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segunda-feira, 29 de abril de 2013

«ESPREMER AS TETAS DA VACA ENQUANTO DÃO LEITE»

Tenho um amigo e colega que, quando se falava de que era o povo quem mais ordenava, ele ria-se e dizia, com um ar irónico, que sim senhor, só que “era o povo quem mais ordenha».

Não se tratava de um visionário, apenas se apercebeu antes de todos nós, que realmente não se podia confiar minimamente naqueles que transferiram todos os seus interesses para a política, dela se servindo para pisar a cidadania, roubando-a de forma descarada do fruto do seu suor causado pelo labor quotidiano, quando o tem e pode exercer as funções inerentes às suas habilitações e capacidades.

No seguimento da Revolução dos Cravos, acontecida a 25 de Abril de 1974, serenados os ânimos revolucionários, todos trabalhavam com satisfação e até alegria, todos eram poucos para conduzir o país rumo a um estatuto de país democrático e, nos dias próprios, o povo saía à rua com satisfação, com o sentimento de solidariedade entre todos, sem os emblemas partidários e sem que houvesse qualquer distinção ente cada um e entre todos em especial.

Todas e todos eram simples cidadãos que, com um cravo na mão comemoravam a coragem e a colaboração dos valorosos capitães que tinham expulso o que restava da ditadura salazarista/marcelista, em plena liberdade, coisa nunca antes vista em Portugal, e foram longos 48 anos de repressão, de prisões arbitrárias nas masmorras da Pide, no exílio…

Muitos passaram tremendos momentos, muitos haviam desaparecido para todo  sempre, deixando mulheres e filhos menores entregues a si próprios e sujeitos à miséria e à fome.

Eram muitas as esperanças alimentadas num futuro melhor, dentro do quadro democrático que nos foi oferecido pelos gloriosos militares que tudo arriscaram para mudar Portugal.

Bem cedo, porém, se pôde verificar não haver vontade de retirar os portugueses do obscurantismo político em que viviam até ao momento em que os militares colocaram fim à ditadura.

As sessões de esclarecimento encetadas pelos militares, cedo morreram, logo que regressaram aos quartéis e entregaram  poder aos políticos, que tudo mudaram, que com tudo acabaram, pois lhes convinha mais um povo ignorante, a quem oferecessem uns passeios de vez em quando, com boas jantaradas e bem regadas, à sua própria custa, embora lhes dissessem que se tratava de uma oferta fosse do presidente da Câmara local, ou deste u daquele partido, mas que eram pagos com os impostos de todos.

E, como aquelas e aqueles que nunca tinham saído das suas terras, lá bem no profundo interior do país, irem até Lisboa ou até ao Porto ou Coimbra, e ainda por cima com tudo pago, era um verdadeiro milagre, uma verdadeira dádiva daqueles “tão bons autarcas ou políticos”, que com  o dinheiro de todos pagavam esses passeios e jantares nunca antes degustados.

Assim começou a espalhar-se a corrupção nas autarquias e entre s políticos em geral e, como houvesse quem falasse e demonstrasse que efectivamente assim era, também isso começou a rarear, mudando o calendário para poderem, durante as campanhas eleitorais poderem colocar autocarros e proporcionar jantaradas aos que nada têm, aos que recebem pensões miseráveis.

A coisa, apesar de tudo, surte ainda o efeito desejado, juntamente com aquelas promessas que até parecem sérias, de que “comigo (connosco) no governo não mais seja quem for passará fome”, “connosco no governo todas as crianças poderão fazer as três refeições diárias”, “connosco no governo, todos conhecerão a felicidade”, porque para nós o que conta são as pessoas!

Realmente, dizem a verdade, embora de forma camuflada, porque realmente primeiro estão as pessoas, mas para pagar os descarados roubos que fazem desde o momento em que são eleitos.


Mas, infelizmente, ainda há quem prefira não compreender o que efectivamente se passa nesta grande aldeia que é Portugal.

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