Senhor Anibal C. Silva
Recentemente deslocou-se a dois países
sul-americanos onde, após as recepções de que foi alvo, falou, afirmando, entre
outras coisas, que Portugal e os portugueses se sentiam felizes com a amizade
existente com a Bolívia, e que oferecia aquilo que tinha de melhor, isto é, a
literatura nacional.
Ora, todos os portugueses se sentiram
contentes com a atribuição do Prémio Nobel da Literatura a José Saramago, de
quem o senhor se esqueceu de falar, mesmo seno um dos máximos expoentes dessa
mesma literatura, talvez porque aquele autor militava num partido de esquerda,
coisa que o senhor Silva “odeia” seriamente.
Egas Moniz, senhor Silva, era crítico para
com Salazar, foi nomeado Nobel da Medicina com a sua Lobotomia e, apesar de
todas as divergências existentes com o ditador fascista, este soube render-lhe
a devida homenagem.
Se há coisas que se não compreendem, esta sua
atitude de silenciar o nome de Saramago, é uma delas e talvez das mais
importantes.
Por outro lado, nada do que se passou quer na
Bolívia quer no Peru se tornou do conhecimento da cidadania nacional que, no
entanto, foi quem pagou a factura da sua viagem e da comitiva que o acompanhou
a seu convite, como se a população portuguesa estivese a nadar em dinheiro.
O senhor gosta de se refugiar no facebook e
ali colocar frases que pensa serem bonitas, que podem agradar aos cidadãos,
enganado-se redondamente, pois na sua maioria só atiçam o sentimento de revolta
pelos seus tabus, e quando quebra o silêncio, falando perante os jornalistas, é
para tomar a defesa de um governo que está a esfrangalhar-se aos pedaços, sem
qualquer respeito pela Constituição, lei-geral do país.
Ora, foi o senhor quem primeiro enviou para o
Tribunal Constitucional a proposta de lei do OE/2013, tendo dúvidas sobre a sua
constitucionalidade e solicitando uma fiscalização sucessiva, quando deveria
ter pedido uma fiscalização prévia.
Como resultado, o chumbo de quatro das suas
normas e a raiva que se apoderou do senhor Pedro, sempre com a companhia do seu
silêncio.
Estamos a 23 de Abril, a dois dias da grande
data, aquela em que os portugueses puderam recomeçar a respirar aliviados,
pensando que a partir de então se acabaria toda e qualquer forma de repressão,
que as liberdades tinham chegado para ficar e, sobretudo, que o respeito que
lhes cabe por direito próprio seria duradouro.
Ora, não podiam ter-se enganado mais. O
senhor sabe bem tudo quanto fez, tudo quanto se passou no seu tempo de
primeiro-ministro, dez anos consecutivos, e sabe por tudo quanto passamos
actualmente, alguns problemas graves devido à sua acção como líder de um
governo que se eternizou durante aqueles dez anos.
O que é engraçado, é que o seu sucessor à
frente do governo nunca se queixou da herança recebida de si, e convenhamos ter
sido uma herança pesada, como agora fazem os membros da actual maioria, que
sustenta o tal governo esfarrapado e prestes a sucumbir definitivamente.
Ora, o senhor tem o dever sagrado, por isso
jurou defendê-la, de cumprir e de fazer cumprir a Constituição e, em vez disso,
limitou-se a promulgar a lei do OE, limitando-se a pedir a sua fiscalização
sucessiva.
Mediante isto, e para terminar, pergunto: porque
se não demite, depois de dissolver a AR e convocar eleições antecipadas?
Porque não toma nota daqueles que são
nomeados para este governo e que mesmo antes de o serem já todos sabem haver
casos graves com eles?
Espero que passe tão bem como a maioria dos
portugueses, especialmente aqueles que se encontram no desemprego e sem
qualquer meio de sobrevivência, que são demasiado novos para se reformarem e
demasiado velhos para encontrarem um novo emprego.
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