida será mais sonhada que pensada, mais sugerida que voluntária?
Depois, será bem esse o meio de o retirar da
crise, que é a crise da sua idade e personalidade, que afirmam ser irascível, e
de o conduzir,, insensível, mas firmemente, ao domínio de si, que é a forma ela
mesmo da maturidade.
Magia da imagem e do sentimento associados,
aí está o segredo desse devio que se observa nos políticos precoces, que tentam
adoptar sistemas de conduta que se limitam a lesar os seus concidadãos, que
demonstra odiar profundamente.
Não é, pois, de admirar que cometa verdadeiros crimes sociais, frequentes entre aqueles que se imaginam competentes e capazes, acabando por demonstrar que são todo o contrário.
O que mais admiro, o que mais me atrai, é a
aproximação dos bajuladores, ou sabujos, que só se aproximam e lançam os seus
piropos pomposos quando vêm em causa a possibilidade de manutenção de um tacho
autárquico, como é o caso do ainda autarca de Gaia que a todo o custo, mesmo
contra as decisões dos tribunais, pretende manter a sua candidatura à Câmara do
Porto.
E, muito mais se irá ver, pois a procissão
ainda nem está organizada, pelo que se limita a estar em projecto nessas mentes
perversas que sabem viver apenas à custa dos cidadãos a quem, normalmente, hostilizam,
uma vez eleitos.
Sem comentários:
Enviar um comentário