Número total de visualizações de páginas

domingo, 21 de abril de 2013

«OS ASPECTOS EM QUE MUDAMOS»

É difícil a quase todas as pessoas, mas especialmente aos jovens, imaginar um mundo sem televisão.

Admitimos como certo que todas as notícias importantes do dia, a nível mundial, ali estarão ao nosso alcance com o simples carregar de um botão.

Antigamente, só os que liam sabiam o que ia pelo mundo, e mesmo assim com grande atraso. Hoje, é possível a qualquer de nós, se assim o quiser, assistir a um casamento real em Londres, ver os Jogos Olímpicos na Coreia do Sul, testemunhar a tragédia de um fogo numa floresta.

Nada como a televisão encurtou tanto a distância que separa as nossas vidas privadas do mundo exterior.

Ela revela-nos ambientes e espécies desconhecidos no nosso meio e ajuda-nos a conhecer e a amar o planeta onde vivemos e pelo qual, de certo modo, somos responsáveis.

A preocupação com a destruição do meio ambiente, seja pelas chuvas ácidas ou pela redução das áreas de florestas húmidas tropicais, está agora generalizada.

Inquietamo-nos com a influência da tecnologia não só sobre as nossas cidades como sobre a nossa saúde.

A televisão permite-nos também conhecer a nossa história e identificarmo-nos com os nossos antepassados.

Enquanto antigamente os sábios eram os únicos que conheciam a fundo as civilizações da Antiguidade, actualmente inúmeros telespectadores viram já as escavações na Terra Santa e a arquitectura da antiga Grécia.

Embora a informação que a televisão veicula seja muitas vezes superficial, a cultura geral aumentou, proporcionando bases mais amplas para o entendimento do homem, da sua história e do ambiente em que tem vivido.

As nossas vidas modificaram-se em muitos aspectos significativos – uma maior esperança de vida para muitas populações é um dos mais importantes.

Uma vida mais longa permitiu alterações no estilo de vida. E a televisão voltou-nos muito para o entretenimento: adoptamos sem compromisso, como os nossos heróis ou heroínas, uma série de celebridades, desde os políticos convidados para entrevistas aos jogadores de futebol e aos artistas das telenovelas.

Sentimo-nos com direito a ter opiniões sobre temas e acontecimentos que desconhecíamos poucos anos atrás.

Todas estas diferenças alteraram o modo como nos consideramos a nós próprios e nos relacionamos com os outros.

Mas, como em tudo, também na televisão em Portugal se cometem tremendos exageros ditos informativos, como tem acontecido nos últimos dias, acerca dos incidentes ocorridos no final da maratona de Boston, em que uma jornalista de um canal português foi ao exagero de quase se ajoelhar para dar um exemplo de como terá agido um dos culpados – suspeitos, dois irmãos de origem chechena, um dos quais foi morto pelas autoridades e em que o outro se encontra hospitalizado após tenaz perseguição policial, tendo sido encontrado através de uma denúncia, num barco sobre um reboque.

As autoridades de Boston mandaram encerrar escolas, parar o metro, os táxis, ou seja, Boston tornou-se por uns dias uma espécie de cidade fantasma, em que prevaleceu a caça ao homem, num momento em que o presidente Obama viu ser rejeitada a lei sobre as armas e sua venda livre nos Estados Unidos.


Como é evidente, os nossos canais televisivos transmitiram pormenorizadamente, à exaustão e à saturação, repetindo centenas de vezes as mesmas imagens e reportagens, pois hoje tudo se faz massificadamente, e os médias devem poder lutar entre si pelas audiências, transmitindo tudo quanto seja sensacionalismos, até porque se torna necessário provocar o “choradinho” que, ao que parece, é o que mais vende no mundo.
Esses vendilhões do tempo de antena, nem imaginam o mal que provocam nas mentes ainda subdesenvolvidas das crianças que assistem a semelhantes “massacres televisivos”, e nem mesmo por isso as autoridades sanitárias se preocupam.

Sempre recusei ceder ao sensacionalismo que pretendem injectar-nos através do pequeno ecrã, sempre criticarei todos os exageros cometidos, até porque demasiada informação televisiva, além de violar todas as regras da sanidade mental, viola também os direitos humanos, sobretudo no que respeita a vida quotidiana da humanidade.

Dizia-se antigamente que os filmes eram a escola do crime, da violência e da depravação moral e intelectual, e alguns impuseram a censura. Hoje, mantêm-se os mesmos padrões de opinião, com a agravante de que as televisões do tipo CNN são verdadeiros abutres que recebem milhões  em direitos para permitir que as televisões de todo o mundo transmitam o que mais lhes convém.

A televisão pode ser muito útil ao desenvolvimento humano e social, desde que não enverede pelo sensacionalismo rentável e sobretudo pelo humor mórbido e pelas notícias de conveniência.

De realçar que sempre que algo corre menos bem ao governo, logo se convoca uma conferência de imprensa, com as televisões sempre presentes, transmitindo o que mais pode convir a esse governo, mesmo que não convenha ao povo, surgindo também na Internet sítios que de pouco mais falam.


Sem comentários:

Enviar um comentário