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segunda-feira, 29 de abril de 2013

Sócrates diz que "Cavaco foi um desastre" e dá três medalhas a Gaspar

O antigo primeiro-ministro José Sócrates criticou no domingo o discurso do 25 de Abril de Cavaco Silva, considerando que foi “um desastre”, e ofereceu três medalhas ao ministro das Finanças Vítor Gaspar: uma pela pior recessão desde 1975, outra pela maior taxa de desemprego na democracia portuguesa e uma terceira pelo maior aumento da dívida em Portugal.
No comentário semanal na RTP, José Sócrates deixou críticas ao discurso do 25 de Abril do Presidente da República, juntando-se à avalanche de críticas feitas pelos partidos à esquerda, nomeadamente o PS.

“Acho que o PS fez uma crítica muito justa ao Presidente da República (PR). O discurso do PR no 25 de Abril foi um desastre, desde já para ele próprio, mas com isso podemos bem”, afirmou o antigo primeiro-ministro.

Para Sócrates, Cavaco Silva “era a mão por traz dos arbustos e agora passou a ser a mão que sai de traz dos arbustos”. “Julgo que este discurso do PR lhe retirou a credibilidade para agir na actual situação com independência e isenção”, frisou o antigo líder rosa, que também acusou Cavaco de querer “antecipar a vontade dos portugueses”, ao dizer que a existência de eleições não mudaria muito a situação do País.

Neste sentido, Sócrates comparou o chefe de Estado ao general De Gaulle, que disse certa vez que quando queria saber a opinião dos franceses perguntava a ele próprio. “Também parece que o Presidente está nesta linha”, disse.

Na RTP, José Sócrates considerou ainda que Cavaco “fez uma interpretação muito negativa das suas funções”, acusando-o também de fazer uma “manipulação”.  “O senhor PR disse que “o efeito recessivo das medidas de austeridade inicialmente estabelecidas revelou-se superior ao previsto”. Fez um apagão das sete revisões do memorando”, vincou Sócrates, criticando que Cavaco “alinhou com o discurso do Governo”.

O antigo primeiro-ministro também deixou críticas ao ministro das Finanças, a propósito dos vários dados macroeconómicos que foram divulgados na semana passada sobre as contas públicas portuguesas.

“Este ministro das Finanças tem já três medalhas, que são muito difíceis de alcançar: a da pior recessão desde 1975; a maior taxa de desemprego na democracia portuguesa e o maior aumento da dívida em Portugal”, apontou José Sócrates, acrescentando que “o ministro das Finanças talvez pudesse parar para pensar”.

No global, o antigo líder do PS apontou também que “o Governo mostra-se absolutamente incapaz de decidir”, apresentando uma “nova linha política”, de “decidir não decidir. Faz uma reunião de 12 horas para anunciar que vai fazer nova reunião”.

Para Sócrates o Governo de coligação “está doente mas no coração, na liderança, para gerir uma equipa e tomar decisões”.


O antigo chefe de Governo sustentou ainda que “as divisões no Governo já extravasam o CDS”. “No fundo o Governo tem o dilema: muitos ministros acham que esta política da austeridade não conduz a lado nenhum. E depois há outros, como o primeiro-ministro e o ministro das Finanças, que consideram que depois de um erro devemos insistir em outro”, disse. 

N. M.

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