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terça-feira, 2 de abril de 2013

«HISTÓRIAS DO INCONSCIENTE»


Porque razão os psicólogos recorreram aos antigos mitos para explicar o desenvolvimento das doenças mentais?

Alguns heróis míticos enfrentam problemas profundos, por vezes insolúveis. Para os antigos gregos, as suas histórias trágicas demonstravam a falibilidade humana e os seus infortúnios derivavam da sua condição de homens.

Para Freud e seus seguidores, elas representavam ilustrações claras de muitos conflitos inconscientes que condicionam e impulsionam o nosso crescimento até adultos.

Talvez o mais famoso herói trágico seja Édipo, em cuja história Freud encontrou ilustrado o conflito a que chamou complexo de Édipo.

Quando Édipo nasceu, um oráculo vaticinou que, um dia, ele mataria o pai, o rei de Tebas, e casaria com a mãe.

Para contrariar este destino, o rei mandou matar o filho, mas em segredo um criado abandonou-o vivo numa encosta; foi salvo e educado numa cidade distante.

Já adulto, Édipo teve uma discussão com um desconhecido, na estrada, e matou-o.

Viajou depois para Tebas, onde foi escolhido para substituir o rei da cidade, que morrera, e casar com a rainha viúva. Posteriormente, descobriu com horror que o estranho que matara era seu pai e que a sua mulher era sua mãe.

Freude viu nesta história a representação do desejo sexual inconsciente de cada filho pela sua mãe e da consequente rivalidade em relação ao pai – conflito inconsciente e universal que, segundo a teoria freudiana, caracteriza uma fase do desenvolvimento psicológico infantil, mas que pode conduzir a perturbações que, caso não sejam tratadas, se traduzem mais tarde, na idade adulta, em perturbações neuróticas.

O equivalente feminino do complexo de Édipo tomou o nome de Electra, outra figura mítica. Electra era filha de Agamémnon, rei de Micenas e chefe das forças gregas contra Tróia.

Enquanto Agamémnon se encontrava na guerra, sua mulher, Clitemnestra, e o amante planearam matá-lo no seu regresso e usurpar o trono.

Para vingar a morte do pai, Electra decidiu matar a mãe e o amante.

Alguns mitos baseiam-se em acontecimentos históricos a que as gerações posteriores atribuem significado especial porque reflectem os ideais da sua época. Os mitos representam e influenciam as culturas em que se desenvolvem.

Pensou-se em tempos que a guerra de Tróia era puramente imaginária. Agora, que foi descoberta a localização de Tróia, sabemos que, na realidade, se desenrolou aí uma batalha, embora provavelmente com menos importância histórica do que a sugerida peçla epopeia de Homero.

O poema celebra as virtudes admiradas e cultivadas na Grécia clássica, especialmente a lealdade e a coragem bélica.

Na realidade, o cinema tem criado alguns heróis míticos populares. O Cowboy dos filmes clássicos sobre o Oeste americano, por exemplo, personifica a coragem e o espírito de independência apreciados numa jovem nação.

Sobre a Velha Lusitânia, surge também Viriato que lutou contra a ocupação romana, refugiando-se nos Montes Hermínios (Serra da Estrela), tendo sido assassinado à traição pelos invasores com a colaboração de dois lusitanos que se venderam ao general romano.

Também Judas vendeu Cristo por  30 dinheiros, como actualmente se pretende vender Portugal a retalho por pouco mais, pois o que importa é dar origem a uma forma de vida aos cidadãos indígna e humilhante.

Esta não é, de forma alguma, uma história do inconsciente, razão pela qual os cidadãos têm lutado e continuarão a lutar, nas ruas e nas empresas, contra o que de mal lhe têm feito e querem continuar a fazer.

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