Está a aproximar-se o dia 25 de Abril deste
ano de 2013, e não posso, nem devo deixar de vos cumprimentar porque,
finalmente, a vossa classe, seja qual for, passou a ter os mesmos direitos, mas
também deveres, dos restantes membros que fazem parte da dita sociedade
nacional.
Aquele malvado Tribunal Constitucional
decidiu em vosso favor e deveremos fazer com que todos os vossos honorários vos
sejam pagos em espécie, as horas extraordinárias inclusive, e com as suas
decisões todos vós tereis um seguro de desemprego pago pelo entidade patronal,
seja pública ou privada, a um intervalo para almoço e toda uma série de
benefícios, raqzão pela qual me vejo obrigado a felicita-vos pela conquista.
Achei dever falar-vos directamente para vos
informar que, para nós, governo do país, muito pouco mudará, uma vez que já
estamos habituados ao dia-a-dia do mercado do trabalho e, com certeza,
saberemos adaptar-nos rapidamente às novas regras. Apertando um pouco mais o
OE, conseguiremos pagar todos os ónus decididos pslo TC, mas preocupamo-nos com
a nova forma de tratamento que deverão receber doravante.
Todos sereis reconhecidos como cidadãos de
iguais direitos e capacidades, mas devereis provar-nos que estais aptos a ser
tratados como verdadeiros profissionais, e que não mais haverá as velhas desculpas
acerca dos atrasos dos transportes públicos e que a entidade patronal deverá
registar a hora de chegada e de saída, para inserir no computador e poder
proceder em conformidade com os vossos direitos e deveres, uma vez que apesar
de tudo, não estaremos nunca no país da mãe Joana.
Todo o atraso será devidamente avaliado e
caberá ao vosso patrão decidir o que deverá fazer, pagar ou descontar, tudo em
conformidade com as leis vigentes e com a Constituição.
Não foi o governo quem solicitou a análise do
OE/2013, como não foi o governo a decidir pela inconstitucionalidade de algumas
das suas normas, que, a nosso ver, nunca foram inconstitucionais. Tratava-se
apenas de certas determinações e orientações para tentar salvar o país da
bancarrota, como bem sabeis, para atender às necessidades do país, que foi
conduzido durante anos a uma situação que considero degradante em todos os seus
aspectos.
Se os portugueses são obrigados a cada vez mais medidas de austeridade, é porque se habituaram a viver acima das suas possibilidades, sem ligarem aos sinais recebidos, que indicavam que mais dia menos dia se acabaria o tempo das vacas gordas, chegando o das vacas magras. No entanto, o meu governo tudo fará para vos tornar a vida sempre mais difícil, pois jamais abdicarei das medidas de austeridade, necessárias para satisfazer os compromissos da nação.
Optaremos por uma tabale salarial única,
vários escalões de IRS, reactivaremos a TSU, sobre a qual todos pagarão uma
taxa adicional, de modo a fazer-vos esquecer todas as vossas veleidades acerca
de uma vida melhor e sem austeridade. Esta terá de permanecer por longos anos,
sejais vós o que sejais e façais o que fizerdes para tentardes ganhar a vida.
Todos pagarão, poucos receberão, isso vos posso afirmar de forma categórica.
Todos os cidadãos alcançaram uma posição
privilegiada, na maioria dos casos auferindo um salário na base do salário
mínimo, cumprindo todas as regras das leis laborais existentes no país e na
Europa. Mas quisesteis mais, sempre mais, não vos apercebesteis da chegada da
crise que nos afecta e afectará durante pelo menos uma geração, mas que as
fronteiras do país estarão sempre abertas para aqueles que procurem emigrar e
trabalhar no estrangeiro.
Não vos aconselho os Estados Unidos, uma vez
que ali prevalece a lei das psicoses terroristas, e vós, como portugueses, deveis
saber, mais não seja através das televisões, que não se cansam em noticiar o
que acontece a todos os que se divertem a incumprir as regras.
Mas, podeis ir por exemplo para África ou outros países europeus, alguns dos quais também em crise e sofrendo as mesmas dificuldades que se vivem no nosso país.
Ireis sentir, já o sentis, não é verdade?,
nos bolsos os efeitos da crise e das medidas que fui obrigado a tomar e que
deram corpo a uma forte austeridade, mas tendes a obrigação de compreender
serem a única via para, com as minhas políticas, levantar de novo o esplendor
de Portugal. Mas, não vos preocupeis; pacientai porque, quando eu e o meu
governo procedermos à reposição de um novo status quo nacional, tomareis
conhecimento.
Deveis, todavia, aprimorar-vos do ponto de
vista profissional e fazer com que o mercado laboral em Portugal só melhorará
graças aos vossos sacrifícios, pelos quais vos felicito antecipadamente.
Espero que o pouco dinheiro que vos chegará
às mãos, uma boa parte dele vai ficar mesmo para os cofres do Estado, pelo que
deveis fazer poupanças adicionais no que resspeita à forma como vos alimentais,
vestis e sustentais as vossas famílias.
Tendo tudo isto em atenção, a nossa relação de amizade não mudará em
nada. Respeitaremos o vosso trabalho e confio no vosso potencial.
Os melhores cumprimentos e as melhores
saudações democráticas e, se me permitis, um apertado abraço, com os votos do
melhor sucesso para todos vós.
O primeiro-ministro da Lusitânia,
PPC.
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