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sexta-feira, 5 de abril de 2013

«UMA VIDA PRECÁRIA – ECONOMIA SOCIAL»


O bem-estar social depende de uma boa saúde. Uma doença prolongada, um acidente grave ou a morte prematura de um marido ou de uma mulher podem ser um desastre.

Antigamente, os camponeses tinham de confiar nas medicinas populares e as suas vidas eram muitas vezes curtas. Áreas pantanosas eram tristemente conhecidas pelas suas febres de malária.

Na Idade Média, a maioria dos camponeses europeus eram servos, isto é, possuíam uma gleba em troca de serviços que prestavam ao senhor da propriedade.

Esses serviços podiam ser onerosos, requerendo ao camponês que trabalhase dois ou três dias por semana nas terras do senhor e também o que ajudasse na época das colheitas, transportasse os produtos dele e oferecesse presentes na altura de festividades como os ovos na Páscoa ou um capão anafado pelo Natal.

O camponês era igualmente obrigado a moer o trigo no moinho do senhor e a pisar as suas uvas na prensa do lagar do senhor.

O camponês e a sua família não podiam aparecer nos tribunais reais e estavam proibidos de deixar a propriedade.

Com o tempo essas obrigações foram desaparecendo, em consequência de circunstâncias económicas diferentes ou por terem sido abolidas por lei, ainda que a servidão tenha sobrevivido nalguns países até ao fim do século XIX.

Noutros países, os senhores preferiram cobrar a renda das quintas em dinheiro em vez de espécie. O camponês prisioneiro da sua gleba converteu-se assim num rendeiro.

Convém salientar que o pequeno proprietário rural, não dependente de qualquer senhor, nunca desapareceu completamente e em certos casos prosperou mesmo a ponto de se transformar em grande proprietário agrícola.

O estatudo de camponês pobre modificou-se sobremaneira com a “revolução agrícola” que se iniciou nos finais do século XVII. Este foi um longo processo de inovação em matéria de colheitas, gado, secagem, fertilizantes e maquinaria, acompanhado pelo cultivo de antigos terrenos ermos e por alterações na estrutura agrícola.

Os antigos “campos abertos” e baldios – a base do anterior sistema de agricultura comunitária – foram delimitados por cercas, resultando no padrão moderno de quintas pertencendo a indivíduos.

A modernização da agricultura foi uma consequência do rápido crescimento da população e das cidades na Europa na passagem do século XVIII. Os benefícios económicos foram inegáveis, mas as consequências sociais por vezes desastrosas.

Alguns camponeses perderam os seus escassos acres de terreno e tornaram-se trabalhadores rurais ou operários industriais.

Outros emigraram – o fado dos portugueses – especialmente para outros países europeus, para o Brasil ou Venezuela e, a praga da batata, que por volta de 1840 espalhou a fome e a miséria na Europa Setentrional e particularmente na Irlanda, combinou-se com as modificações na agricultura e o aumento da população para exercer uma pressão irresistível sobre o  mundo rural e obrigá-lo a procurar terras mais baratas ou uma nova vida noutro lugar.

Os que ficaram tiveram de se adaptar à importância decrescente da agricultura na vida de cada nação.

O antigo camponês, se tivesse sorte, entrava para as fileiras dos agricultores prósperos, senão mantinha-se como um trabalhador agrícola desprovido de terra, embora mais respeitado como membro de uma ocupação científica e mecanizada e, tudo bem considerado, alguém que era melhor recompensado pelos seus esforços.

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