Desde há cerca de dois anos que por cá se
vive numa espécie rara de ficção, de mentira constante, de hostilidade contra
ela que a história, agressão de um governo contra o povo, ganhou alento e
forma; de modo a consagrar-se na história do nosso país, mas também da própria
Europa e do Mundo.
Que a rebelião goze de uma honorabilidade
devida, basta para disso nos persuadirmos e reflectir no modo como são qualificados
os espíritos que lhe são propensos.
Àqueles que preferem manter-se na sombra,
mesmo vivendo miseravelmente, chamamos-lhes frouxos.
É quase certo que estamos fechados a todas as
formas de sabedoria, porque apesar de lermos e de ouvirmos falar de graves
discussões entre vários membros do governo, venha o primeiro-ministro a público
dizer que no seu “clube” se trabalha sob a máxima coesão.
Uma vez mais o senhor Pedro, aliás como é seu
hábito, pretende tomar-nos por parvos ou mesmo idiotas – não é de todo a mesma
coisa – sabendo que nós sabemos haver graves cisões no seio de um governo que,
apesar de recente, já apodreceu, pretendendo arrastar-nos para a mesma podridão
que o afecta.
Sabedoria e rebelião: dois venenos
governamentais. Porque tudo o que vem do actual governo ou já vem podre ou não
demora a fica completamente nesse estado.
Não deixa de ser verdade que, na sua aventura
luciferina, adquiriram uma mestria que jamais possuiriam na sabedoria.
Para nós, a própria percepção é sobressalto,
começo de transe ou de apoplexia.
Perda de energia, vontade de gastar as nossas
disponibilidades.
Insurgir-se perante todas as coisas comporta
uma irreverência para consigo próprio, para com as próprias forças. Onde
iríamos buscar forças para a contemplação, essa despesa estática, essa
concentração na imobilidade? Deixa as coisas na mesma, olhá-las sem as querer
moldar, apresentar a sua essência, nada de mais hostil à orientação do nosso
pensamento: aspiramos, pelo contrário, a dar-lhes forma, a emprestar-lhes as
nossas “raivas”.
E assim deve ser contra esses idólatras do
gesto, do jogo e do delírio, devemos arriscar tudo para correr com eles da
governança, ao mesmo tempo que tentamos escapar à fome e à miséria que
pretendem oferecer-nos, apesar de tudo o que já nos vimos coagidos a dar sob a
forma de impostos e mais impostos que nos colocaram no limiar da pobreza.
Porque não há saída para aquele que, ao mesmo
tempo, ultrapassa o tempo e nele se atola, que atinge por entre sobressaltos a
sua última solidão e, porém, se afunda na aparência.
Que surja e se expanda uma petição a
nível nacional que exija do presidente
da República a única tomada de posição possível, a dissolução da Assembleia da
República e a convocação de eleições antecipadas que nos liberte, e liberte
Portugal e os portugueses de toda a opressão que o actual governo exerce sobre
todos nós.
Em pouco tempo o senhor Pedro não só mostrou
o que afinal pretendia, que se resume ao aniquilamento da democracia tal como
deve ser vivida e entendida por todos os cidadãos e pelos próprios políticos.
Queremos voltar a viver sem a troika, sermos
independentes e não nos vermos obrigados a ajoelhar ante Frau Merkel ou outros
sicários do demónio económico e financeiro europeu e mundial, pois há todo um
outro mundo no qual Portugal e os portugueses podem e devem poder viver.
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