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quinta-feira, 4 de abril de 2013

«TERÃO OS DEPUTADOS CONSCIÊNCIA DO SEU REAL PAPEL?»


A generalidade dos cidadãos vota num boletim onde existem apenas símbolos partidários. Também na generalidade, não conhecem aqueles que serão eleitos, graças à cruz que faz no boletim de voto. Portanto, o seu voto, em vez de ser oferecido a uma pessoa, é-o a um partido político.

Depois, os cidadãos clamam por um melhor comportamento dos seus representantes na Assembleia da República, uma vez que eles se limitam a defender os seus interesses, seus e dos seu partido, jamais os dos cidadãos que os elegeram.

Daí que, em muitos casos, os líderes partidários imponham a disciplina de voto na defesa de um projecto de lei, por uma proposta de mais e mais austeridade imposta ao povo, mais leis aberrantes e degradantes, que os deputados aprovam, em muitos casos sem conhecerem a substância do documento.

Dizem hoje os jornalistas que a moção de censura ontem apresentada pelo PS foi derrotada pelos votos dos partidos da coligação que sustenta o governo, votando todos eles à revelia do povo que os elegeu, já que a esmagadora maioria da cidadania demonstrou desejar a demissão deste desastroso governo. Não se poderia agir eficazmente sobre o que se ignora ou se compreende mal.

De facto, quem não vê que essa renúncia do espírito leva directamente á frouxidão da vontade e da prória democracia? Porque me esgotaria em observar e analisar o que digo impenetrável à minha razão? Porque procuraria constantes, onde só há o imprevisível? Porque tentaria formular leis, quando tudo não é senão efeito de má interpretação de como deve ser vivida a democracia?

Porque pretendem, pois, que a cidadania ande às cegas, e que a sorte lhe sirva de guia? Porque razão se teima em manter o povo português nesse horrendo obscurantismo, e ao mesmo tempo se afirma que se vive uma democracia representativa em Portugal? Afinal, quem representam os deputados? O povo, que os elegeu, ou tão-só os interesses partidários e dos seus apoiantes?

É isso que muitos cidadãos percebem e, para melhor compreenderem, e melhor agirem, impõe-se a exposição de casos concretos tirados da experiência destes anos de um regime democrático bastante frágil e muito delicado.

Os princípios gerais são conhecidos. Mas entre a teoria e a prática há um limite que não se ousa transpor, por medo de perder uma quantidade substancial de deputados.

Um indivíduo de Bragança que apresenta a sua candidatura pela circunscrição de Coimbra ou outra qualquer, este exemplo deve multiplicar-se por todos os distritos e concelhos.

Se há cidadãos que além de conhecer esses verdadeiros paraquedistas, na sua maioria esmagadora, trata-se de ilustres desconhecidos que, se eleitos, vão simplesmente defender e votar de acordo com os interesses partidários, como digo antes.

Eles próprios sabem que representam um problema para o “Zé-Povinho”, como também o sabem as autoridades e os líderes dos partidos, mas todos se limitam a dar aos ombros, demonstrando o maior desprezo pela cidadnia em geral.

Uma vez escolhidos para apresentarem a sua candidatura, por exemplo por Aveiro, tendo a sua residência em Lisboa, que lhes importa vir a defender outros interesses que não os próprios e dos seus partidos?

Uma vez eleitos, logo demonstram que o povo não passa de um entre muitos escolhos, que colocam de lado, limitando-se a defender,  com unhas e dentes, os únicos interesses dos seus grupos.

E ninguém, apesar de haver muitos pensadores em Portugal, e de alguns deles pretenderem uma revisão da Constituição para fins unicamente de interesse partidário, nenhum deles quer dar ao povo o que lhe pertence por direito próprio.

Infelizmente, o mesmo se passa com as eleições autárquicas. E pergunto: “A continuar assim, como se pode pretender que Portugal saia deste beco sem saída onde os políticos, desde há anos, o colocaram? Porque todos os males que nos afectam já vêm de longe, embora alguns gostem de afirmar que o único culpado se chama José Sócrates.

E, além disso, para quê 230 deputados, aos quais alguns chamam de parasitas ou mesmo de “chulos”?


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