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terça-feira, 23 de abril de 2013

«DE CIDADÃO PARA CIDADÃO»






















Senhor Anibal C. Silva

Recentemente deslocou-se a dois países sul-americanos onde, após as recepções de que foi alvo, falou, afirmando, entre outras coisas, que Portugal e os portugueses se sentiam felizes com a amizade existente com a Bolívia, e que oferecia aquilo que tinha de melhor, isto é, a literatura nacional.

Ora, todos os portugueses se sentiram contentes com a atribuição do Prémio Nobel da Literatura a José Saramago, de quem o senhor se esqueceu de falar, mesmo seno um dos máximos expoentes dessa mesma literatura, talvez porque aquele autor militava num partido de esquerda, coisa que o senhor Silva “odeia” seriamente.

Egas Moniz, senhor Silva, era crítico para com Salazar, foi nomeado Nobel da Medicina com a sua Lobotomia e, apesar de todas as divergências existentes com o ditador fascista, este soube render-lhe a devida homenagem.

Se há coisas que se não compreendem, esta sua atitude de silenciar o nome de Saramago, é uma delas e talvez das mais importantes.

Por outro lado, nada do que se passou quer na Bolívia quer no Peru se tornou do conhecimento da cidadania nacional que, no entanto, foi quem pagou a factura da sua viagem e da comitiva que o acompanhou a seu convite, como se a população portuguesa estivese a nadar em dinheiro.

O senhor gosta de se refugiar no facebook e ali colocar frases que pensa serem bonitas, que podem agradar aos cidadãos, enganado-se redondamente, pois na sua maioria só atiçam o sentimento de revolta pelos seus tabus, e quando quebra o silêncio, falando perante os jornalistas, é para tomar a defesa de um governo que está a esfrangalhar-se aos pedaços, sem qualquer respeito pela Constituição, lei-geral do país.

Ora, foi o senhor quem primeiro enviou para o Tribunal Constitucional a proposta de lei do OE/2013, tendo dúvidas sobre a sua constitucionalidade e solicitando uma fiscalização sucessiva, quando deveria ter pedido uma fiscalização prévia.

Como resultado, o chumbo de quatro das suas normas e a raiva que se apoderou do senhor Pedro, sempre com a companhia do seu silêncio.

Estamos a 23 de Abril, a dois dias da grande data, aquela em que os portugueses puderam recomeçar a respirar aliviados, pensando que a partir de então se acabaria toda e qualquer forma de repressão, que as liberdades tinham chegado para ficar e, sobretudo, que o respeito que lhes cabe por direito próprio seria duradouro.

Ora, não podiam ter-se enganado mais. O senhor sabe bem tudo quanto fez, tudo quanto se passou no seu tempo de primeiro-ministro, dez anos consecutivos, e sabe por tudo quanto passamos actualmente, alguns problemas graves devido à sua acção como líder de um governo que se eternizou durante aqueles dez anos.

O que é engraçado, é que o seu sucessor à frente do governo nunca se queixou da herança recebida de si, e convenhamos ter sido uma herança pesada, como agora fazem os membros da actual maioria, que sustenta o tal governo esfarrapado e prestes a sucumbir definitivamente.

Ora, o senhor tem o dever sagrado, por isso jurou defendê-la, de cumprir e de fazer cumprir a Constituição e, em vez disso, limitou-se a promulgar a lei do OE, limitando-se a pedir a sua fiscalização sucessiva.

Mediante isto, e para terminar, pergunto: porque se não demite, depois de dissolver a AR e convocar eleições antecipadas?

Porque não toma nota daqueles que são nomeados para este governo e que mesmo antes de o serem já todos sabem haver casos graves com eles?


Espero que passe tão bem como a maioria dos portugueses, especialmente aqueles que se encontram no desemprego e sem qualquer meio de sobrevivência, que são demasiado novos para se reformarem e demasiado velhos para encontrarem um novo emprego.

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