Algumas teorias já ultrapassadas ligavam o
riso a uma libertação da agressividade e da hostilidade. Os gracejos e os ditos
“de brincadeira” eram vistos como formas de expressar ideias proibidas – por vezes
inconscientes – e de representar impulsos anti-sociais.
Para lá das interpretações psiquiátricas como
esta, o humor e o riso são instrumentos sociais de inegável valor, pois ajudam
as pessoas a descontrair-se e a “perder defesas”, tornando-se receptivas a
novas situações.
A maioria dos especialistas entende que no
âmago do humor está a incongruência: quando estamos à espera de uma coisa –
aparece outra. Isto assusta-nos; mas, ao tomarmos consciência de que não há
perigo, a nossa surpresa dá lugar ao
riso.
Uma palavra, uma frase, um discurso, um final
de história ou um gesto inesperados surpreendem-nos e fazem-nos rir, embora por
vezes de amargura, como aconteceu recentemente com o discurso do dia 25 de
Abril do “risível” presidente da República.
O humor pega em situações, pessoas ou
atitudes vulgares, em comportamentos convencionais, e olha-os de um ângulo
inesperado, afastando-se frequentemente dos padrões ou atitudes geralmente
aceites.
O riso começa cedo. Um bebé que brinca ao “cu-cu”
ri convulsivamente, deliciando-se com o aparecimento e desaparecimento de um
rosto ou brinquedo. O humor é também universal, como sabemos pela popularidade
generalizada dos filmes de Charlot.
A razão porque o incongruente nos faz rir
nunca foi suficientemente explicada nem pela psiquiatria nem pela psicologia.
W. C. Fields, um dos grandes mestres da
comédia, também não conseguia explicá-lo, mas tentou-o de forma humorística: “O
aspecto mais engraçada da comédia é nunca sabemos porque é que as pessoas riem.
Sei o que as faz rir, mas tentar agarrar o ‘porquê’ é como tentar tirar uma
enguia de dentro de uma bacia com água.”
Alguns psiquiatras e psicólogos distinguem
entre o medo, que classificam como a reacção adequada a uma ameaça real, e a
ansiedade, que consiste na expectativa antecipada de um facto desagradável e
que muitas vezes surge de forma desproporcionada ou mesmo sem causa aparente,
como todos esses cortes e recortes praticados nos nossos salários ou pensões de
reforma e outros impostos.
De um modo geral, pode dizer-se que se trata
de ansiedade se a causa é vaga, de medo se é específica.
Com excepção das fobias irracionais, os medos
– e tantos que são em Portugal – funcionam como instrumentos de protecção. A
ansiedade, se é exagerada, pode também ser benéfica, na medida em que nos
estimula e motiva a estar bem preparados para situações importantes e de
responsabilidade.
Mas a ansiedade em exagero, ou angústia – a mais
frequente entre a cidadania nacional – diminui a qualidade das nossas
actuações.
A apreensão despertada por circunstâncias
específicas e já experimentadas, como, por exemplo, ter de pagar o que se não
deve nem nunca deveu, designa-se por estado de ansiedade, o que me leva a pedir
aos meus prezados amigos e concidadãos, que aprendam a rir-se mesmo que não
sintam vontade alguma, pois rir é ainda o melhor remédio…
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