O antigo primeiro-ministro José
Sócrates criticou no domingo o discurso do 25 de Abril de Cavaco Silva,
considerando que foi “um desastre”, e ofereceu três medalhas ao ministro das
Finanças Vítor Gaspar: uma pela pior recessão desde 1975, outra pela maior taxa
de desemprego na democracia portuguesa e uma terceira pelo maior aumento da
dívida em Portugal.
No comentário semanal na RTP, José Sócrates
deixou críticas ao discurso do 25 de Abril do Presidente da República,
juntando-se à avalanche de críticas feitas pelos partidos à esquerda,
nomeadamente o PS.
“Acho que o PS
fez uma crítica muito justa ao Presidente da República (PR). O discurso do PR
no 25 de Abril foi um desastre, desde já para ele próprio, mas com isso podemos
bem”, afirmou o antigo primeiro-ministro.
Para Sócrates,
Cavaco Silva “era a mão por traz dos arbustos e agora passou a ser a mão que sai
de traz dos arbustos”. “Julgo que este discurso do PR lhe retirou a
credibilidade para agir na actual situação com independência e isenção”, frisou
o antigo líder rosa, que também acusou Cavaco de querer “antecipar a vontade
dos portugueses”, ao dizer que a existência de eleições não mudaria muito a
situação do País.
Neste sentido,
Sócrates comparou o chefe de Estado ao general De Gaulle, que disse certa vez
que quando queria saber a opinião dos franceses perguntava a ele próprio.
“Também parece que o Presidente está nesta linha”, disse.
Na RTP, José
Sócrates considerou ainda que Cavaco “fez uma interpretação muito negativa das
suas funções”, acusando-o também de fazer uma “manipulação”. “O senhor PR
disse que “o efeito recessivo das medidas de austeridade inicialmente
estabelecidas revelou-se superior ao previsto”. Fez um apagão das sete revisões
do memorando”, vincou Sócrates, criticando que Cavaco “alinhou com o discurso
do Governo”.
O antigo
primeiro-ministro também deixou críticas ao ministro das Finanças, a propósito
dos vários dados macroeconómicos que foram divulgados na semana passada sobre
as contas públicas portuguesas.
“Este ministro
das Finanças tem já três medalhas, que são muito difíceis de alcançar: a da
pior recessão desde 1975; a maior taxa de desemprego na democracia portuguesa e
o maior aumento da dívida em Portugal”, apontou José Sócrates, acrescentando
que “o ministro das Finanças talvez pudesse parar para pensar”.
No global, o
antigo líder do PS apontou também que “o Governo mostra-se absolutamente
incapaz de decidir”, apresentando uma “nova linha política”, de “decidir não
decidir. Faz uma reunião de 12 horas para anunciar que vai fazer nova reunião”.
Para Sócrates o
Governo de coligação “está doente mas no coração, na liderança, para gerir uma
equipa e tomar decisões”.
O antigo chefe de
Governo sustentou ainda que “as divisões no Governo já extravasam o CDS”. “No
fundo o Governo tem o dilema: muitos ministros acham que esta política da
austeridade não conduz a lado nenhum. E depois há outros, como o
primeiro-ministro e o ministro das Finanças, que consideram que depois de um
erro devemos insistir em outro”, disse.
N. M.
Sem comentários:
Enviar um comentário