Exigem
viabilização da empresa e meios necessários para o arranque da construção de
dois navios asfalteiros para a Venezuela.
Este é o
quinto protesto dos trabalhadores dos estaleiros desde Junho de 2011
Perto de 500 trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do
Castelo estão esta terça-feira a caminho de Lisboa, onde têm como destino final
a residência oficial do primeiro-ministro. À porta de Pedro Passos Coelho,
pretendem protestar em defesa da viabilização da empresa e contra o “terrorismo
psicológico” que afirmam estar a sofrer.
Desde Junho
de 2011, os trabalhadores dos estaleiros já realizaram cinco protestos, sendo
este o segundo em Lisboa. Pelas 08h, nove autocarros deixaram a sede da
empresa, tendo como primeiro ponto de paragem já em Lisboa, pelas 15h, a
Empordef, holding pública para as indústrias de Defesa, que tutela os
estaleiros.
À Empordef e ao primeiro-ministro,
os trabalhadores querem respostas para uma empresa que está parada há quase
dois anos. “Queremos dizer ao senhor primeiro-ministro que a nossa empresa tem
de ser viabilizada, que é viável e que se autofinancia, desde que seja bem
gerida”, afirmou à Lusa, à saída, António Costa, porta-voz da comissão de
trabalhadores. António Costa diz que existe “um terrorismo psicológico
impensável para pessoas com 50 anos de casa, que vieram para aqui meninos”.
Também o vice-presidente da Câmara
de Viana do Castelo, Vítor Lemos, ele próprio um quadro dos estaleiros há 34
anos, esteve presente na partida dos trabalhadores, com quem se solidarizou. “É
uma empresa única no país mas corre sérios riscos de desaparecer, por isso não
podemos permanecer imunes. Vê-se um desânimo nos trabalhadores, que sentem ser
torturados pelo poder politico, há vários anos, porque não resolve a situação”,
disse o autarca.
Esse “desânimo” será manifestado
numa resolução que os trabalhadores pretendem entregar a Passos Coelho e na
qual reclamam a viabilidade dos estaleiros, pedindo ainda que o processo de
reindustrialização “comece” precisamente com a empresa de Viana do Castelo.
“Independentemente do processo de privatização acontecer ou não, queremos a
viabilização da nossa empresa”, sublinhou António Costa.
Exigem também a libertação de 27
milhões de euros para aquisição de aço e motores necessários ao arranque da
construção de dois navios asfalteiros para a Venezuela. Trata-se de um contrato
de 128 milhões de euros, de 2011, revisto por duas vezes mas que continua sem
sair do papel, com os trabalhadores a garantirem que a empresa poderá entrar a
curto-prazo em incumprimento até ao final desta semana. “Isso seria um duro
golpe para o futuro da nossa empresa”, rematou António Costa.
A venda dos estaleiros está
suspensa desde Dezembro devido a pedidos de esclarecimento da Comissão Europeia
ao Governo português, relacionados com apoios estatais de 180 milhões de euros.
O grupo russo RSI Trading é o único ainda na corrida, mas o
presidente da Rio Nave já garantiu à Lusa que a empresa continua interessada no
negócio.
=Público=
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