Paulo
Portas encerrou o debate da moção de censura e acusou o PS de não oferecer uma
solução ao país. Foram 131 votos contra, 97 a favor.
Toda a
oposição - PS, PCP, BE e PEV - votou a favor da moção de censura
A maioria PSD/CDS chumbou esta quarta-feira a moção de censura
do PS, com os votos a favor do PCP, BE e PEV. Não se registaram abstenções.
Todos os 131 deputados do PSD e do CDS que votaram contra bateram palmas. A
oposição votou em bloco a favor, somando 97 votos.
No encerramento do debate da moção de censura, o ministro de
Estado e dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas apontou cinco fragilidades à
moção de censura socialista. No pressuposto de que eleições antecipadas
conduziriam a um segundo resgate, Portas criticou a “visão parcelar” que o PS
tem da Europa e de acreditar que “por magia a Europa iria dar mais a Portugal”
do que o actual Governo conseguiu.
O
líder do CDS acusou ainda o PS de não oferecer uma alternativa. “Parece
meridiano que não a tem”, afirmou Portas, apontando contradições: “Uma coisa é
melhorar as condições do memorando que subscreveram, melhorar prazos dos
empréstimos, acelerar políticas de emprego, outra coisa é dizer cá dentro que
quer acabar com a austeridade e escrever ao triunvirato que cumprem os
compromissos do memorando”.
O
ministro dos Negócios Estrangeiros reiterou ainda as críticas à escolha do
momento para apresentar a moção de censura, quando Portugal tem de negociar na
próxima semana os prazos dos reembolsos dos empréstimos.
O
CDS foi precisamente o alvo directo do líder parlamentar do PS na sua
intervenção final. Carlos Zorrinho entrou em força, apelidando o parceiro de
coligação de ser um “partido bailarino”, “ora dentro, ora fora”. E terminou
apresentando o Executivo como “um Governo que já acabou”: “É como uma lei a que
já ninguém liga. Morreu por caducidade.”
PS defende renegociação "profunda"
“Este Governo não é de confiança”, afirmou António José Seguro na apresentação da moção de censura, depois de recordar os números da economia e do desemprego. E, após defender que só existia “uma solução” para ultrapassar a situação – a substituição do Governo –, o líder do PS elencou um conjunto de medidas, entre elas a “renegociação profunda do programa de ajustamento”.
“Este Governo não é de confiança”, afirmou António José Seguro na apresentação da moção de censura, depois de recordar os números da economia e do desemprego. E, após defender que só existia “uma solução” para ultrapassar a situação – a substituição do Governo –, o líder do PS elencou um conjunto de medidas, entre elas a “renegociação profunda do programa de ajustamento”.
“Já
não dependemos só de nós”, sustentou , antes de acrescentar que, “sem esta
renegociação, é irrealista pensarmos em cumprir as metas e os prazos
estabelecidos”.
Seguro
defendeu o “alargamento dos prazos de pagamento de parte da dívida pública, do
deferimento do pagamento de juros dos empréstimos obtidos, dos juros a pagar
pelos empréstimos obtidos e do reembolso do lucro obtido pelo BCE pelas
operações de compra da dívida soberana”.
O
socialista anunciou ainda que “um Governo liderado pelo PS” reduziria o IVA da
restauração para 13%, aumentaria o salário mínimo e promoveria a estabilização
do quadro fiscal. Lançaria também um plano de reabilitação urbana, avançaria
com um Banco de Fomento, concederia créditos fiscais às PME e criaria um
programa de emergência para apoiar os 500 mil desempregados sem protecção
social.
No
capítulo do crescimento, Seguro defendeu a captação do investimento
estrangeiro, o fomento das exportações e a criação de um programa de
substituição de importações por aumento da produção nacional.
“Visão panfletária”, acusa Passos
Logo de seguida, o primeiro-ministro lançou o contra-ataque ao PS. “Trata-se de uma visão panfletária que explora demagogicamente a insatisfacção com a crise e que não sugere qualquer ideia construtiva e realista diferente da que o país vem trilhando”, afirmou Passos Coelho.
Logo de seguida, o primeiro-ministro lançou o contra-ataque ao PS. “Trata-se de uma visão panfletária que explora demagogicamente a insatisfacção com a crise e que não sugere qualquer ideia construtiva e realista diferente da que o país vem trilhando”, afirmou Passos Coelho.
Nos
cerca de 12 minutos de discurso (os mesmos que couberam a Seguro), o
primeiro-ministro quis tentar confrontar os socialistas com o significado das
suas posições no exterior quando reclamam o fim da austeridade: “O que
realmente está a indicar para fora do país é que, no que depender dos
socialistas, Portugal não cumprirá as suas obrigações”.
Lembrando
que se aproxima a negociação dos prazos dos empréstimos que Portugal terá de
pagar, Passos Coelho apontou o prazo “infeliz” para a moção de censura. “A
censura apresentada pelo PS não é apenas perversa e injustificada face aos
resultados obtidos. Ela é também infeliz no tempo em que se conjuga”, afirmou.
O
chefe do executivo reiterou o que tem vindo a ser dito por si próprio e pelo
PSD, dramatizando as consequências de eleições. “O PS está, de facto, a dizer
que pretende um segundo programa de assistência, com mais tempo e mais
dinheiro, portanto. Não porque a adversidade externa o pudesse hipoteticamente
tornar inevitável, mas porque, enquanto futuro Governo, decidiria
voluntariamente não cumprir o programa em vigor”, afirmou.
BE diz que há três moções
Do lado do BE, a deputada e coordenadora do partido, Catarina Martins, avisou que a moção de censura do PS não é a única que o Governo enfrenta. Há mais duas: o acórdão do Tribunal Constitucional e os sucessivos pedidos de remodelação do CDS, parceiro de coligação.
Do lado do BE, a deputada e coordenadora do partido, Catarina Martins, avisou que a moção de censura do PS não é a única que o Governo enfrenta. Há mais duas: o acórdão do Tribunal Constitucional e os sucessivos pedidos de remodelação do CDS, parceiro de coligação.
Catarina
Martins concretizou a ideia com a expectativa da decisão do Tribunal sobre
normas do Orçamento do Estado para 2013, mas também com o próprio CDS. “O
Governo está ainda confrontado com a censura do parceiro de coligação, o CDS,
que não hesita em ir à televisão pedir a substituição de ministros”, afirmou a
bloquista.
Na
resposta, o primeiro-ministro evitou especulações sobre a decisão do Tribunal,
acrescentando não ter “qualquer informação privilegiada” sobre a matéria.
“Não
sei o que vai decidir e presumo que a senhora deputada também não sabe”,
rematou Passos Coelho.
O
PCP, pela voz do secretário-geral Jeónimo de Sousa, voltou a acusar o Governo
de ter falhado todas as previsões e de ter chegado ao fim do seu tempo
político.
O
líder comunista acusou assim o executivo de se ter enganado,
nomeadamente, quando anunciou aos portugueses que 2013 seria “o fim do
caminho das pedras”. Falhadas todas as previsões, Jerónimo lembrou que,
“agora, o ministro das Finanças [Vítor Gaspar] até já diz que os sacrifícios
são para uma geração. Esgotou-se a propaganda e esgotou-se o tempo deste
Governo".
=Público=
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