O historiador e
fundador do Bloco de Esquerda, Fernando Rosas, defende em entrevista ao Jornal
de Negócios, publicada na edição desta sexta-feira, que o actual Governo
sustentado pela troika e pelo Presidente da República é “um cadáver adiado” que
“dentro de pouco tempo” vai cair. Quanto à crise, o professor catedrático
considera que a “solução do País” está numa “coligação das esquerdas”.
Em entrevista ao Jornal de Negócios, o historiador Fernando
Rosas, fundador do Bloco de Esquerda e professor catedrático, manifesta-se
preocupado com o futuro da Europa e defende uma coligação das esquerdas em
Portugal como única solução para ultrapassar a crise que o País atravessa,
governado por um Executivo sustentado pela troika e pelo Presidente da
República, Cavaco Silva.
“A crise actual, não tem soluções nem ao
centro nem à direita”, até porque “não há austeridade benigna” e com
“austeridade não há desenvolvimento económico”, “procura interna” e
“investimento”, defende o professor catedrático, salientando que a “exportação
não é um factor, só por si, de arranque económico”, até porque “90% das
empresas portuguesas são pequenas e médias e quase todas voltadas para o
mercado interno”.
Por isso, “a solução do País está à esquerda,
está na coligação das esquerdas” porque, caso contrário, a única coisa que
acontecerá será uma repetição “, com pequenas variantes, do que estes estão a
fazer”. Na opinião de Fernando Rosas “as circunstâncias vão exigir esse
entendimento [entre as esquerdas]. Ou nós nos entendemos e ganhamos força
social e política para impor essa alternativa ou é o afundanço sinistro”.
Esse Governo resultante de uma coligação das
esquerdas deve, no entender do historiador, “sair de eleições”. Esta é a forma
“deste Governo ser derrubado”, considerando o político “pouco provável” que
Cavaco Silva retire “o apoio a este Governo” e nomeie um Executivo de
“responsabilidade presidencial com Bagão Félix e Manuela Ferreira Leite”.
“Este Governo vai cair dentro de pouco tempo”
porque “um Governo que perdeu legitimidade real, que tem a opinião pública
contra ele de forma sustentada e durável, nunca se aguenta”, afirma Fernando
Rosas. Nesta entrevista ao Jornal de Negócios, o historiador fala de um Governo
“sustentado pela troika” que está numa “situação de isolamento político” porque
“tudo o que faz, faz mal”, sendo por isso “um cadáver adiado” que tem sido
segurado pelo seu “sustentáculo principal: o Presidente da República, Cavaco
Silva” que, “aparentemente tem críticas a fazer, mas acha que é o Governo que
lhe merece confiança”.
“Se não achasse, [Cavaco já] tinha tido todas
as possibilidades para o mudar”, conclui Fernando Rosas.
N. M.
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