É difícil a quase todas as pessoas, mas
especialmente aos jovens, imaginar um mundo sem televisão.
Admitimos como certo que todas as notícias
importantes do dia, a nível mundial, ali estarão ao nosso alcance com o simples
carregar de um botão.
Antigamente, só os que liam sabiam o que ia
pelo mundo, e mesmo assim com grande atraso. Hoje, é possível a qualquer de
nós, se assim o quiser, assistir a um casamento real em Londres, ver os Jogos
Olímpicos na Coreia do Sul, testemunhar a tragédia de um fogo numa floresta.
Nada como a televisão encurtou tanto a
distância que separa as nossas vidas privadas do mundo exterior.
Ela revela-nos ambientes e espécies
desconhecidos no nosso meio e ajuda-nos a conhecer e a amar o planeta onde
vivemos e pelo qual, de certo modo, somos responsáveis.
A preocupação com a destruição do meio
ambiente, seja pelas chuvas ácidas ou pela redução das áreas de florestas
húmidas tropicais, está agora generalizada.
Inquietamo-nos com a influência da tecnologia
não só sobre as nossas cidades como sobre a nossa saúde.
A televisão permite-nos também conhecer a
nossa história e identificarmo-nos com os nossos antepassados.
Enquanto antigamente os sábios eram os únicos
que conheciam a fundo as civilizações da Antiguidade, actualmente inúmeros
telespectadores viram já as escavações na Terra Santa e a arquitectura da
antiga Grécia.
Embora a informação que a televisão veicula
seja muitas vezes superficial, a cultura geral aumentou, proporcionando bases
mais amplas para o entendimento do homem, da sua história e do ambiente em que
tem vivido.
As nossas vidas modificaram-se em muitos
aspectos significativos – uma maior esperança de vida para muitas populações é
um dos mais importantes.
Uma vida mais longa permitiu alterações no
estilo de vida. E a televisão voltou-nos muito para o entretenimento: adoptamos
sem compromisso, como os nossos heróis ou heroínas, uma série de celebridades,
desde os políticos convidados para entrevistas aos jogadores de futebol e aos
artistas das telenovelas.
Sentimo-nos com direito a ter opiniões sobre
temas e acontecimentos que desconhecíamos poucos anos atrás.
Todas estas diferenças alteraram o modo como
nos consideramos a nós próprios e nos relacionamos com os outros.
Mas, como em tudo, também na televisão em
Portugal se cometem tremendos exageros ditos informativos, como tem acontecido
nos últimos dias, acerca dos incidentes ocorridos no final da maratona de
Boston, em que uma jornalista de um canal português foi ao exagero de quase se
ajoelhar para dar um exemplo de como terá agido um dos culpados – suspeitos,
dois irmãos de origem chechena, um dos quais foi morto pelas autoridades e em
que o outro se encontra hospitalizado após tenaz perseguição policial, tendo
sido encontrado através de uma denúncia, num barco sobre um reboque.
As autoridades de Boston mandaram encerrar
escolas, parar o metro, os táxis, ou seja, Boston tornou-se por uns dias uma
espécie de cidade fantasma, em que prevaleceu a caça ao homem, num momento em
que o presidente Obama viu ser rejeitada a lei sobre as armas e sua venda livre
nos Estados Unidos.
Como é evidente, os nossos canais televisivos
transmitiram pormenorizadamente, à exaustão e à saturação, repetindo centenas
de vezes as mesmas imagens e reportagens, pois hoje tudo se faz massificadamente,
e os médias devem poder lutar entre si pelas audiências, transmitindo tudo
quanto seja sensacionalismos, até porque se torna necessário provocar o “choradinho”
que, ao que parece, é o que mais vende no mundo.
Esses vendilhões do tempo de antena, nem
imaginam o mal que provocam nas mentes ainda subdesenvolvidas das crianças que
assistem a semelhantes “massacres televisivos”, e nem mesmo por isso as
autoridades sanitárias se preocupam.
Sempre recusei ceder ao sensacionalismo que
pretendem injectar-nos através do pequeno ecrã, sempre criticarei todos os
exageros cometidos, até porque demasiada informação televisiva, além de violar
todas as regras da sanidade mental, viola também os direitos humanos, sobretudo
no que respeita a vida quotidiana da humanidade.
Dizia-se antigamente que os filmes eram a
escola do crime, da violência e da depravação moral e intelectual, e alguns
impuseram a censura. Hoje, mantêm-se os mesmos padrões de opinião, com a
agravante de que as televisões do tipo CNN são verdadeiros abutres que recebem
milhões em direitos para permitir que as
televisões de todo o mundo transmitam o que mais lhes convém.
A televisão pode ser muito útil ao
desenvolvimento humano e social, desde que não enverede pelo sensacionalismo
rentável e sobretudo pelo humor mórbido e pelas notícias de conveniência.
De realçar que sempre que algo corre menos
bem ao governo, logo se convoca uma conferência de imprensa, com as televisões
sempre presentes, transmitindo o que mais pode convir a esse governo, mesmo que
não convenha ao povo, surgindo também na Internet sítios que de pouco mais
falam.
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