No
romance Bleak House, de Charles Dickens, uma personagem de nome MRS. Jellyby,
negligente em relação aos próprios filhos, vive constantemente empenhada em
causas nobres, como o auxílio às meninas pobres de uma terra distante chamada
Borrioboola-Gha.
Mrs.
Jellyby ilustra – pela negativa – o velho ditado que afirma que “a caridade
começa em casa”.
Em
qualquer caso, o altruísta não deve abafar o espaço nem a independência dos que
ama, e aquele que pretende ser altruísta deve ser sensível às necessidades e
aos gostos da pessoa que ajuda – não fazendo como o filho bem intencionado que
todas as semanas manda flores à mãe doente, esquecendo-se completamente de que
esta é alérgica a flores, ou como a nora que todos os domingos presenteia o
sogro viúvo (que não tem coragem para lho fazer notar) com petiscos que
infringem quase todas as suas restrições dietéticas.
Mesmo que
nas acções do benfeitor não exista qualquer sentimento de superioridade ou
manipulação, quem recebe luta sempre contra sentimentos de inferioridade,
principalmente quando recebe auxílio por ser julgado fraco ou incapaz. Muita
gente aguenta este estatuto e prefere recusar a ajuda.
Nesta
equação complicada funciona aquilo a que os psicólogos chamam princípio da
equidade.
Em geral,
as pessoas que são ajudadas sentem-se melhor quando podem retribuir o favor. O
seu amor-próprio exige-lhes que demonstrem não precisar de caridade e que
também podem auxiliar os outros e ser generosas.
Mas, o
desejo de retribuição pode ser enfraquecido pela desconfiança acerca dos
motivos que levaram o outro a ajudar: quem recebe ajuda pode achar que existem
interesses ocultos ou que a ajuda podia e devia ter sido maior.
O
sentimento de bem-estar que nos inunda quando ajudamos outras pessoas pode
prolongar-nos a vida.
Ora,
estudando minuciosamente o discurso ontem proferido pelo presidente da
República na Casa da Democracia Portuguesa, revelou-me um decréscimo moral e
humano que, apesar de tudo, devemos saber aceitar sob a condição de sabermos
que vindo de onde veio, que outra coisa mais poderíamos esperar?
No seu
discurso, ele demonstrou-nos a todos um aumento de anticopros que o protegem de
doenças na saliva e mais parecia um estudante que assistia a um filme sobre o
trabalho de Madre Teresa – uma das mais reconhecidas altruístas de todos os
tempos – entre os pobres de Calcutá.
Todos
viram como os deputados da maioria deliraram aplaudindo a sua dissertação,
muito semelhante – a cena – ao prazer do corredor provocado pelo exercício.
Sem se
dar conta do que realmente fazia, o presidente da República ajudou-nos a todos
a compreender de que lado se encontra, qual o verdadeiro consenso desejado,
qual o seu verdadeiro respeito pela Constituição e a real consideração pelo
povo português que o reelegeu, sentindo, com as suas palavras proferidas um
efeito calmante sobre o cérebro e o corpo, que certamente lhe reduziu o stress
cardíaco ao afastar a cólera e a irritabilidade.
Não se
enervem, prezados concidadãos, pois finalmente caiu-lhe a máscara e de forma
tão estrondosa que até o senhor Pedro se mostrou ufano ao sair depois de ter
ouvido de novo “Grândola Vila Morena”, na escadaria do palácio de S. Bento.
Todavia,
devemos manter-nos alerta e não permitir que esta maioria e esta presidência da
República consigam destruir o país que é Portugal.
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