Existe em Portugal pelo menos uma pessoa que
adora brincar às “escondidas” com os cidadãos. Talvez consiga fazê-lo durante
algum tempo, mas acabará, necessariamente, por se trair.
Basta-nos ficar atentos a alguns sinais, quase
imperceptíveis, mas que, tudo considerado, desvendem os segredos mais
ciosamente guardados, aqueles que se tem a firme disposição de jamais
confessar, que se negará, mesmo contra qualquer evidência, aí incluída a
evidência do flagrante delito.
Essa pessoa não devia poder mentir, mas bem
se percebe que mente. É questão de sensibilidade e de intuição.
É claro que não é preciso ver um mistério em
tudo. Se mistério existe, não é necessariamente de ordem moral ou sentimental,
mas de ordem social, pois nada liga, nunca ligou aos seus concidadãos, chegando
ao ponto de o ignorar totalmente.
E mesmo se o fosse, não se deveria concluir,
sem discernimento, sobre a culpabilidade, que é sempre possível, mas que, para
ser verdadeira, deve ser provada. Daí a dificuldade do caso de ele gostar de
brincar às escondidas com o povo.
Os sinais, sobre os quais falo há muito e que
digo quase imperceptíveis, os cidadãos perspicazes facilmente os interpretam.
A vida em Portugal é, geralmente, tão
limitada que, nela, cada um fiscaliza todos os demais.
Começa-se, pois, a ter a impressão confusa de
que “algo não vai bem!. Essa impressão configura-se, confirma-se, porque em vez
de explicar aos cidadãos tudo quant se passou, passa e se prevê passará, não!
Quer ele quer o seu delfim, que talvez tenha aprendido com ele a fazer, entrar
nos seus prolongados tabus e, se se pergunta porquê, recebe-se como única
resposta, “Não sabemos. Mas temos a impressão de que os “bons” políticos devem
saber moderar-se e falar apenas nos locais devidos e com quem os compreendam.”
Se fossem médicos, estariam a passar um
atestado de estupidez aos cidadãos, mas como o não são, passam-no a eles
próprios, já que mais nada sabem fazer, e são muito pobres quanto à compreensão
quer da língua-pátria quer da psicologia social.
Quando se tem um animal de estimação, seja um
gato ou um cão, se se lhe pisa uma patinha, pega-se nele ao colo, pede-se-lhes
desculpa e acaricia-se meigamente.
Mas, quanto ao respeito devido aos cidadãos
em geral, que de modo algum são animais de estimação, pelo contrário, além de
pisarem os calos, pisam tudo quanto podem e depois riem-se como alarves.
Eles ficam facilmente de mau humor e adoram
culpar-nos e culpar aquele único e último governo antes do seu próprio, que só
o é devido ao voto dos “estúpidos” que neles votaram, sabendo que mentem com
quantos dentes têm na boca, mais os da placa…
E amanhã, proferirão belíssimos
discursos, cravo vermelho na lapela,
armando-se em defensores dos direitos da cidadania nacional, quando se limitam
a defender os seus apenas e os de seus amigos capitalistas.
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