O bem-estar social depende de uma boa saúde.
Uma doença prolongada, um acidente grave ou a morte prematura de um marido ou de
uma mulher podem ser um desastre.
Antigamente, os camponeses tinham de confiar
nas medicinas populares e as suas vidas eram muitas vezes curtas. Áreas
pantanosas eram tristemente conhecidas pelas suas febres de malária.
Na Idade Média, a maioria dos camponeses
europeus eram servos, isto é, possuíam uma gleba em troca de serviços que
prestavam ao senhor da propriedade.
Esses serviços podiam ser onerosos,
requerendo ao camponês que trabalhase dois ou três dias por semana nas terras
do senhor e também o que ajudasse na época das colheitas, transportasse os
produtos dele e oferecesse presentes na altura de festividades como os ovos na
Páscoa ou um capão anafado pelo Natal.
O camponês era igualmente obrigado a moer o
trigo no moinho do senhor e a pisar as suas uvas na prensa do lagar do senhor.
O camponês e a sua família não podiam
aparecer nos tribunais reais e estavam proibidos de deixar a propriedade.
Com o tempo essas obrigações foram
desaparecendo, em consequência de circunstâncias económicas diferentes ou por
terem sido abolidas por lei, ainda que a servidão tenha sobrevivido nalguns
países até ao fim do século XIX.
Noutros países, os senhores preferiram cobrar
a renda das quintas em dinheiro em vez de espécie. O camponês prisioneiro da
sua gleba converteu-se assim num rendeiro.
Convém salientar que o pequeno proprietário
rural, não dependente de qualquer senhor, nunca desapareceu completamente e em certos
casos prosperou mesmo a ponto de se transformar em grande proprietário
agrícola.
O estatudo de camponês pobre modificou-se
sobremaneira com a “revolução agrícola” que se iniciou nos finais do século
XVII. Este foi um longo processo de inovação em matéria de colheitas, gado,
secagem, fertilizantes e maquinaria, acompanhado pelo cultivo de antigos
terrenos ermos e por alterações na estrutura agrícola.
Os antigos “campos abertos” e baldios – a base
do anterior sistema de agricultura comunitária – foram delimitados por cercas,
resultando no padrão moderno de quintas pertencendo a indivíduos.
A modernização da agricultura foi uma
consequência do rápido crescimento da população e das cidades na Europa na
passagem do século XVIII. Os benefícios económicos foram inegáveis, mas as
consequências sociais por vezes desastrosas.
Alguns camponeses perderam os seus escassos
acres de terreno e tornaram-se trabalhadores rurais ou operários industriais.
Outros emigraram – o fado dos portugueses –
especialmente para outros países europeus, para o Brasil ou Venezuela e, a
praga da batata, que por volta de 1840 espalhou a fome e a miséria na Europa Setentrional
e particularmente na Irlanda, combinou-se com as modificações na agricultura e
o aumento da população para exercer uma pressão irresistível sobre o mundo rural e obrigá-lo a procurar terras mais
baratas ou uma nova vida noutro lugar.
Os que ficaram tiveram de se adaptar à
importância decrescente da agricultura na vida de cada nação.
O antigo camponês, se tivesse sorte, entrava
para as fileiras dos agricultores prósperos, senão mantinha-se como um
trabalhador agrícola desprovido de terra, embora mais respeitado como membro de
uma ocupação científica e mecanizada e, tudo bem considerado, alguém que era
melhor recompensado pelos seus esforços.
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